sexta-feira, dezembro 17, 2021

Um post difícil de escrever


Hoje não tem foto, nem receita.

Quem lê o blog deve ter percebido que ultimamente eu não ando muito animada no geral, e menos ainda com a cozinha – na verdade, falta de ânimo, cansaço e tristeza são coisas que muita gente com quem converso tem sentido, especialmente se a pessoa mora no Brasil. Lidar com uma pandemia, ver gente imbecil dizendo que não vai tomar vacina porque “causa autismo” ou porque “tem GPS na vacina” (entre outros absurdos), testemunhar o desmonte quase que completo do nosso país em tão pouco tempo é revoltante, trágico, me causa raiva, um ódio tão profundo que eu nem sabia que poderia sentir.

A gente vai levando, tocando pra frente, às vezes sem saber direito pra onde, tudo fica meio mecânico, levanta da cama, trabalha, come, toma banho, vê TV. E todo dia é assim, e foram vários meses desta forma. E eu sempre pensava que, quando estivesse vacinada, voltaria a sair, pelo menos para algumas coisas, pelo menos para comer aos finais de semana. E de fato atualmente é isso, almoço fora de vez em quando, pizza à noite em uma sexta ou sábado. E, na minha cabeça, isso resolveria a minha falta de vontade de cozinhar, pois o ranço era culpa da pandemia e de cozinhar todo santo dia por mais de um ano.

Só que algo se quebrou pelo caminho e o meu plano não funcionou.

Curiosamente, durante os últimos 14 meses, fui trabalhando em um projeto de um livro, bem aos pouquinhos, quando dava, e o danado está praticamente pronto – ainda tenho que testar novamente algumas receitas para fotografar e reescrever alguns trechos, mas o grosso, como dizem, eu já fiz. E quando eu testava essas receitas, as fotografava e as escrevia, me sentia bem, uma sensação de dever cumprido, de prazer de fazer algo com tanto carinho. E esse “combustível” foi me alimentando por meses, mais de um ano, só que acabou.

Eu achava que era preguiça e/ou cansaço de cozinhar, e continuei fazendo almoço, pão, pizza. Mesmo sem vontade, afinal de contas temos que comer.

Até o dia em que eu fui para a cozinha para preparar o almoço e, ao começar a aquecer o azeite na panela para refogar a cebola, eu quis sumir dali. Durante todo o processo de fazer o arroz, refogar a abobrinha, preparar e temperar a salada, eu queria sair correndo. Os cheiros me enjoavam, meu apetite desapareceu: comi uma colherada de arroz e uma de salada, e me obrigando a comer, só pra não ficar com dor de cabeça de fome depois.

Não era cansaço, não era preguiça, não era falta de vontade: era repulsa.

Cozinhar por obrigação já foi parte da minha vida em vários outros momentos, na adolescência, antes de casar também, e eu fazia a comida mesmo sem querer fazer, mas sentir repulsa foi a primeira vez desde os meus 11 anos (tenho 43).

O processo todo me fez entrar em uma espécie de crise: como assim eu não quero mais cozinhar? Eu cozinho há mais de trinta anos! Eu não POSSO não gostar mais de cozinhar. Quem sou eu sem a cozinha? O que eu faço agora?

Não sei o que vai ser das refeições aqui em casa, não sei o que vai ser do blog - eu não sei. Não sei de nada. De absolutamente NADA.

Tô me sentindo perdida, triste, angustiada. A única coisa que se fato sei é que precisava tirar isso do meu coração – tá sendo difícil lidar.

O blog continuará aqui, eu jamais deletaria nada. Só não sei quando vem o próximo post, SE vem. Mas as receitas já publicadas permanecem aqui, para que vocês possam reproduzi-las em casa se tiverem vontade.

Obrigada pela companhia, por tanto tempo. xx

terça-feira, dezembro 07, 2021

Escondidinho vegetariano, ideias que não dão muito certo e contagem regressiva


Escondidinho vegetariano


Estava aqui pensando em voz alta nas ideias que nos frustram, ou que não são tudo aquilo que a gente achava que seriam.

Antes de eu começar a reclamar, peço que tenham paciência comigo, pois esse ano já está durando 39 meses e eu não vejo a hora de chegar a semana de recesso entre Natal e Ano Novo. :) Uma exaustão mental imensa – e eu achando que 2020 tinha sido difícil, hein? – uma constante sensação de achar tudo um saco, tudo chatíssimo, uma falta de energia tremenda, aquela vontade de deitar sob o edredom e ficar lá por dias.

Se você está de teto baixo como eu, talvez seja melhor ler outra coisa, porque é capaz de o meu post te deixar ainda mais deprê.

Meu humor e minha vontade de fazer coisas tem variado muito ultimamente (graças ao Universo pela terapia, senão estaria pior), muitas vezes as variações acontecem todas no mesmo dia, portanto há horas em que nem eu mesma me aguento, honestamente. Há dias em que quero fazer mil coisas, para dali a algumas horas tudo se esvair em uma nuvem de frustração. Há dias chochos e dias menos chochos, há momentos em que eu vou para a cozinha animada para fazer uma comidinha gostosa, até mesmo uma coisinha diferente, como um cookie ou uma sobremesa, e em outros eu quero juntar duas fatias de pão com maionese dentro e ficar muito em paz com o meu seriadinho no sofá.

Nossa, que injeção de ânimo esse post, hein?

Noite dessas eu vi o Rodrigo Oliveira fazendo escondidinho na TV, e eram duas versões: uma com carne seca e outra vegetariana, e em ambas ele usava purê de mandioca e finalizava com queijo de coalho ralado antes de levar ao forno – fiquei com água na boca. Eu tinha uns legumes no gavetão já meio esquecidos, e também uma batatona na bancada querendo murchar, resolvi juntar tudo e fazer um escondidinho vegetariano inspirado no do Rodrigo. Refoguei cebola e alho, juntei tomate, abobrinha e berinjela e deixar cozinhar um pouco. Transferi para um refratário, cobri com purê de batata e mozarela e levei ao forno.

Entra aquele meme “expectativa vs. realidade”. :D

Não é que ficou ruim: não tem muito como ficar ruim um monte de legumes juntos, né? Mas alguma coisa ali não me deixou tão feliz. Não achei que o purê combinou com os legumes refogados, não gostei de tudo ter mais ou menos a mesma textura – achei chocho. Chocho como alguns dos dias por aqui. Enquanto comia, agradeci demais ao meu feeling de não fazer como o Rodrigo e entupir o refratário de purê por tudo quanto era lado: apenas fiz uma camada fina por cima. Na teoria a receita me parecia ótima, mas na prática não achei tudo aquilo: melhor teria sido servir o purê separado dos legumes, cada um do seu lado do prato, ou então feito uma camadinha só de queijo sobre os legumes e levado ao forno, sem o purê. Não sei.  

De qualquer forma, quis dividir com vocês esse meu momento meio frustrado na cozinha, porque acontece com todo mundo, mesmo com alguém que brinca com as panelas desde os onze anos de idade. E também dizer que se você anda se sentindo sem ânimo, sem saco, sem energia, com vontade de acampar sob as cobertas, eu tô aqui do mesmo jeito e te mando o meu carinho. xx

sexta-feira, novembro 26, 2021

Brownies com chocolates amargo e branco e cranberries, costas travadas e um post do Instagram que me fez pensar


Brownies com chocolate amargo e branco e cranberries


Dias atrás travei as costas e o pescoço do lado esquerdo e mal conseguia me mexer: era tanta dor que as lágrimas escorriam, mesmo eu não querendo chorar. Não conseguia ficar sentada de jeito nenhum, quando deitava e encontrava uma posição mais agradável virava uma estátua – a estátua do Quasímodo.

Por isso, fiquei off das redes sociais por uns 4 dias, mais ou menos, e confesso que não senti falta – achei que sentiria, mas não. Engraçado, né? O Instagram e o Twitter foram companheiros muito próximos durante toda a pandemia e o período de isolamento, e cheguei até mesmo a fazer algumas lives, mas hoje não me vejo assim tão dependente das redes sociais, sabe-se lá até quando.

Tem hora que o Instagram enche o saco, mas também tem hora que aparece um post que chama a atenção, faz a gente pensar. Sigo uma mulher maravilhosa chamada Larissa Guerra e ela escreveu tempos atrás sobre uma viagem à praia e sobre a aceitação do seu próprio corpo, contando que por muito tempo se privou de fazer coisas prazerosas por causa de neuras sobre sua aparência. Ao ler as palavras da Lari, mil sinos começaram a tocar na minha cabeça, e se você é mulher certamente na sua também. Quantas vezes deixamos de fazer o que gostamos por conta de cobranças com nosso corpo, com o peso? Quantas vezes deixamos de usar biquini por causa da barriga, ou shorts por causa das celulites nas pernas? Desde muito jovens somos expostas a esse tipo de cobrança, essa exigência de ter um corpo “perfeito” de acordo com o padrão estabelecido. Nossos corpos são inadequados, logo a gente tenta se enfiar dentro do quadradinho para sermos aceitas, para sermos amadas. E isso tudo eu digo sendo mulher cis e branca, porque para outras minorias a situação é muito pior: mulheres negras, mulheres trans... Nem posso imaginar pelo que elas passam.

Fiquei pensando nisso outro dia, quando comentei com uma colega que não fazia mais receitas doces, pois somos só dois e o João não é muito de doces – assim que terminei a frase, pensei em como eu estava reproduzindo o discurso que quero tanto destruir. É claro que eu não vou viver à base de sobremesas, porque não é essa a ideia: quero sim, comer meus vegetais, legumes e frutas, meu feijão com arroz. Mas também quero comer minha pizza com uma taça de vinho sem ficar pensando “ai meu deos, a calça jeans vai ficar apertada”. Quero sim, fazer um docinho quando der vontade, sem ficar calculando milimetricamente quantos pedaços o João vai comer e quantos eu vou comer. Quero fazer um brownie, e se não puder dividir com o pessoal do escritório, como fazia antigamente, não tem problema.

A receita que trago hoje é bem antiga, foram brownies que fiz e levei para o escritório uma semana antes do lockdown no ano passado: é uma variação desta receita aqui, que é ótima e rende super bem: eu não tinha gostado muito da foto e acabei não publicando à época. Este brownie foi preparado com o pessoal do trabalho em mente, todos eles adoraram e fiquei bem feliz com isso. Entretanto, da próxima vez que der vontade de comer uma sobremesa gostosa, um brownie ou uns cookies, não vou espera voltar ao escritório: faço meia receita, ¼ de receita, mas faço – sem achar que o meu valor está na minha aparência ou no tamanho do meu jeans. 

Ah, aproveitando: a Larissa também tem um podcast excelente chamado “Donas da P* Toda” – vale muito a pena ouvir.

 

Brownies com chocolates amargo e branco e cranberries

adaptados destes brownies

 

- xícara medidora de 240ml

 

150g de chocolate meio amargo, picadinho ou em gotas – usei um com 53% de cacau

¾ xícara (170g) de manteiga sem sal, temperatura ambiente e picada

1 ½ xícaras (300g) de açúcar cristal ou refinado

3 ovos grandes, temperatura ambiente

2 colheres (chá) de extrato de baunilha

½ xícara (70g) de farinha de trigo

¾ xícara (75g) de farinha de castanha de caju – pode ser trocada por farinha de outras oleaginosas; o sabor não influencia muito, a farinha de oleaginosas serve para deixar os brownies bem úmidos

1 colher (sopa) de cacau em pó, sem adição de açúcar, peneirado – meça, depois peneire

¼ colher (chá) de canela em pó

½ colher (chá) de sal

100g de chocolate amargo (70% de cacau) picado ou em gotas

70g de chocolate branco, picado ou em gotas

½ xícara (70g) de cranberries secas, picadas se forem graúdas

 

Preaqueça o forno a 180°C. Unte levemente com manteiga uma forma de metal retangular de 20x30cm, forre-a com papel alumínio deixando sobras em dois lados opostos e unte o papel também.

Em uma tigela refratária grande, junte o chocolate meio amargo (150g) e a manteiga e leve ao banho-maria (em fogo baixo, sem deixar o fundo da tigela tocar a água) até que os ingredientes derretam. Retire do fogo e deixe esfriar. Acrescente o açúcar e misture com um batedor de arame. Junte os ovos, um a um, e misture bem com o batedor. Junte a baunilha.

Adicione a farinha de trigo, a farinha de castanha de caju, o cacau, a canela e o sal e incorpore-os usando uma espátula de silicone, misturando até obter uma massa homogênea. Incorpore o chocolate amargo, o chocolate branco e as cranberries. Espalhe na forma preparada e alise a superfície. Asse por 25-30 minutos ou até que um palito inserido no centro do brownie saia com migalhas úmidas. Deixe esfriar completamente na forma sobre uma gradinha.

Corte em quadradinhos para servir.


Rend.: 24 unidades

quinta-feira, novembro 11, 2021

Barquinhas de abobrinha e 3 queijos para um meio-termo


Barquinhas de abobrinha e 3 queijos


“Você adora fazer barquinhas, não?” – João comentou quando me viu fazendo a foto da receita de hoje, pouco antes de a devorarmos no almoço. Eu adoro fazer barquinhas, sim, legumes recheados são deliciosos – mesmo quando o formato é outro! – e posso usar diferentes ingredientes nos recheios, criando sabores diferentes, e também usando aquelas sobrinhas rolando na geladeira. Aquele restinho de refogado do dia anterior, o cotoco de queijo no fundo da geladeira, os tomates que já estão passando do ponto: tudo pode virar um almoço bem gostoso, dentro de uma barquinha de abobrinha ou berinjela, por exemplo.

Para facilitar ainda mais a minha vida, quando faço barquinhas eu as sirvo com arroz e pronto – no máximo um salada de folhas verdes, mas só se tiver mesmo. Sem muita firula, apenas a vontade de comer algo gostoso que fique pronto rapidamente e não suje muita louça – e além de tudo eu posso fazer outras coisas enquanto as barquinhas estão no forno.

Tem dia que dá vontade de fazer torta, sopa, bolo e cookie, e tem dia que eu só quero mesmo é comer um pão com queijo – na metade desse caminho de altos e baixos, estão as barquinhas: quando as preparo, sei que ainda não desisti :)

 

Barquinhas de abobrinha e 3 queijos

receita minha

 

- xícara medidora de 240ml

 

2 abobrinhas pequenas (cerca de 250g cada)

1 colher (sopa) de azeite de oliva

2 dentes de alho grande, bem picadinhos

1 tomate grande bem maduro, sem as sementes e em cubinhos

sal e pimenta do reino moída na hora

6 ramos de tomilho fresco, só as folhinhas

raspas da casca de 1 limão taiti

2/3 xícara de ricota, esmigalhada com o garfo se estiver muito firme

3 colheres (sopa) de gorgonzola, esmigalhado ou ralado grosseiramente

1 colher (sopa) de folhas de salsinha picadinhas – pique, depois meça

4 colheres (sopa) de parmesão ralado fininho

 

Preaqueça o forno a 200°C. Forre uma assadeira grande e rasa com papel alumínio.

Com cuidado, usando uma colher, remova a polpa das abobrinhas, formando as barquinhas – não cave demais, para que não fiquem muito frágeis. Pique bem a polpa e reserve. Pincele a parte de dentro das barquinhas com o azeite, salpique com sal e pimenta do reino e arrume na forma preparada, com o lado cortado virado para cima. Asse por 20 minutos.

Enquanto isso, faça o recheio: aqueça o azeite em uma frigideira antiaderente grande em fogo médio-alto. Junte o alho e refogue por 1 minuto apenas – não deixe queimar, para não amargar. Junte o tomate, tempere com um pouquinho de sal e pimenta, e refogue, apertando com as costas da colher de pau para que o tomate comece desmanchar.

Acrescente a polpa de abobrinha e o tomilho e misture bem. Tempere com sal e pimenta do reino, junte as raspas de limão (cuidado com o sal, porque o gorgonzola já é salgadinho) e refogue, mexendo algumas vezes, por 3-4 minutos. Desligue o fogo e deixe esfriar por alguns minutos. Junte a ricota, gorgonzola e a salsinha e misture bem.

Retire as abobrinhas do forno e, com cuidado para não se queimar, acomode o recheio dentro das barquinhas (deixe o forno ligado). Salpique com o parmesão e volte ao forno por mais 20 minutos. Sirva em seguida.

Rend.: 2 porções como prato único, ou 4 servidas com acompanhamentos

sexta-feira, novembro 05, 2021

Bolo de nada com sementes de papoula e menos manteiga e açúcar, por favor


Bolo de nada com sementes de papoula


Estava vendo um programa da Nigella da série do último livro dela, “Cook, Eat, Repeat”, e percebi que não sou mais a mesma: ela preparava o que seria a cobertura e o recheio de um bolo de camadas usando 300g de manteiga, 400g de manteiga de amendoim e 600g de açúcar de confeiteiro – senti um calafrio e pensei comigo: “taí uma receita que eu provavelmente jamais farei”.


Eu gosto de doces, não é segredo nenhum (uma olhadinha rápida pelos arquivos do blog prova isso), mas de uns anos pra cá tenho fugido de receitas que levam muita gordura ou muito açúcar. Outro dia vi uma receita de brownies que pareciam deliciosos na foto, mas quando vi que levavam mais de 400g de açúcar mascavo e quase 300g de manteiga para uma forminha quadrada fechei o navegador na hora – achei exagerado demais.


Dá perfeitamente para fazer brownies com menos açúcar e gordura, e bolos também: além do bolo do Epicurious que eu já postei aqui no blog de tudo quanto foi sabor (até perdi a contas de quantas versões foram), fiz também este que trago hoje, outro bolo de nada, que precisa de menos de 1 tablete de manteiga – dá pra usar o restinho para fazer o jantar.


Eu aromatizei o bolo com Frangelico, pois funcionou muito bem da outra vez, mas fique à vontade para usar outra bebida como se fosse um extrato, ou perfumar só com baunilha mesmo. As sementes de papoula comprei nesta loja online.

 

Bolo de nada com sementes de papoula

receita minha

 

- xícara medidora de 240ml

 

1/3 xícara (80ml) de leite integral, temperatura ambiente

1 colher (sopa) de suco de limão ou vinagre

1 xícara + 1 colher (sopa) – 150g – de farinha de trigo

2 colheres (sopa) de amido de milho

¾ colher (chá) de fermento em pó

¼ colher (chá) de sal

1 colher (sopa) de sementes de papoula

¾ xícara (170g) de manteiga, temperatura ambiente

¾ xícara (150g) de açúcar cristal ou refinado

3 ovos grandes, temperatura ambiente

1 colher (chá) de extrato de baunilha

2 colheres (chá) de Frangelico – opcional, funciona como um extrato de avelã

açúcar de confeiteiro, para polvilhar

 

Preaqueça o forno a 180°C. Pincele levemente com óleo ou manteiga uma forma de bolo inglês com capacidade para 5 xícaras de massa (1,2 litro), forre com papel manteiga deixando sobras nos dois lados mais longos, formando “alças” que vão lhe ajudar a remover o bolo depois de assado. Pincele o papel com óleo ou manteiga também.


Em uma tigelinha ou xícara, misture o leite e o suco de limão ou vinagre – aguarde alguns minutos até talhar, assim você terá buttermilk caseiro.


Em uma tigela média, misture com um batedor de arame a farinha, o amido de milho, o fermento, o sal e as sementes de papoula. Reserve.


Na tigela da batedeira, junte a manteiga e o açúcar cristal (ou refinado) e bata até obter um creme claro e fofo – raspe as laterais da tigela algumas vezes durante todo o preparo da receita. Acrescente os ovos, um a um, batendo bem a cada adição. Junte a baunilha e o Frangelico (se for usar) e misture bem.

Em velocidade baixa, acrescente os ingredientes secos em três adições, alternando com o buttermilk em duas adições (comece e termine com os ingredientes secos) e bata somente até incorporar – não misture demais. Despeje a massa na forma preparada e alise a superfície.


Asse por 50-55 minutos ou até que o bolo cresça e doure (faça o teste do palito). Deixe esfriar na forma sobre uma gradinha por 15 minutos, e então remova com cuidado da forma, usando o papel como guia. Transfira para a gradinha e deixe esfriar completamente.


O bolo pode ser guardado em um recipiente hermético em temperatura ambiente por até 4 dias.

 

Rend.: 8 porções

sexta-feira, outubro 22, 2021

Socca com recheio de abobrinha e feta e a minha pesquisa no Instagram


Socca com recheio de abobrinha e feta


Dias atrás fiz uma pesquisa no Instagram para saber o que desanima as pessoas quando elas decidem preparar uma receita nova: recebi uma infinidade de respostas, mas notei que as opções abaixo foram as que mais apareceram:

- ingredientes difíceis de encontrar e/ou caros;

- utensílios específicos para determinadas receitas

- receitas que pedem batedeira ou liquidificador

- ingredientes que serão usados naquela receita apenas

- receitas com etapas de descanso

- receitas que sujam muita louça

- receitas com medidas imprecisas

Ah, houve também gente que reclamasse de receita que leva buttermilk, o que eu sinceramente não entendo, já que buttermilk caseiro é apenas leite com suco de limão ou vinagre – facílimo de fazer e com ingredientes que todo mundo tem em casa.

Devo dizer que concordo com quase tudo na lista, entretanto levando em conta que o Brasil é um país continental ingredientes difíceis de encontrar é algo um pouco vago: há coisas que são difíceis de encontrar em uma região e mais fáceis em outras. Eu não vejo problema em usar batedeira, aliás, acho que facilita demais a vida da gente, mas confesso que morro de preguiça de usar liquidificador – inclusive, com exceção do bolo de cenoura, bolos feitos no liquidificador não me agradam, não gosto da textura. Houve gente que reclamou de medidas em gramas, o que eu achei um tanto bizarro, já que medir os ingredientes de maneira precisa é o primeiro passo para ter sucesso ao reproduzirmos uma receita. E sobre as etapas de descanso... Bem, concordo que nem sempre temos tempo e/ou paciência para esperar, mas sendo assim fica impossível fazer pão ou pizza, por exemplo.

Também li um comentário sobre tipos de farinhas diferentes e por isso trago a receita de hoje:  já tive essa fase de querer fazer um milhão de receitas com ingredientes de todo o tipo, e há diversas receitas assim no blog que provam isso. Entretanto, isso faz parte do passado, e hoje em dia só compro mesmo ingredientes que sei que usarei até o fim e logo. As panquequinhas de hoje são da época em que eu provava tudo de diferente que aparecia na minha frente, e guardei a receita por tanto tempo... Mas gosto dela, é saborosa, e pode ser útil para quem não pode consumir glúten.

Socca, também chamada de "farinata" (mas não a do Doria, pelo amor de deus!) é um tipo de panqueca fininha feita de farinha de grão-de-bico comum na Itália e em alguns lugares da França. A minha versão é recheada com abobrinha e feta, mas já usei esse recheio delicioso em panquecas tradicionais, também trocando o feta por mozarela, como o recheio desta receita.

 

Socca com recheio de abobrinha e feta

receita minha, inspirada por várias que vi na internet

 

- xícara medidora de 240ml

 

Socca:

2 xícaras (260g) de farinha de grão de bico

1 colher (chá) de sal

2 xícaras (480ml) de água

2 colheres (sopa) de azeite de oliva extra-virgem

óleo de canola, para pincelar a frigideira

 

Recheio:

1 colher (sopa) de azeite

1 cebola pequena picadinha

2 dentes de alho grandes picadinhos

2 abobrinhas (400g) em cubinhos

sal e pimenta do reino moída na hora

½ xícara (120ml) de água quente

100g de feta ralado ou esmigalhado

 

Comece pela socca: junte todos os ingredientes em uma tigela grande e misture com um batedor de arame. Passe por uma peneira, cubra e deixe descansar em temperatura ambiente por 1 hora.

Aqueça uma frigideira antiaderente de 24cm em fogo médio-alto e pincele com um pouquinho de óleo. Despeje ¼ xícara (60ml) de massa na frigideira e vá girando até cobrir todo o fundo. Cozinhe por 2-3 minutos, vire e faça o mesmo do outro lado, até dourar. Repita a operação com o restante da massa – você deverá obter 8 panquecas.

Faça o recheio: em uma panela média, aqueça o azeite em fogo médio-alto. Junte a cebola e refogue até ficar transparente. Acrescente o alho e refogue até perfumar (não deixe queimar). Junte a abobrinha, tempere com sal e pimenta e doure por 2 minutos. Acrescente a água, abaixe para fogo médio e cozinhe até a água secar e a abobrinha ficar macia, cerca de 8 minutos. Desligue o fogo, junte o feta e misture.

Recheie as panquecas com a mistura de abobrinha, enrole ou dobre ao meio e sirva.

Rend.: 4 porções

 

quinta-feira, setembro 02, 2021

Bolo-pudim de ameixa e mirtilo, inspirações e um filme

Bolo-pudim de ameixa e mirtilo


Outro dia pensava em como às vezes procuro inspiração em tantos lugares, sendo que um deles, os filmes, que sempre me inspiraram, eu andava deixando de lado, por pura impaciência e uma constante sensação de saco cheio. Saco cheio de tudo, e saco cheio de nada específico ao mesmo tempo.

Os meus filmes tão amados, que me acompanham desde a minha solitária adolescência e que me ajudaram a batizar o blog de Technicolor Kitchen, nem eles andavam me animando mais.

Um domingo decidi que iria ver um filme, qualquer um que fosse, por mais tolo que fosse. Tá, tolo também não, não vamos forçar. :) Fui ao Mubi e lá encontrei “Asas do Desejo”, que havia mais de uma década que queria ver e não encontrava em lugar nenhum. Fiquei completamente arrebatada pelo filme, pelo olhar sereno de Bruno Ganz, pelas imagens de Berlim, pelos anjos debruçados sobre pessoas em uma biblioteca. Tudo é tão bonito, tão etéreo, e ao mesmo tempo melancólico – só de lembrar fico com os olhos marejados. Não é sempre que um filme me deixa assim emocionada e pensativa por tanto tempo, e quando isso acontece só posso agradecer.

Terminei o filme, fui tomar um banho e, pensando no tinha visto, comecei a cantarolar “Stay”, do U2, no chuveiro, sem perceber. Ao final de “Asas do Desejo” eu já queria ver a continuação, “Tão Longe, Tão Perto”, e meu cérebro juntou tudo e me trouxe à memória uma canção que eu não ouvia havia outra década, mas ainda me lembrava da letra o suficiente para cantar um bom trecho.

Essas conexões feitas em nossas mentes me fascinam, me alegram, me inspiram. Foi assim que, olhando para uma ameixa dando sopa na geladeira, decidi preparar uma receita com ela, mas algo diferente, novo, mas não sabia exatamente o que. Sem perceber, me veio à cabeça uma receita que eu já tinha visto em alguns livros e revistas diferentes, chamada “Eve’s pudding”, pudim da Eva, em que pedaços de maçã são cobertos por uma massinha de bolo e levados ao forno: nunca havia provado, mas não tinha como aquilo não ser incrível. :)

Adaptei diferentes receitas, usei ameixas no lugar das maçãs e como elas não eram suficientes para encher os potinhos, completei com mirtilos que estavam no freezer – se quiser, faça só com ameixas, e tenho certeza de que completar as ameixas com morangos ficaria bom demais – aliás, só o que posso dizer a vocês é façam esta receita, pois é absurdamente deliciosa.

 

Bolo-pudim de ameixa e mirtilo

adaptado de algumas receitas de Eve’s pudding

 

- xícara medidora de 240ml

 

1 ameixa grande (cerca de 130g), sem o caroço e em cubinhos de 1cm

¼ xícara (35g) de mirtilos congelados – usar sem descongelar

1/3 xícara (46g) de farinha de trigo

1 colher (sopa) de farinha de trigo integral

1/8 colher (chá) de canela em pó

¼ colher (chá) de fermento em pó

1 pitada de sal

¼ xícara (56g) der manteiga sem sal, amolecida

¼ xícara (50g) de açúcar cristal ou refinado

1 ovo grande, temperatura ambiente

¼ colher (chá) de extrato de baunilha

 

Preaqueça o forno a 180°C. Separe dois potinhos refratários com capacidade para 200ml cada e divida as ameixas e os mirtilos entre os dois potinhos.

Em uma tigela pequena, misture com um batedor de arame as farinhas, a canela, o fermento e o sal. Reserve.

Em uma tigela média, junte a manteiga e o açúcar e bata até obter um creme claro – bati na mão mesmo, preguiça de sujar a batedeira com tão pouca massa. Junte o ovo e bata bem. Acrescente a baunilha e misture. Junte os ingredientes secos reservados e misture delicadamente com uma espátula de silicone até obter uma massa lisa.

Espalhe a massa sobre as frutas e alise a superfície, cobrindo bem. Leve ao forno por cerca de 20 minutos ou até a massa dourar bem e as frutas borbulharem.

Sirva puro, com sorvete, chantilly ou creme de leite.

Rend.: 2 porções 

quarta-feira, agosto 25, 2021

Waffles de limão e sementes de papoula e lembranças boas de viagens

English version

Waffles de limão e sementes de papoula


Em tempos de pandemia, em que viajar se tornou algo complicado (pelo menos para quem segue o distanciamento social), de vez em quando dou uma espiada nas minhas fotos de viagens passadas, geralmente às quintas-feiras, dia de #tbt nas redes sociais. Em um primeiro momento pensei “que sofrimento, pra que ficar olhando foto de viagem e passando vontade?”, mas logo em seguida percebi o tamanho do meu privilégio, de ter conseguido conhecer lugares incríveis antes disso se tornar mais difícil -  mesmo com a vacina o nosso dinheiro se tornou tão desvalorizado que viajar para fora do país voltou a ser algo para poucos, como era no passado.

Olho para as fotos, passo vontade, sim, mas também me sinto feliz por ter vivido momentos tão gostosos. Penso nos lugares incríveis que visitei, nos museus maravilhosos e lindos parques, nos restaurantes e nas comidas deliciosas que provei. Dá saudade, mas também dá alegria.

Procurando as fotos de viagem, encontrei um pastinha com fotos de receitas que fiz para o blog e que, por alguma razão específica, não publiquei: não gostei da foto, ou a receita não ficou exatamente como que eu queria, ou por causa de algum ingrediente, como no caso destes waffles.

Fiz esta receita há bastante tempo, com sementes de papoula que havia trazido de viagem, e não quis postar porque não estava conseguindo encontrar o ingrediente por aqui, e muita gente sempre me pergunta onde eu compro as sementinhas. Já encontrei, no passado, no Pão de Açúcar, e também na Bombay Temperos, mas faz muito tempo que está indisponível no site deles.

Há algumas semanas alguém que sigo no Instagram indicou a Cípria Ervas & Especiarias (pena eu não lembrar quem foi para dar os devidos créditos) dizendo que eles tinham sementes de papoula, e fui correndo comprar. Aproveitei e coloquei também no carrinho a manjerona seca deles, que ficou deliciosa salpicada sobre a pizza (não é publi, viu, gente?)

Os waffles ficam deliciosos, com um perfume incrível de limão e a crocância extra das sementinhas, mas é claro que você pode fazer sem elas – eu já fiz várias vezes, quando meu estoque acabou, e ficam ótimos do mesmo jeito. Gosto de servir com mel ou só uma chuvinha de açúcar de confeiteiro, para aqueles dias em que a gente precisa de um café da manhã ou lanchinho da tarde mais especial.

  

Waffles de limão e sementes de papoula

receita minha, adaptada desta aqui

 

- xícara medidora de 240ml

 

2 colheres (sopa) de açúcar cristal

raspas da casca de 2 limões taiti grandes

1 ¼ xícaras (175g) de farinha de trigo

2 colheres (chá) de fermento em pó

1 pitada de sal

1 colher (sopa) de sementes de papoula

1 ovo grande

¼ xícara (60ml) de azeite de oliva extra virgem

¾ xícara (180ml) de leite integral, temperatura ambiente

2 colheres (chá) de suco de limão taiti

½ colher (chá) de extrato de baunilha

 

Em uma tigela média, misture o açúcar e as raspas de limão e esfregue-os juntos com as pontas dos dedos até aromatizar o açúcar. Junte a farinha, o fermento, o sal e as sementes de papoula e misture com um batedor de arame. Reserve.

Em uma tigela pequena, misture com um batedor de arame o ovo, o azeite, o leite, a baunilha e o suco de limão. Verta os líquidos sobre os ingredientes secos e misture com uma espátula de silicone somente até incorporar – não misture demais.

Preaqueça a máquina de waffle. Cozinhe porções de massa por vez, até que cada waffle doure - siga as instruções do fabricante. Sirva com mel, melado ou com o que preferir.

Rend.: 5-6 waffles

quarta-feira, agosto 18, 2021

Bolo de iogurte, geleia de framboesa e amêndoa e mais um monte de coisas

Bolo de iogurte, geleia de framboesa e amêndoa

Depois do post escrito na força do ódio da semana passada, quero hoje escrever sobre pequenas alegrias e prazeres, e alguns deles podem até parecer tolos, mas que tem me ajudado a não ficar desgraçada da cabeça vivendo uma pandemia descontrolada em um país desgovernado e a um passo de um golpe.

Percebam que eu tentei fazer um post mais alegrinho, né? Mas sendo brasileira o máximo que a gente consegue são algumas palavras de amor antes de ficar revoltada tudo de novo.

Tempos atrás comprei uns moletons pela internet, torcendo muito para que servissem quando chegassem – não tenho o hábito de comprar roupas online porque acertar o tamanho sem provar é um desafio para mim. Os moletons serviram e nestes dias gelados em São Paulo tem sido meus melhores amigos no home office.

Comprei alguns chás de sabores diferentes e eles tem alegrado as minhas tardes – sempre tomei bastante chá, mesmo no calor (daí tomo frio), mas provar coisas diferentes acaba sendo um agrado especial em tempos de distanciamento social e vários dias em casa.

Fiz o curso “Escrever Sem Medo” da minha musa linguística, a maravilhosa Jana Viscardi, e também o curso de escrita criativa da Aline Valek (outra maravilhosa) no site da Domestika, e foram tão bons! Uma oxigenação no meu cérebro cansado da mesma rotina – a vontade de escrever voltou, o que me dá muita alegria. Meus caderninhos vão se enchendo, documentos no Word vão pipocando aqui e ali... Criatividade me movendo em dias que nem sempre dá vontade de seguir o roteiro levantar da cama, trabalhar, almoçar, malhar, tomar banho, dormir, pra começar tudo de novo no dia seguinte.

E falando em criar, bolei outra versão do agora querido também por vocês do bolo de iogurte do Epicurious: a inspiração de juntar amêndoa e framboesa veio da combinação de sabores clássica da Bakewell slice, receita que publiquei aqui há dez anos. O bolo ficou super gostoso, e achei que fotogênico também – vocês não acham? :)

 

Bolo de iogurte, geleia de framboesa e amêndoa

adaptado, novamente, do bolo de iogurte do Epicurious

 

- xícara medidora de 240ml

 

1 ½ xícaras (210g) de farinha de trigo

2 colheres (chá) de fermento em pó

¼ colher (chá) de canela em pó

¼ colher (chá) de sal

¾ xícara + 2 colheres (sopa) - 175g - de açúcar, cristal ou refinado

¾ xícara (180g) de iogurte natural integral – 1 potinho de 170g também funciona

½ xícara (120ml) de óleo vegetal – usei de canola

2 ovos grandes, temperatura ambiente

½ colher (chá) extrato de baunilha

2 colheres (chá) de Amaretto (opcional – intensifica o sabor de amêndoa)

4 colheres (sopa) de geleia de framboesa

3 colheres (sopa) de amêndoas em lâminas

 

Preaqueça o forno a 180°C. Pincele levemente com óleo uma forma de bolo inglês com capacidade para 6 xícaras de massa (1 litro e meio), forre com papel manteiga deixando sobras nos dois lados mais longos, formando “alças” que vão lhe ajudar a remover o bolo depois de assado. Pincele o papel com óleo também.

Em uma tigela média, peneire a farinha, o fermento, a canela e o sal. Reserve.

Em uma tigela grande, junte o açúcar, o iogurte, o óleo, os ovos, a baunilha e o Amaretto e misture usando um batedor de arame, até obter uma massa homogênea. Com uma espátula de silicone, incorpore os ingredientes secos – se a massa ficar muito engrumada, misture levemente com o batedor de arame, mas não bata demais para não desenvolver o glúten da farinha. Despeje a massa na forma preparada e alise a superfície.

Espalhe as colheradas de geleia sobre o bolo, com jeitinho para que não afundem demais, e então espalhe por toda a superfície da massa. Salpique as amêndoas sobre a geleia, e não se esqueça dos cantinhos.

Asse por 50-55 minutos ou até que o bolo cresça e doure (faça o teste do palito). Deixe esfriar na forma sobre uma gradinha por 15 minutos, e então remova com cuidado da forma, usando o papel como guia. Transfira para a gradinha e deixe esfriar completamente.

O bolo pode ser guardado em um recipiente hermético por até 4 dias – aqui em casa, como estava frio, 4 dias depois o bolo ainda continuava em perfeitas condições; se estiver muito quente onde você mora, guarde na geladeira depois de 1-2 dias para que não embolore. 

Rend.: 8 porções

 

quarta-feira, agosto 11, 2021

Ameixas assadas e mais uma reclamação

Ameixas assadas


Hoje volto aqui pra reclamar, mas desta vez não será do frio, prometo. :)

Ando vendo uns vídeos pelo Instagram que estão me deixando cabreira: pessoas fazendo dancinhas sobre como “era para ser apenas quinze dias”, e então elas começam a apontar para vários lados, e as caixinhas de texto aparecem com as diversas realizações que obtiveram durante a pandemia.

Seguro a vontade de jogar o celular na parede, afinal de contas quem vai ter que pagar por outro sou eu.

Entendo que a pandemia tem impacto diferente para cada um de nós, eu todos os dias agradeço ao Universo por não ter perdido ninguém que amo para esta doença maldita, mas daí a fazer vídeo com dancinha comemorando, enquanto são quase 600 mil mortos e não há vacina para todos... Realmente não entra na minha cabeça.

Não sei se o problema sou seu, mas algumas pessoas me parecem vazias demais e essa casca oca ficou mais evidente desde que a pandemia começou.

Como estou azeda hoje (de novo!) e não tinha nenhuma receita docinha para dividir com vocês, trago as ameixas assadas que faço de vez em quando, divinas para comer com iogurte, sorvete de baunilha ou para deixar o arroz doce ainda mais especial (eu e o arroz doce, vocês sabem...). :)

Corto as ameixas ao meio, retiro os caroços, transfiro as frutas para um refratário raso e polvilho com um pouco de açúcar (provo as ameixas antes de assar e ajusto a quantidade de açúcar dependendo do quanto as frutas estão maduras e doces). Uma ou duas rama de canela – se gostar, pode colocar um anis estrelado também – e uns 20-30 minutos de forno, dependendo do tamanho das frutas, virando na metade do tempo. 

Depois de esfriar, você pode guardar na geladeira, em um recipiente hermético bem fechado, por até uma semana, mas eu gosto mesmo é de comer enquanto ainda estão pelando, saindo do forno. 

quinta-feira, agosto 05, 2021

Bolo-pudim de maracujá e coco para adoçar a minha reclamação constante

Bolo-pudim de maracujá e coco


Começo o post já pedindo desculpas, mas vou novamente reclamar do frio – ando me sentindo tão travada, o corpo, as costas, deixei de me exercitar diariamente porque não aguento lavar o cabelo depois (a dor de cabeça ferrenha vem com tudo, obrigada, sinusite), o pés gelados o dia todo, não importa quantas meias eu consiga fazer caber umas sobre as outras, as mãos trincando, os dedos dormentes batendo nas teclas do computador.

Desculpem, desculpem, desculpem: tô de mau humor, acho que já deu pra perceber. O frio excessivo me deixa chata.

Hoje mais cedo enviei uma newsletter com receitas de sopa (não assina a minha cartinha ainda? Clica aqui!) e tô dando graças ao Universo por ter uma porção de sopa de legumes na geladeira: vou aquecer e colocar macarrãozinho miúdo, jantar já no jeito.

Mas nem só de sopas a gente vive, né? Vez em quando, um docinho vai tão bem... Se for quentinho, então, é perfeito – como o bolo-pudim de maracujá e coco que trago hoje. Fiz apenas meia receita, pois dois potinhos são mais do que suficientes aqui em casa (eu comi um e meio sozinha em um dia de teto-baixo, confesso), mas posto abaixo a receita toda, que rende 4 potinhos.

 

Bolo-pudim de maracujá e coco

adaptados de uma receita do Waitrose – se você entende inglês, o site é uma ótima fonte de receitas


- xícara medidora de 240ml

 

¼ xícara (35g) de farinha de trigo

¼ colher (chá) de fermento em pó

¼ xícara (25g) de coco ralado seco, sem adição de açúcar

1 pitada de sal

2 ovos grandes, temperatura ambiente, claras e gemas separadas

¼ xícara (56g) de manteiga sem sal, amolecida

¼ xícara + 2 colheres (sopa) - 75g - de açúcar cristal ou refinado

200ml de leite integral, temperatura ambiente

½ xícara (120ml) de polpa de maracujá passada pela peneira

 

Preaqueça o forno a 180°C e pincele levemente com manteiga 4 potinhos refratários com capacidade para 1 xícara (240ml) cada. Coloque uma leiteira ou panela com água para ferver – vamos usá-la para fazer um banho-maria.

Em uma tigelinha, misture bem com um batedor de arame a farinha, o fermento, o coco e o sal. Reserve.

Bata as claras na batedeira em velocidade alta até que fiquem em neve, com picos firmes. Reserve.

Em outra tigela (ou na mesma das claras, se você preferir transferi-las para outra tigela, como eu fiz), bata a manteiga e o açúcar até obter um creme claro – raspe as laterais da tigela algumas vezes durante todo o preparo da receita. Junte as gemas, uma a uma, batendo bem a cada adição. Com a batedeira em velocidade baixa, adicione os ingredientes secos em três adições, alternando com o leite, em duas adições, e misture apenas até uma massa se formar. Adicione a polpa de maracujá e misture em velocidade baixa até incorporar. Desligue a batedeira e junte 1/3 das claras à massa e misture bem. Em seguida, junte o restante das claras e desta vez misture delicadamente, de baixo para cima, para que a massa fique bem leve e aerada.

Divida a massa igualmente entre os potinhos preparado e alise a superfície. Transfira os potinhos para uma assadeira funda e despeje água na assadeira até que ela chegue à metade da altura dos potinhos. Leve ao forno por cerca de 15 minutos ou até que o topo esteja firme, como um bolo (a calda estará por baixo). Sirva imediatamente.

Rend.: 4 porções

terça-feira, julho 20, 2021

Brownies triplos com farinha integral e o cansaço estampado na cara

Brownies triplos com farinha integral


Tenho me sentido muito cansada de algumas semanas para cá, e a exaustão está estampada em meu rosto – levanto da cama, me olho no espelho e penso: “hoje não vai ter maquiagem que dê jeito nestes olhos fundos”.

Viver no Brasil atualmente drena as minhas energias, me deixa deprimida, rouba o meu sono no meio da madrugada. Há vezes em que custo acreditar que chegamos a este ponto, me pergunto que fundo de poço é esse que tem alçapão, gente? Como é possível termos esta fama de povo acolhedor e simpático pelo mundo, sendo que muitos (muitos) de nós são esses seres podres por dentro, cheios de preconceitos e desprezo pela vida alheia – o perfeito reflexo daquela desgraça que ocupa o Palácio do Planalto.

Desculpem-me pelo texto amargo – sinto uma raiva e uma revolta tão grandes, sentimentos ruins que até pouco tempo da minha vida eu não sabia que pudessem ser tão fortes e tão destruidores. Sinto tristeza por ter tanto ódio dentro de mim.

Por mais que eu geralmente tenha uma alimentação regrada no dia-a-dia e tente (atenção para o verbo tentar) não me recompensar com comida tenho minhas recaídas, e tempos atrás resolvi fazer uns brownies, pois estava me sentindo muito pra baixo: chamemos de injeção de ânimo em forma de chocolate. 

Usei um pouco de farinha integral, juntei pedacinhos de chocolate ao leite e branco à massa e fiz uma receita menor, para que os brownies não ficassem tão altos ao serem assados em uma forma quadrada de 20cm.

Os brownies ficaram deliciosos, com um sabor intenso de chocolate e uma textura úmida, do jeito que gosto. Por isso, fotografei os brownies e divido com vocês hoje a receita – talvez vocês também estejam precisando de uma injeção de ânimo...

 

Brownies triplos com farinha integral

receita minha

 

- xícara medidora de 240ml

 

100g de chocolate amargo picadinho – usei um com 70% de cacau

½ xícara (113g) de manteiga sem sal

½ xícara (100g) de açúcar cristal ou refinado

3 colheres (sopa) de açúcar mascavo claro – aperte-o na colher na hora de medir

1 colher (chá) de extrato de baunilha

2 ovos grandes, temperatura ambiente

1/3 xícara (46g) de farinha de trigo comum

3 colheres (sopa) – 30g – de farinha de trigo integral

¼ colher (chá) de sal

50g de chocolate ao leite picado

50g de chocolate branco picado

 

Preaqueça o forno a 180°C. Unte levemente com manteiga uma forma de metal quadrada de 20cm, forre-a com papel alumínio deixando sobras em dois lados opostos e unte o papel também.

Em uma tigela refratária grande, junte o chocolate amargo e a manteiga e leve ao banho-maria (em fogo baixo, sem deixar o fundo da tigela tocar a água) até que os ingredientes derretam. Retire do fogo, acrescente os açúcares e a baunilha e misture bem com um batedor de arame. Deixe esfriar, e então junte os ovos, um a um, e misture bem com o batedor.

Adicione a farinha de trigo, a farinha integral e o sal e incorpore-os usando uma espátula de silicone, misturando até obter uma massa homogênea. Incorpore o chocolate ao leite e o chocolate branco. Espalhe na forma preparada e alise a superfície.

Asse por 18-20 minutos ou até que um palito inserido no centro do brownie saia com migalhas úmidas. Deixe esfriar completamente na forma sobre uma gradinha.

Corte em quadradinhos para servir.

Rend.: 16 unidades

terça-feira, julho 13, 2021

Espaguete com molho de limão siciliano - comida na mesa em pouquíssimo tempo

Macarrão com molho de limão siciliano


Dias atrás eu perguntei para vocês no Instagram a sua receita favorita com limão – coloquei uma foto de limões sicilianos, mas na verdade penso que pode ser qualquer limão. Antes de comprar o pacotão de limão siciliano em promoção, eu andava usando limão cravo com bastante frequência e com resultados deliciosos. 

Muitos de vocês são como eu, apaixonados e apaixonadas por esta fruta azedinha maravilhosa, e amamos bolos, tortas, barrinhas – só de pensar nestas barrinhas, por exemplo, eu fico com água na boca! Teve bastante gente também que falou macarrão com limão e sim, como é gostoso! Além de facílimo e rápido de fazer.

Já publiquei uma receita de macarrão com molho de limão siciliano há séculos no blog, mas resolvi dividir com vocês a forma como tenho feito de uns tempos pra cá: alterei um pouco a receita, pois acho que fica mais saboroso juntar o macarrão ao molho na frigideira e deixar que se misturem um pouquinho ainda no fogo.

Prático demais, suja pouca louça e o que mais demora na receita é esperar a água ferver – depois do bolo de aniversário do blog, foi a receita em que mais usei os meus limões da promoção. :)

 

Espaguete com molho de limão siciliano

receita minha, adaptada de várias versões que existem por aí

 

200g de espaguete, ou a massa da sua preferência

1 colher (sopa) de azeite de oliva extra virgem

1 colher (sopa) – 14g – de manteiga sem sal

raspas da casca de 1 limão siciliano grande

1 colher (sopa) de suco de limão siciliano

2 colheres (sopa) de folhas de salsinha, bem picadinhas – pique, depois meça

sal e pimenta do reino moída na hora

¼ xícara de parmesão ralado bem fininho – com pecorino também fica uma delícia

 

Para servir:

parmesão ralado


Em uma panela grande, aqueça água até ferver. Acrescente sal. Quando ferver, adicione o macarrão e cozinhe pelo tempo indicado na embalagem – enquanto a água ferve e o macarrão cozinha, prepare o molho.

Em uma frigideira antiaderente grande, junte o azeite, a manteiga, as raspas e o suco de limão e a salsinha. Tempere com sal e pimenta do reino e então leve ao fogo médio-alto, mexendo até que a manteiga derreta e os ingredientes estejam bem misturados.

Escorra o macarrão, reservando ¼ xícara (60ml) da água do cozimento. Transfira o macarrão escorrido para a panela com o molho, polvilhe com o parmesão e misture bem, cozinhando por 1 minuto – se o molho estiver seco demais, junte a água reservada, aos poucos. Sirva imediatamente polvilhado com queijo ralado.

Rend.: 2 porções

domingo, julho 04, 2021

Bolo de iogurte, pistache e limão siciliano para um blog debutante

English version

Bolo de iogurte, pistache e limão siciliano

Já faz alguns meses que andava pensando no que faria para comemorar o aniversário do TK – não é todo dia que um blog debuta! Quinze anos são uma trajetória e tanto!

Queria fazer um bolo de camadas, pois há séculos não faço nada parecido. Mas, ao mesmo tempo, não queria desperdício, e um bolo desses, só pra duas pessoas, sendo que uma delas não é chegada a doces não seria uma ideia tão boa.

Continuei pensando, e o tempo foi passando. “Ah, vou acabar não fazendo nada, até mesmo por falta de tempo”.

Semana passada eu estava no mercado e dei de cara com limões sicilianos com um preço muito bom: estavam bonitos, bem amarelinhos – separei alguns e coloquei no carrinho. Havia meses que não trazia limões sicilianos para casa, pois estavam caros demais. Continuei com as compras, lista na mão.

Em direção à geladeira para pegar iogurte e manteiga, passei pelo corredor dos ingredientes naturebas – de longe, uma etiqueta vermelha chamou a minha atenção. Na prateleira de farinhas diferentonas – de grão-de-bico, de amêndoa, de teff – a caixinha de farinha de pistache estava baratinha, pois estava a data de vencimento estava próxima. Eu sempre ficava de olho naquela farinha, mas era muito cara e eu me negava a comprar.

“Só pode ser um sinal”, pensei. Dois ingredientes que amo, por um preço decente, na semana anterior ao aniversário do blog. “Vou fazer um bolo simples, porém delicioso, para comemorar os quinze anos do TK”.

Saiu este bolo de limão siciliano e pistache, que ficou com um sabor maravilhoso e uma textura incrível – lembrou demais marzipã, apesar de não ser de amêndoa. Bem úmido, macio, saboroso, foi devorado nas poucas tardes geladas que tivemos ultimamente em São Paulo: João com seu espresso, eu com meu chá de hortelã.

Com este bolo simples de fazer, mas com sabores muito especiais para mim, comemoro quinze anos de receitas, posts, desabafos, histórias de família. Coisas engraçadas, tristezas, lambadas da vida que dividi com vocês.

Muito obrigada pela companhia tão querida por tanto tempo – saibam que trago comigo com carinho os comentários, e-mails, fotos nas redes sociais, mensagens, respostas à minha newsletter. <3

Bolo de iogurte, pistache e limão siciliano

 

Bolo de iogurte, pistache e limão siciliano

um nadinha adaptado do Epicurious, de novo!

 

 - xícara medidora de 240ml

 

Bolo:

1 ¼ xícaras (175g) de farinha de trigo

½ xícara (50g) de farinha de pistache – use a farinha de oleaginosa que preferir

2 colheres (chá) de fermento em pó

¼ colher (chá) de sal

1 xícara (200g) de açúcar, cristal ou refinado

raspas da casca de 2 limões sicilianos

¾ xícara (180g) de iogurte natural integral – 1 potinho de 170g também funciona

½ xícara (120ml) de óleo vegetal – usei de canola

2 ovos grandes, temperatura ambiente

1 colher (sopa) de Cointreau – opcional

½ colher (chá) extrato de baunilha

 

Para polvilhar:

1 colher (sopa) de açúcar cristal ou demerara - aqui, o refinado não funciona, pois é muito fininho. Se não tiver os outros açúcares em casa, pule esta etapa da receita


Preaqueça o forno a 180°C. Pincele levemente com óleo uma forma de bolo inglês de 22x11cm, com capacidade para 6 xícaras de massa (1 litro e meio), forre com papel manteiga deixando sobras nos dois lados mais longos, formando “alças” que vão lhe ajudar a remover o bolo depois de assado. Pincele o papel com óleo também.

Em uma tigela média, peneire juntos a farinha de trigo, a farinha de pistache, o fermento e o sal – se a farinha de pistache estiver empedrada (a minha estava um pouco), passe pela peneira apertando com uma espátula de silicone. Reserve.

Em uma tigela grande, junte o açúcar e as raspas de limão siciliano e esfregue com as pontas dos dedos até o açúcar aromatizar. Junte o iogurte, o óleo, os ovos, o suco de limão, Cointreau e a baunilha e misture usando um batedor de arame, até obter uma massa homogênea. Com uma espátula de silicone, incorpore os ingredientes secos – se a massa ficar muito engrumada, misture levemente com o batedor de arame, mas não bata demais para não desenvolver o glúten da farinha.

Despeje a massa na forma preparada e alise a superfície. Salpique o açúcar de maneira uniforme sobre o topo da massa.  

Asse por 50-55 minutos ou até que o bolo cresça e doure (faça o teste do palito). Deixe esfriar na forma sobre uma gradinha por 15 minutos, e então remova com cuidado da forma, usando o papel como guia. Transfira para a gradinha e deixe esfriar completamente.

O bolo pode ser guardado em um recipiente hermético por até 4 dias.

Rend.: 8-10 fatias

quinta-feira, junho 24, 2021

Torta tipo escondidinho de carne, abobrinha e batata

Torta tipo escondidinho de carne, abobrinha e batata


O inverno chegou chegando aqui em São Paulo: dias frios (mesmo quando o sol aparece), manhãs e noites geladas. O vento cortante parece entrar por cada frestinha do apartamento, mesmo com todas as janelas fechadas. Ligo o forno para assar um bolo e dá vontade de ficar por lá mesmo, em pé, na frente do fogão, enquanto sinto os pés trincando mesmo usando meias grossas, esticadas até o meio das canelas.

Meia com chinelo, aquele clássico da elegância invernal, uma das vantagens do home office. :D

Arrumo o cabelo, faço uma maquiagem simples, coloco um brinco legal e me sinto bonita para fazer as reuniões por vídeo, enquanto penso “ainda bem que ninguém me vê da cintura pra baixo”. :D

Estes são os dias para sopas, quase que diárias, e quando as preparo faço logo um panelão para render vários jantares (quem quiser receitas de sopinhas gostosas, é só clicar aqui).

Tenho sempre um pouco de pão no freezer, uma passada pela frigideira ou forno e pronto, pãozinho no jeito pra tchutchar na sopa quentinha.

Além das sopas, uma receita que fiz dias desses e que combinou super bem com o frio foi esta torta, uma espécie de escondidinho em que a cobertura não é feita de purê e sim de batatas em fatias finíssimas: já tinha visto várias versões desta receita em blogs, revistas e livros, mas nunca havia provado.

Improvisei o recheio, pois só tinha 100g de carne moída em casa. Fiz render com abobrinha e cebola, deixando o recheio úmido para que não ressecasse no forno. Ficou uma delícia! Tão simples, tão bom e tão bonito na mesa.

Espero que vocês também gostem – e quem é vegetariano pode trocar a carne por mais abobrinha, ou por berinjela, por exemplo.

 

Torta tipo escondidinho de carne, abobrinha e batata

receita minha, inspirada por dezenas de outras

 

Recheio:

1 colher (sopa) de azeite de oliva

100g de carne moída – gosto de patinho

sal e pimenta do reino moída na hora

½ cebola média, bem picadinha

1 abobrinha grande (300g), em cubinhos de aproximadamente 1,5 cm

1 folha de louro

1 dente de alho grande, em picadinho

2 colheres (chá) de molho inglês

1 colher (sopa) de vinho branco seco

3 colheres (chá) de farinha de trigo

¼ xícara (60ml) de água quente

 

Cobertura:

1 batata média (180g)

1 colher (sopa) de azeite de oliva + um fiozinho extra para regar

sal e pimenta do reino moída na hora

 

Preaqueça o forno a 200°C e pincele com azeite um refratário raso com capacidade para 1 litro – o da foto tem 20cm de diâmetro e 3,5cm de altura.

Comece pelo recheio: aqueça o azeite em uma frigideira antiaderente grande em fogo alto. Junte a carne e doure bem. Tempere com sal e pimenta do reino.

Acrescente a cebola, a abobrinha e o louro, refogue por alguns minutos até os legumes ficarem macios, mexendo algumas vezes. Acrescente o alho e refogue por 1 minuto apenas ou até perfumar – não deixe queimar para que não fique amargo.

Junte o molho inglês e o vinho, cozinhe por 1 minuto, e então polvilhe com a farinha de trigo. Misture bem e cozinhe por mais 1 minuto – importante para que cozinhar a farinha. Acrescente a água, misture bem e assim que o caldo começar a espessar desligue o fogo – o recheio precisa ficar molhadinho mesmo, para que não resseque durante o tempo de forno. Prove o tempero e ajuste com sal e pimenta.

Corte a batata usando uma mandolina para obter fatias bem finas. Transfira para uma tigela pequena, regue com o azeite e tempere com sal e pimenta. Misture bem usando as mãos, para que todas as fatias fiquem bem untadas.

Espalhe o recheio de maneira uniforme no refratário preparado, descartando a folha de louro. Arrume as fatias de batata sobre o recheio, sem sobrepor demais, para que elas possam dourar. Regue com um fio de azeite e leve ao forno por 40 minutos – no dia da foto eu estava atrasada e acabei não conseguindo dourar a cobertura tanto quanto gostaria.

Sirva em seguida.

Rend.: 2 porções

segunda-feira, junho 14, 2021

Lasanha de berinjela com farofinha crocante e louças lindas

Lasanha de berinjela com farofinha crocante


Minha queridas e meus queridos, voltei com um post que é uma receita meio que não-receita. :)

Além dos limões cravos perfumadíssimos, eu também trouxe umas berinjelas pequeninas tão bonitinhas do Instituto Chão! Eu sou aquela pessoa que pira em feiras e supermercados, vocês sabem.

Duas das berinjelas viraram barquinhas que servi com arroz e salada verde – saibam que eu fico feliz demais sabendo que muitos de vocês também adoram aquela receita! Já as outras duas, fiquei na dúvida sobre o que fazer com elas... Criatividade zero, vamos logo de lasanha de berinjela e pronto. :)

Grelhei as fatias de berinjela na frigideira, sem azeite, sem nada, até que elas ficassem macias e bem douradas. Ao tirar da frigideira, salpiquei com sal e pimenta do reino moída na hora. Fiz o meu molho de tomate de sempre (receita aqui) e então montei camadas de molho, berinjela e mozarela ralada.

Peguei emprestada da linda Alison Roman a ideia de cobrir a lasanha de berinjela com uma farofinha crocante e ficou tão deliciosa! Minha farofinha é um pouco mais “enfeitada” do que a da Alison (a dela é feita só com azeite e panko): juntei em uma frigideira antiaderente média 1 ½ colheres (sopa) de azeite e 1 dente de alho amassado, mas ainda inteiro. Quando o alho perfumou, adicionei 3 colheres (sopa) de farinha de rosca caseira e dourei bem no azeite. Desliguei o fogo, retirei o alho, temperei com sal e pimenta do reino e adicionei folhinhas de tomilho. Espalhei sobre a lasanha, cobri com uma camadinha de parmesão ralado fininho e levei ao forno por uns 25 minutos – almoço pronto.

Apesar de o almoço ter sido simples, preparei a berinjela neste prato maravilhoso da minha amiga Cris, da Pina Cerâmicas. A Cris está com um ateliê novo lindíssimo, além de ter também a loja virtual. Comprei umas peças incríveis dias atrás e não vejo a hora de recebê-las em casa!

Espero que gostem da minha receita-não-receita. E que a vacina venha logo para todos nós! #vivaosus

sexta-feira, maio 28, 2021

Bolo de limão cravo para o final de semana

English version

Bolo de limão cravo


Depois de várias receitas salgadas e um apanhado de receitas já postadas, volto com uma receitinha nova de bolo.

Quem recebeu a minha cartinha dias atrás sabe que, semana passada, eu quis fazer um bolo de limão, mas quando abri a geladeira não havia mais nenhum – meu plano B foi um bolo de laranja (esta receita aqui, que já fiz diversas vezes, e que muitos de vocês também já fizeram!).

Quando o bolo de laranja acabou, fiz outro bolo e desta vez usei os limões cravo maravilhosos que comprei o Instituto Chão. Usei uma receita de bolo de amêndoa e semente de papoula da Claire Saffitz como base e o bolo ficou muito macio, úmido e super perfumado – realmente delicioso!

A receita é fácil e os ingredientes são bem básicos, e vocês podem usar limão taiti ou siciliano se não encontrarem limão cravo. Espero que provem e depois me contem o resultado.

 

Bolo de limão cravo

adaptado do bolo de amêndoae sementes de papoula da Claire Saffitz

 

Bolo:

1 xícara (200g) de açúcar cristal ou refinado

raspas da casca de 2 limões cravo (cada um tinha cerca de 60g)

1 ½ xícaras (210g) de farinha de trigo

¾ colher (chá) de fermento em pó

¼ colher (chá) de sal

¾ xícara (180ml) de leite integral, temperatura ambiente

2/3 xícara (160ml) de óleo vegetal de sabor neutro – usei canola

1 ovo grande, temperatura ambiente

1 gema, temperatura ambiente

½ colher (chá) de extrato de baunilha

1 ½ colheres (sopa) de suco de limão cravo

1 colher (sopa) de Cointreau (se preferir, pode omitir)

 

Glacê:

1/3 xícara (46g) de açúcar de confeiteiro

½ colher (sopa) – 7g – de manteiga sem sal, derretida e fria

3 colheres (chá) de suco de limão cravo

 

Preaqueça o forno a 180°C. Unte com óleo uma assadeira de bolo inglês de 22x11cm, com capacidade para 6 xícaras de massa. Forre com papel manteiga deixando sobras nos dois lados mais longos, formando “alças” que vão lhe ajudar a remover o bolo depois de assado. Pincele o papel com óleo também.

Na tigela da batedeira, junte o açúcar e as raspas de limão e esfregue com as pontas dos dedos até o açúcar ficar aromatizado. Acrescente a farinha, o fermento, o sal e misture com um batedor de arame. Reserve.

Em uma tigela média, misture bem com um batedor de arame o leite, o óleo, o ovo, a gema, o extrato de baunilha, o suco de limão e o Cointreau. Despeje sobre os ingredientes secos reservados e então bata em velocidade média-alta por 1 minuto ou até que a massa fique bem lisa.

Transfira para a forma preparada e leve ao forno por aproximadamente 80 minutos, ou até que cresça e doure bem (faça o teste do palito).

Deixe esfriar na forma sobre uma gradinha por 15 minutos, e então remova com cuidado da forma, usando o papel como guia – enquanto isso, prepare o glacê: peneire o açúcar de confeiteiro em uma tigela e junte os ingredientes restantes, misturando até obter um creme liso e espesso (junte mais suco de limão se necessário).

Depois que remover o bolo da forma e transferir para a gradinha, desgrude o papel das laterais do bolo. Usando um palito de dente, faça furinhos sobre toda a superfície e também nas laterais do bolo. Em seguida, pincele o glacê no topo e nas laterais do bolo, aos poucos, até que todo o glacê seja absorvido. Deixe esfriar antes de servir.

O bolo pode ser guardado em um recipiente hermético por até 3 dias em temperatura ambiente.

 

Rend.: 8-10 fatias

segunda-feira, maio 17, 2021

Um post desabafo e comidas que são um carinho

Arroz doce com morangos assados


Minhas queridas e meus queridos, como vocês estão?

Outro dia, conversando com uma amiga, falei para ela que algumas vezes por semana tenho tentado (ênfase em “tentar”) não ler/ver notícias sobre a atual situação do Brasil: ler jornal, ver TV, é tudo tão sufocante, tão desesperador, que não há endorfina conseguida nos exercícios físicos que dê jeito.

Há dias em que me fecho na bolha do amor: vejo vídeos do Pingo pequenino que tenho guardado no Google Fotos, assisto a vídeos de receita no YouTube (meus favoritos são Alison Roman, Donna Hay, Jamie Oliver), ouço música. São os dias em que durmo melhor, menos ansiosa, tenho menos pesadelos (outra constante durante a pandemia).

Não posso viver na bolha do amor sempre, pois não quero me tornar uma pessoa alienada que não sabe o que se passa no país, mas algumas horas de descanso sem ouvir falar no Saco de Bosta, seus filhos, mortes, falta de vacina, gado pastando pelas ruas pedindo fechamento de Congresso e STF tem me feito bem. No dia seguinte começa tudo de novo, festival de notícias horríveis, mas pelo menos acordo mais descansada e com mais ânimo para encarar a rotina.

Há dias em que, além da bolha do amor, busco refúgio na cozinha, fazendo receitas que me dão alegria, que me trazem paz e um quentinho no coração – é uma vontade de ser abraçada por dentro. Às vezes faço waffles para acompanhar um seriadinho no sofá. Bolinho de arroz também me conforta, é comida de mãe e avó (e ainda reaproveito as sobrinhas de arroz). Um bolo de limão com uma xícara de chá quentinho torna a tarde mais gostosa, e me sinto até mais produtiva depois de tomar um café da tarde assim.

Mas a minha comfort food favorita é arroz doce: para mim, é aconchego, é carinho de mãe, é afago. Faço esta receita aqui, mas trocando a água por leite (sem lactose, no meu caso).

Como agora comecei a ver morango nos supermercados, os faço assados e sirvo com o arroz doce – é uma combinação perfeita.

Se quiser deixar os morangos assados ainda mais gostosos, é só acrescentar raspas de limão (taiti, cravo, siciliano) e ½ colher (sopa) do suco dele aos morangos e açúcar antes de assar – a leve acidez adicionada aos morangos combina demais com o arroz doce.

Espero que vocês encontrem algo que os confortem em tempos tão sombrios: seja um vídeo, uma música, uma atividade física, uma comidinha. xx

quinta-feira, abril 29, 2021

Rolinhos de peixe com batatas e tomates assados


Rolinhos de peixe com batatas e tomates assados


Tenho um caderninho e uma caneta que estão sempre em minha cozinha, e com eles anoto as receitas que crio ou as alterações nas receitas de outras fontes que adapto – procuro ser bem detalhista na hora para não esquecer de anotar nenhum detalhe sequer, e também tento não fazer um garrancho, para depois entender o que escrevi, quando me sento ao computador para digitar a receita (atenção para a palavra “tento”). Se eu estiver com as mãos molhadas, por exemplo, dou um grito no João e ele vem anotar alguma coisa pra mim.

Há vezes em que escrevo muito rápido, daí a letra vira um emaranhado tão grande que eu lendo depois fico parecendo aquele meme da Nazaré fazendo contas.

E há também as vezes em que cozinho e não anoto nada, porque “ah, não vou postar essa receita mesmo”, mas a comida fica bonita e o faniquito de fotografar toma conta de mim.

A receita de hoje, por exemplo, foi assim: não ia postar, achei que os peixinhos ficaram lindos, a luz estava boa, tirei a foto como quem não quer nada, daí almoçamos e a comida estava uma delícia, apesar de super simples. Não anotei as quantidades dos ingredientes, mas como é uma receita que dá pra adaptar dependendo da quantas pessoas serão servidas, resolvi postar mesmo assim – aumente ou diminua as batatas, os tomates e os filés de peixe conforme a o número de bocas a serem alimentadas.

Agora é torcer para vocês continuarem voltando aqui depois de mais uma receita freestyle, depois da salada e dos ovos. :)


Rolinhos de peixe com batatas e tomates assados

receita minha, forma de enrolar o peixe inspirada nas rosetas da Rita Lobo

 

Tempere filés de pescada com sal, pimenta do reino moída na hora, suco de limão e alho amassado no pilão ou bem picadinho. Deixe curtir por 1 ou 2 horas na geladeira.

Preaqueça o forno a 200°C.

Transfira um punhado de batatas bolinha para uma panela com água e 1 pitada de sal. Acrescente um dente de alho e 1 folha de louro e leve ao fogo alto. Quando começar a ferver, conte 5 minutos. Em seguida, escorra bem. Descarte o louro e transfira as batatas e o alho para uma assadeira grande e rasa pincelada com azeite – eu preferi cortar as batatas ao meio para assar mais rápido, mas as pontas dos meus dedos não ficaram muito felizes com isso. :)

Junte um punhado de tomates cereja inteiros, alguns raminhos de tomilho, regue tudo com azeite e tempere com sal e pimenta do reino. Leve ao forno por 20 minutos.

Enquanto isso, enrole cada filé de peixe com 1 folha de sálvia no meio e prenda com palitos de dente – os peixes ficarão parecidos com uma flor.

Retire a assadeira do forno, arrume os peixes sobre os legumes e regue com 1 fio de azeite. Volte ao forno por 10-15 minutos (dependendo do tamanho dos seus files) ou até que o peixe esteja assado.

Sirva imediatamente.

Rend.: aqui serviram 2 pessoas, pois amamos peixe e meu marido é esganado :)

terça-feira, abril 20, 2021

Ovos ao forno para o ano 2 da pandemia

Ovos ao forno para o ano 2 da pandemia


Minhas queridas e meus queridos, como vocês estão neste ano 2 de pandemia?

Continuo trabalhando de casa, saindo apenas para fazer supermercado a cada 10 ou 15 dias, e confesso que o que mais me faz falta é ter o Pingo pertinho de mim.

Antes da situação deplorável atual, em que não há sequer medicamentos nos hospitais para as pessoas que precisam de cuidados intensivos, conseguíamos nos ver ao ar livre, em um parque, aos finais de semana, com distanciamento e máscaras, mas agora nem isso. Sinto uma tristeza profunda por perder esse tempo precioso da vidinha dele.

Falando ainda em pandemia, algo que percebi ultimamente foi que, para mim, dias úteis tem sido um pouco mais “fáceis” de encarar: fui uma criança metódica e continuo assim na vida adulta, portanto dias estruturados, com horários definidos, funcionam melhor para mim.

De segunda a sexta, tenho meu horário para levantar, tomar café, me arrumar, trabalhar, almoçar, me exercitar, jantar, ver seriadinhos e filmes, dormir – parece algo mecânico e, de fato, é mesmo, e por isso são os dias em que me sinto mais produtiva e menos letárgica. Aos finais de semana, em que não há nada para fazer além de limpar o apartamento e ver TV, me sinto meio perdida – às vezes não dá nem vontade de ver um filme ou seriado, algo que amo e vocês sabem.

Por outro lado, a falta de vontade de cozinhar parece ter dado uma trégua, e vez ou outra preparo uma receita nova para o final de semana, ou um bolo gostoso para o café da tarde.

Em épocas difíceis assim, comemoro as pequenas vitórias – se em um dia me falta energia para ver um dos filmes do Oscar (tô morrendo de preguiça de ver “Mank”, apesar do meu amor profundo por Gary Oldman e David Fincher), em outro tem uma receita com foto caprichada. Se em uma noite vejo, pela primeira vez na vida, “Cidadão Kane” (adorei o filme, aliás), no dia seguinte o almoço é patê de atum. E assim sigo, é o que tem pra hoje. Creio que o grande desafio durante a pandemia tem sido tentar encontrar o equilíbrio entre não me cobrar demais e não deixar a peteca cair completamente.

Em um dia corrido, mas em que eu estava com muita vontade de fotografar – há dias em que sinto uma vontade gigante de fotografar, mas zero vontade de cozinhar e/ou comer – fiz os ovos ao forno da foto para almoçar e ficaram bem gostosos. Usei o que havia na geladeira, sobrinhas disso ou daquilo, e é claro que você pode usar o que tiver em casa. É uma espécie de ovos em cocote, feitos no forno porque não tenho microondas.

Não tem receita exata: arrumei folhas de espinafre ainda cru e um pouco de salaminho apimentado em uma panelinha (eu sou a neta de alemã que não gosta de carne de porco, mas ama bacon e salaminho) - use o refratário que preferir, escolhi esse para deixar a foto bonita, confesso! :) Quebrei os ovos por cima dos ingredientes, temperei com sal e pimenta do reino moída na hora. Levei ao forno preaquecido a 180°C por alguns minutos, e antes de servir salpiquei com algumas lascas de parmesão. Servi com pão.

Que vocês estejam bem e com saúde. Mando um beijo grande e desejo força para atravessarmos os momentos tão difíceis.