quarta-feira, maio 22, 2019

Pão 100% integral e pequenas metas

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Pão 100% integral

Levanta a mão quem, como eu, faz resoluções de ano novo e depois de um tempo percebe que deu o passo maior que a perna, prometendo coisas que não consegue cumprir, estabelecendo metas que só causam frustração? :\

Temos que escolher nossas batalhas, e as que escolhi e tenho conseguido lutar são as de voltar a ver prazer em cozinhar e comer melhor, e uma está bastante ligada à outra, é bem verdade. Voltei a fazer meu leite vegetal em casa (confesso que às vezes dá uma preguiça gigante, mas tudo bem) depois de passar alguns meses tomando leite sem lactose: é prático demais abrir a caixinha de leite e despejar na xícara, claro, mas já percebo a pança menos inchada. Pequenas vitórias que comemoro todos os dias. Também tenho feito meu pão para levar na marmita do café da manhã para o trabalho e me sinto virtuosa ao comer meu pãozinho caseiro, delicioso, e que me deixa saciada até perto da hora do almoço (quando comia o pão na chapa comprado no térreo do prédio sentia fome pouco tempo depois). Faço um filão de pão no domingo, congelo em fatias e elas me rendem o suficiente para a semana inteira.

Andei fazendo um pão que levava farinha branca + farinha de centeio e ficou uma delícia – qualquer hora divido a receita com vocês. Quando vi um pão feito com 100% de farinha integral no site da King Arthur Flour tive que testar: amo pães integrais e os comentários eram bem positivos (aliás, se você entende inglês e gosta de baking, o site deles é imperdível). Adaptei um nada da receita, diminuindo a quantidade de mel, omitindo o leite e jogando uns flocos de aveia por cima, pra deixar bem lindo. Espero que gostem tanto quanto eu.

UPDATE
: fiz o pão substituindo 50g da farinha integral por flocos de quinoa e ficou delicioso, incrivelmente macio!

Pão 100% integral


Pão 100% integral
Um nadinha adaptado daqui

1 xícara (240ml) de água morna
2 ½ colheres (chá) de fermento biológico seco
¼ xícara (60ml) de óleo vegetal – usei canola
2 colheres (sopa) de mel
400g de farinha de trigo integral – prefiro usar uma farinha fina, como a Mãe Terra; geralmente uso a Mirella refinada em tudo, mas a Mirella integral acho grosseira demais
1 ¼ colher (chá) de sal
1 colher (sopa) de aveia em flocos grossos

Coloque a água e o fermento na tigela da batedeira (ou em uma tigela grande se for sovar na mão). Espere espumar, cerca de 5 minutos. Adicione o óleo, o mel, a farinha e o sal e misture com uma espátula. Sove na batedeira com o gancho para massas pesadas por 10 minutos, ou na mão por 15-17 minutos, ou até obter uma massa homogênea, lisa e sedosa, que descola nas laterais da tigela/das mãos. Cubra com filme plástico e deixe crescer por 1 ½ horas a 2 (se estiver muito frio a massa demora mais para crescer).

Unte muito levemente com óleo uma forma de bolo inglês com capacidade para 6 xícaras de massa.
Dê um soquinho no centro da massa para retirar o excesso de ar. Em uma superfície levemente enfarinhada, abra a massa até obter um retângulo de aproximadamente 30x20cm. Enrole-o como um rocambole, formando um cilindro, e ajeite com as mãos para que ele caiba na forma, deixando a emenda virada para baixo. Cubra com filme plástico ou um pano de prato limpo e seco e deixe crescer novamente por 40 minutos. Enquanto isso, preaqueça o forno a 200°C.
Quando o pão terminar de fermentar, pincele a superfície dele com um pincel embebido em água e polvilhe com a aveia, pressionando bem de leve para que os grãos grudem (alguns vão se desprender quando o pão estiver assado, não se preocupe). Leve ao forno for 30 minutos ou até dourar bem – para verificar se o pão está pronto dê batidinhas na superfície com os nós dos dedos: o som deve ser de algo oco. Deixe esfriar na forma sobre uma gradinha por 5 minutos e então desenforme com cuidado sobre a gradinha. Deixe esfriar completamente.

Rend.: 8-10 fatias

sábado, maio 04, 2019

Risoto de abóbora assada, espinafre e manjerona para uma amiga


Risoto de abóbora assada, espinafre e manjerona

Quem acompanha o blog percebe que há uma grande quantidade de louças, talheres e paninhos nesta casa: eu realmente não sei mais onde vou enfiar tanta coisa. :D Quem me lê também sabe que fiquei muito tempo de teto baixo, quando nada referente à cozinha me interessava. E neste período não comprei nada novo. O

Outro dia, ao sair para almoçar com uma amiga, demos uma voltinha pela Tok&Stok, pois ela precisava de capas de almofada. Fui xeretar as louças e vi estas tigelinhas, tão lindas, e logo já fui imaginando o que serviria nelas – só como um exercício, não pensava em comprá-las. Comentei com a Vi: “nossa, um prato de arroz, como risoto ou arroz doce, ficaria incrível nesta louça”. Ela responde: “compra logo, estão em promoção. Quero ver uma foto bem bonita depois”.

Minha amiga tem segurado a minha mão nos últimos meses, que tem sido barra, e é tão incrível comigo que resolvi seguir o seu conselho: trouxe as tigelinhas para casa e fiz um risoto bem delicioso.

Espero que minha amiga goste da receita e da foto, pois fiz pensando nela. <3


Risoto de abóbora assada, espinafre e manjerona

receita minha

Abóbora assada:

300g de abóbora japonesa (cabotiá)
1 colher (sopa) de azeite
sal e pimenta do reino moída na hora

Risoto:

2 colheres (sopa) de azeite
½ cebola, picadinha
¾ xícara (165g) de arroz arbóreo ou carnaroli
¼ xícara (60ml) de vinho branco seco
3 xícaras (720ml) de caldo de legumes caseiro
70g de espinafre congelado, já descongelado
sal e pimenta do reino moída na hora
2 colheres (sopa) de manteiga
3 colheres (sopa) de parmesão ralado bem fininho
1 colher (sopa) de folhas de manjerona fresca

Preaqueça o forno a 200°C. Forre uma assadeira grande e rasa com papel alumínio e pincele-o levemente com azeite – se usar assadeira antiaderente não precisa forrar com papel.
Coloque os pedaços de abóbora em uma tigela, regue com o azeite, tempere com sal e pimenta e misture bem para envolver todos os pedacinhos. Espalhe os cubos de abóbora sobre o papel e leve ao forno por 25-30 minutos, virando os cubinhos na metade do tempo – asse até que estejam dourados. Reserve.

Comece o risoto: aqueça uma panela média em fogo médio-alto. Junte o azeite e quando aquecer adicione a cebola, refogando até que fique transparente. Junte o arroz e refogue por 2-3 minutos, mexendo, até que todos os grãos fiquem cobertos de azeite. Junte o vinho e refogue até que evapore. Acrescente 1 concha de caldo quente e vá mexendo até que o caldo quase seque. Acrescente outra concha de caldo e vá mexendo novamente até que ele quase seque – vá repetindo o processo até que o arroz fique al dente, o que vai levar cerca de 20 minutos (talvez você não use todo o caldo). Na metade do processo acima, junte o espinafre e ¾ dos cubos de abóbora. Tempere com sal e pimenta, mas cuidado com o sal, pois a abóbora já está temperada.

Acrescente o parmesão, a manteiga e a manjerona e misture. Prove e acerte o sal se necessário, tampe a panela e aguarde 2 minutos. Transfira o risoto para os pratos de servir e salpique com a abóbora restante. Sirva imediatamente.

Rend.: 2 porções

quarta-feira, março 20, 2019

Picolés de brigadeiro e um post sobre amor


Picolés de brigadeiro

Final de semana passado assisti ao documentário “Jane Fonda em Cinco Atos” e fiquei um bom tempo pensando no que Jane disse sobre sua relação com a mãe, com o pai, com os filhos, sobre amor. Ela conta que nunca se sentiu amada pela mãe e como isso influenciou seu relacionamento com a primeira filha. É um documentário interessante e recomendo muito para quem gosta não só de cinema, mas de relacionamentos e História também.

Mas vocês vão me perguntar “Patricia, o que é que Jane Fonda tem a ver com picolés de brigadeiro?” A princípio, nada, se bem que acho que Jane iria gostar de prová-los. :)

O que me fez ligar a receita ao documentário foi ver o meu pequeno em casa, no mesmo final de semana, tomando picolé, receita que ele me ajudara a fazer, segurando o palito com as mãos fofinhas, tentando em vão não se sujar todo de chocolate enquanto o picolé derretia e pingava sobre sua barriga. Corri para pegar um pratinho, para proteger o picolé caso despencasse do palito, e ao final Pingo me disse, com chocolate desde a testa até o umbigo: “Dedé, me dá aqui o prato, eu adoro esse caldinho de sorvete”. :)

O post de hoje é sobre sorvete, mas também é sobre amor. Espero que vocês provem a receita (é muito boa e dá pra fazer em saquinho de gelinho, também, como o outro picolé que postei tempos atrás) e também que a vida lhes traga muito amor. Eu fiquei anos sedenta por este sentimento e hoje me sinto inundada por ele.

Picolés de brigadeiro
receita minha

1 receita de brigadeiro - faça do jeito que mais gostar; como eu queria um brigadeiro menos doce, usei 50g de chocolate 70% cacau picado no lugar do cacau/chocolate em pó
600ml de leite semidesnatado gelado (usei leite sem lactose e deu muito certo)

Deixe o brigadeiro esfriar completamente e então bata no liquidificador com o leite até obter uma mistura homogênea. Transfira para a forma de picolé. Leve ao freezer por 30 minutos (ou um pouco mais, dependendo do seu freezer – você quer os picolés ligeiramente firmes, para que os palitos não fiquem dançando), insira os palitos e então gele por mais 6 horas ou de um dia para o outro. Eu polvilhei os picóles com chocolate granulado para fazer graça na foto, mas eles ficam bem mais gostosos sem isso.

Rend.: 10 picolés de 80ml cada

segunda-feira, março 11, 2019

Bolo de fubá, laranja e coco - um bolo com um significado muito especial


Bolo de fubá, laranja e coco

Eu poderia dizer que o post de hoje é um desabafo, mas seria dramático demais - enquanto escrevo isso, lembro da minha chefe suíça Raffaella, tão querida, que voltou para Zurique e que brincava me chamando de "drama queen". :)
Havia muito tempo que não fazia receitas novas - andava mesmo só cozinhando o basicão, por necessidade, sem sentir prazer nenhum. Cozinhava porque precisava comer, pronto - assim mesmo, bem sem graça. Não me lembrava de quando me sentira assim da última vez, talvez nunca? Desde a adolescência eu sempre me sentia feliz na cozinha e fazia bem mais de um ano que isso não acontecia. Todas as receitas que vocês tem visto aqui são as que desenvolvi para o livro, coisa antiga que eu não queria deixar guardada, receitas tão boas que precisavam ser compartilhadas com quem ainda sente alegria ao cozinhar, mas coisa nova mesmo, não havia. Eu pensava no que seria do blog quando o estoque de receitas do livro acabasse...

Mas o Universo tem jeitos muito particulares de agir e o meu pequenino, que não é mais tão pequenino assim - fez 4 anos mês passado - estava aqui em casa outro dia e como já tínhamos brincado de tudo o que vocês puderem imaginar eu não sabia mais como distrair a criança que não para um minuto sequer. Com o horário do jantar chegando, me deu uma luz de repente e perguntei se ele queria fazer pizza comigo - a ideia foi rapidamente aceita e para a cozinha nós fomos. Fizemos a massa juntos, para depois deixar a batedeira sovar, e algumas colheres-medida e punhados de farinha espalhados depois nossa massinha estava na tigela, coberta com plástico e crescendo. A alegria do Pingo ao saber que estava fazendo algo que comeria mais tarde me deu uma energia completamente nova. Depois do tempo de descanso, abrimos a massa juntos, ele apertando o rolo com suas mãos fofinhas, espalhando molho com as costas da colher (e furando a massa, mas tudo bem, fui grudando tudo de novo, beliscando a massa), jogando queijo por cima... Senti uma felicidade como havia muito não sentia. Ele me ajudou a tirar as folhas de manjericão dos galhinhos, feliz da vida, para que eu as espalhasse sobre a pizza ao tirá-la do forno. E depois comemos o resultado do nosso trabalho e ele disse que a pizza da Dedé era mais gostosa do que a pizza da pizzaria.

Ele voltou outro dia, fizemos pizza novamente, e também picolé e bolo. Ele amou fazer bolo e me dizia que o cheirinho vindo da cozinha era muito gostoso. Fizemos juntos o bolo que lhes trago hoje e só agora, escrevendo o post, é que me dou conta de que é um bolo com fubá, por uma coincidência. O meu primeiro bolo da vida foi de fubá e quem é leitor veterano do blog sabe disso.

Para vocês terem uma ideia de quanto tempo fazia desde a minha última foto de comida, a bateria da câmera estava completamente descarregada quando a peguei para fotografar o bolo. Fiquei um tempão tentando encontrar um jeito de fazer uma foto bonita: bolo inteiro, bolo cortado, paninho de uma cor, paninho de outra, prato este, prato aquele. Não sei bem se as fotos me agradaram - vai ver, perdi o meu mojo -, mas para sempre vou me lembrar deste bolo como o primeiro bolo que fiz com o Pingo. O bolo que me tirou do estupor de mais de um ano sem querer sequer ligar o forno.

Bolo de fubá, laranja e coco

Bolo de fubá, laranja e coco
receita minha

Bolo:
1 xícara (140g) de farinha de trigo
3/4 xícara (105g) de fubá
1 1/2 colheres (chá) de fermento em pó
1 pitada de sal
1/2 xícara (50g) de coco ralado sem adição de açúcar
raspas da casca de 1 laranja grande
1 xícara + 1 colher (sopa) - 212g - de açúcar cristal ou refinado
1/2 xícara + 2 colheres (sopa) - 140g - de manteiga sem sal, temperatura ambiente
1 colher (sopa) de óleo de canola
3 ovos grandes, temperatura ambiente
1 colher (chá) de extrato de baunilha
3/4 xícara (180ml) de leite, temperatura ambiente

Glacê:
1/2 xícara (70g) de açúcar de confeiteiro, peneirado - meça, depois peneire
2-3 colheres (chá) de suco de laranja

Preaqueça o forno a 180°C. Unte com manteiga e enfarinhe uma forma de furo central com capacidade para 8 xícaras de massa.
Em uma tigela média, misture bem com um batedor de arame a farinha, o fubá, o fermento, o sal e o coco. Reserve.
Na tigela da batedeira, junte o açúcar e as raspas de laranja e esfregue-os juntos com as pontas dos dedos até perfumar o açúcar. Junte a manteiga e o óleo e bata em velocidade média até obter um creme claro e fofo - raspe as laterais da tigela ocasionalmente durante todo o preparo da receita. Junte os ovos, um a um, batendo bem a cada adição. Junte a baunilha e bata bem. Com a batedeira em velocidade baixa, junte os ingredientes secos reservados em três adições, alternando com o leite em duas adições, começando e terminando com os ingredientes secos. Misture bem, mas não bata em excesso para não desenvolver demais o glúten da farinha de trigo.
Transfira a massa para a forma preparada e alise a superfície. Asse por 40-45 minutos ou até que o bolo cresça e doure (faça o teste do palito). Deixe esfriar na forma sobre uma gradinha por 20 minutos e então desenforme com cuidado. Esfrie completamente.

Glacê: misture os ingredientes em uma tigelinha até obter a consistência desejada. Despeje sobre o bolo.

Rend.: 8-10 fatias

sexta-feira, fevereiro 22, 2019

Picolés de iogurte, coco e morango para dias de trinta (e muitos) graus

Picolés de iogurte, coco e morango

Fico até meio sem jeito de voltar aqui depois de tanto tempo com uma receita tão besta como a de hoje (4 ingredientes apenas!), mas no calor que anda fazendo aqui em São Paulo estes picolés vem bem a calhar.
Dá para trocar os morangos por pedaços de manga, por exemplo, para usar uma fruta que está na época agora. E quem não tem forma de picolé pode apelar para o bom e velho saquinho de gelinho (ou geladinho, ou sacolé, dependendo de onde você me lê agora).

Quando eu tinha os meus 12-13 anos fazia dezenas de gelinhos e enchia o freezer da casa da minha tia – os mais populares eram os de doce de leite (leite condensado cozido na panela de pressão + leite) e o de chocolate (chocolate dos padres + leite + açúcar). Eu fazia uns gelinhos de fruta também, com suco Maguary (#quemnunca), mas eles sempre acabavam sobrando no fundo do freezer enquanto os outros acabavam em um piscar de olhos. ;)

Picolés de iogurte, coco e morango
receita minha

1 ½ xícaras (390g) de iogurte natural integral
1 xícara (240ml) de leite de coco
3 colheres (sopa) de açúcar (ou a gosto)
20 morangos sem os cabinhos e cortados em fatias finas

Em uma tigela grande, misture bem o iogurte, o leite de coco e o açúcar. Vá despejando a mistura aos poucos nos moldes de picolé, intercalando com pedacinhos de morango – desta forma eles ficarão distribuídos pelo picolé em vez de ir para o fundo do molde (os que eu tenho tem 80ml cada).
Leve ao freezer por 30 minutos, insira os palitos e então gele por mais 6 horas ou de um dia para o outro.

Rend.: 10 picolés de 80ml cada