quinta-feira, agosto 13, 2020

Bolo de buttermilk, ou bolo de nada

English version

Bolo de buttermilk, ou bolo de nada

Por causa dos cafés da tarde aqui em casa, ando buscando receitas de bolo gostosas em livros e pela Internet – nem me lembro mais quando tinha sido a última vez que havia ficado horas procurando e marcando receita de bolo para fazer: por bastante tempo, meu foco foi mesmo somente receitas salgadas, com alguns eventuais cookies ou brownies para adoçar o dia do pessoal do escritório.

Estava com vontade de comer um bolo simples, ou bolo de nada, mas que ficasse com uma textura bem macia. Quando vi as fotos do bolo da Sydney fiquei com água na boca: era exatamente o que eu queria! Já fui logo para a cozinha tirar o tablete de manteiga da geladeira.

A receita dela não especifica tamanho de forma, mas eu sabia que com 3 xícaras de farinha a massa não caberia mesmo na forma que uso geralmente. Adaptei a receita para um bolo menor e fiquei bem feliz com o resultado. João disse que a casquinha açucarada de cima é a melhor parte do bolo, já eu fiquei doida mesmo com o miolo branquinho e incrivelmente macio.

Usei Frangelico para perfumar – adoro uma desculpa para usar bebidinhas em receitas, sou dessas – mas use extrato de baunilha se preferir (a Sydney não usa nada no bolo dela). Já ando pensando em fazer esta receita novamente usando raspas de laranja e Cointreau no bolo – delícia!

Bolo de buttermilk, ou bolo de nada

Bolo de buttermilk, ou bolo de nada

um tiquinho adaptado deste blog lindo

 

- xícara medidora de 240ml

 

2/3 xícara (150g) de manteiga sem sal, temperatura ambiente

1 xícara (200g) de açúcar cristal ou refinado

2 ovos grandes, temperatura ambiente

2 xícaras (280g) de farinha de trigo

1 ½ colheres (chá) de fermento em pó

¼ colher (chá) de sal

½ xícara (120ml) de buttermilk*, temperatura ambiente

1 ½ colheres (sopa) de Frangelico – opcional; Amaretto também ficaria ótimo. Se não quiser usar bebida alcoólica, substitua por 1 ½ colheres (chá) de extrato de baunilha

 

Para polvilhar o bolo antes de assar:

1 colher (sopa) de açúcar cristal ou demerara – aqui, o refinado não funciona, pois é muito fininho. Se não tiver os outros açúcares em casa, pule esta etapa da receita

 

Preaqueça o forno a 180°C. Unte com manteiga uma forma de bolo inglês com capacidade para 6 xícaras de massa (1 litro e meio), forre com papel manteiga deixando sobrar nos dois lados mais longos, formando “alças” de papel, e unte o papel também. 

Em uma tigela média, misture com um batedor de arame a farinha, o fermento e o sal. Reserve.

Na batedeira, bata a manteiga e o açúcar até obter uma mistura bem clara e fofinha – bata por pelo menos 4-5 minutos; quanto mais você bater a mistura nesta etapa da receita, melhor vai ficar a textura do seu bolo.

Junte os ovos, um a um, batendo bem a cada adição – raspe as laterais da tigela algumas vezes durante todo o preparo. Junte o Frangelico (se for usar – ou a baunilha).

Em velocidade baixa, junte os ingredientes secos em três adições, alternando com o buttermilk em duas adições (comece e termine com os ingredientes secos). Misture até a massa ficar homogênea, mas não bata demais para não desenvolver o glúten da farinha (o bolo ficará duro e embatumado).

Transfira a massa para a forma preparada e alise a superfície. Salpique com o açúcar e asse por 50-60 minutos, ou até que o bolo cresça e doure (faça o teste do palito).

Deixe esfriar na forma, sobre uma gradinha, por 30 minutos, e então remova o bolo com cuidado da forma, usando as alças de papel, e transfira para a gradinha. Deixe esfriar completamente. 

O bolo pode ser guardado em um recipiente hermético por até 5 dias, entretanto achei que depois do terceiro dia ele começou a ficar mais sequinho (mas comemos mesmo assim). :D

* buttermilk caseiro: coloque ½ xícara de leite integral em um potinho e misture ½ colher (sopa) de suco de limão. Aguarde 10 minutos e use na receita 

Rend.: 8-10 fatias

segunda-feira, agosto 10, 2020

Macarrão com abobrinha, alho-poró e gorgonzola e a fadiga de cozinhar todos os dias

Macarrão com abobrinha, alho-poró e gorgonzola

Final de semana passado a minha querida amiga Raquel postou stories muito interessantes no Instagram dela, sobre o cansaço de termos que cozinhar todos os dias durante a quarentena. Aproveitei o assunto e também comentei com os meus seguidores sobreisso, pois concordo que a obrigação de fazer comida todo dia realmente cansa demais, e dá desânimo às vezes – se eu que gosto de cozinhar me sinto assim, imagina quem não gosta.

O que acho que pode ajudar neste caso são duas coisas completamente diferentes: uma delas é planejamento, sobre o qual a Raq falou. Ter feijão no freezer, arroz pronto e legumes já higienizados na geladeira, usar atalhos como grão-de-bico e tomate pelado em lata: tudo isso pode ser bastante útil e eu tenho usado muito tais recursos. P

Por outro lado, também uso uma estratégia completamente oposta: pelo menos uma vez na semana, tento fazer uma receita completamente nova, algo diferente do arroz e feijão diários, para quebrar a rotina. Eu sinto que dá uma iluminada na semana, alegra o dia e faz com que aquele marasmo vá embora, nem que seja por uma refeição.

Foi assim que fiz o macarrão que lhes trago hoje, com uma abobrinha que eu precisava usar logo: ficou um almoço delicioso, cheio de vegetais, e com um toque diferentão do gorgonzola. Uma receita simples na execução, mas com um resultado incrível no sabor. Deixou a sexta-feira mais saborosa e levantou os ânimos aqui em casa.

 

Macarrão com abobrinha, alho-poró e gorgonzola

receita minha


- xícara medidora de 240ml

 

180g de orecchiette, ou a massa curta da sua preferência

1 colher (sopa) de azeite de oliva

1 colher (sopa) de manteiga sem sal

1 alho-poró (100g já sem as folhas verdes-escuras), somente a parte verde mais clara, em meias-luas finas

1 abobrinha média (250g), em cubinhos de 1cm

sal e pimenta do reino moída na hora

1 colher (sopa) de vinho branco seco

raspas de 1 limão cravo grande – era o que eu tinha em casa; use taiti ou siciliano se preferir

100ml de água

75g de queijo gorgonzola, ralado ou esmigalhado

Em uma panela grande, aqueça água até ferver. Acrescente sal. Quando ferver, adicione o macarrão e cozinhe pelo tempo indicado na embalagem. 

Enquanto a água ferve e o macarrão cozinha, prepare o molho: aqueça o azeite e a manteiga em uma frigideira antiaderente grande em fogo médio-alto. Junte o alho-poró e refogue, mexendo às vezes, até que fique macio. Junte a abobrinha, tempere com sal e pimenta, e vá refogando, mexendo ocasionalmente, por cerca de 5 minutos ou até que a abobrinha comece a ficar macia. Acrescente o vinho, misture bem, e cozinhe até o vinho evaporar. Junte as raspas de limão, a água e o gorgonzola, misture bem, e cozinhe por mais 3-4 minutos, ou até o queijo derreter completamente e o molho ficar mais espesso.

Escorra o macarrão, reservando ¼ xícara (60ml) da água do cozimento. Transfira o macarrão escorrido para a panela com o molho e misture bem – se o molho estiver seco demais, junte a água reservada, aos poucos (eu não precisei usar). Sirva imediatamente.

Rend.: 2 porções

quinta-feira, agosto 06, 2020

Bolo de iogurte, limão cravo e coco - uma variação do Bolo da Pandemia

Bolo de iogurte, limão cravo e coco

Sem dúvida alguma posso batizar o bolo de iogurte do Epicurious como o Bolo da Pandemia: já fiz a receita diversas vezes (afinal de conta já são quase cinco meses em isolamento, trabalhando de casa) e variei os sabores de muitas maneiras: todas as vezes consegui um bolo macio e delicioso. 

Quando recebi limão cravo na cesta orgânica imediatamente pensei em usá-los no bolo, seu perfume tão maravilhoso que é. No mesmo dia havia preparado doce de abóbora com coco e quando bati o olho no saquinho de coco ralado imaginei logo a combinação com o limão cravo – fiquei aguada só de pensar! 

Substituí parte da farinha de trigo pelo coco, portanto o topo do bolo não ficou altinho como das outras vezes, por causa da diminuição do glúten da receita. A maciez do bolo foi algo que me surpreendeu demais, além do sabor: por isso, quis fazer as fotos com fatias já cortadas, para que vocês pudessem ver a textura da receita. 

 O cheiro do limão cravo me traz lembranças da infância: uma de minhas tias morava em um sítio e havia um pé deste limão em seu quintal. Na época, usávamos os limõezinhos para fazer guerrinhas uns contra os outros, e minha mãe ficava brava demais com o desperdício. Mal sabia a dona Tereza que limão se tornaria o meu sabor favorito de bolos e doces – vai ver, as guerrinhas de limão foram mesmo um sinal. :)

Bolo de iogurte, limão cravo e coco

Bolo de iogurte, limão cravo e coco

um nadinha adaptado do Epicurious, de novo!

 

- xícara medidora de 240ml

 

1 ¼ xícaras (175g) de farinha de trigo

2 colheres (chá) de fermento em pó

¼ colher (chá) de sal

½ xícara (50g) de coco ralado sem adição de açúcar – reserve 1 colher (sopa) para polvilhar sobre a massa antes de assar

1 xícara (200g) de açúcar, cristal ou refinado

raspas da casca de 3 limões cravos pequenos

¾ xícara (180g) de iogurte natural integral – usei de ovelha, por causa da lactose

½ xícara (120ml) de óleo vegetal – usei de canola

2 ovos grandes, temperatura ambiente

1 colher (chá) extrato de baunilha

Preaqueça o forno a 180°C. Pincele levemente com óleo uma forma de bolo inglês com capacidade para 6 xícaras de massa (1 litro e meio), forre com papel manteiga deixando sobras nos dois lados mais longos, formando “alças” que vão lhe ajudar a remover o bolo depois de assado. Pincele o papel com óleo também.

Em uma tigela média, peneire a farinha, o fermento e o sal. Junte o coco e misture – não se esqueça de reservar 1 colher (sopa) do coco para polvilhar a massa. Reserve.

Em uma tigela grande, junte o açúcar e as raspas de limão cravo e esfregue com as pontas dos dedos até o açúcar ficar aromatizado. Acrescente o iogurte, o óleo, os ovos e a baunilha misture usando um batedor de arame, até obter uma massa homogênea. Com uma espátula de silicone, incorpore os ingredientes secos – se a massa ficar muito engrumada, misture levemente com o batedor de arame, mas não bata demais para não desenvolver o glúten da farinha.

Despeje a massa na forma preparada e alise a superfície. Salpique o topo da massa com o coco ralado reservado.

Asse por 50-55 minutos ou até que o bolo cresça e doure (faça o teste do palito). Deixe esfriar na forma sobre uma gradinha por 15 minutos, e então remova com cuidado da forma, usando o papel como guia. Transfira para a gradinha e deixe esfriar completamente.

O bolo pode ser guardado em um recipiente hermético por até 3 dias.

Rend.: 8 porções

segunda-feira, agosto 03, 2020

Barquinhas de berinjela com tomate e queijo e as receitas do blog

English version

Barquinhas de berinjela com tomate e queijo


Dias atrás, perguntei para os meus seguidores no Instagram quais eram as receitas que eles mais curtiam ver no blog, aquelas receitas que logo de cara despertam a vontade de ir para a cozinhar e preparar. Os bolos e cookies ganharam disparados, seguidos por brownies e pães. Algumas seguidores me disseram que gostam das receitas salgadas, para variar o dia-a-dia, e sopas também foram mencionadas.

Eu confesso a vocês que adoro fazer e fotografar (e comer!) bolos e cookies, mas não dá pra viver só de doces, né, meus amores? :D Ainda mais em quarentena, sem fazer exercícios físicos com a regularidade que eu fazia antes... Por isso, vou continuar postando sim as receitas doces que vocês adoram – e que amo ver nas redes sociais, quando vocês me marcam nas suas publicações –, mas intercalando com receitas salgadas que preparo para as refeições diárias, como a berinjela recheada que lhes trago hoje: é deliciosa. Espero que gostem. xx

Barquinhas de berinjela com tomate e queijo

Barquinhas de berinjela com tomate e queijo
receita minha

- xícara medidora de 240ml

Barquinhas:
2 berinjelas grandes (cerca de 350g cada)
2 colheres (chá) de azeite

Recheio:
2 colheres (sopa) de azeite
1 cebola pequena, bem picadinha
2 dentes de alho, bem picadinhos
2 tomates maduros, sem as sementes, em cubinhos
sal e pimenta do reino moída na hora
2 colheres (chá) de orégano seco
algumas folhinhas de manjericão fresco
2 xícaras (140g) de mozarela passada no ralador grosso (rale, depois meça) – reserve 3 colheres (sopa) para polvilhar as barquinhas
8 azeitonas pretas grandes, sem os caroços, picadinhas

Preaqueça o forno a 200°C. Forre uma assadeira grande e rasa com papel alumínio.
Corte as berinjelas no sentido do comprimento, formando barquinhas, e então faça cortes quadriculados na polpa, sem cortar até o final (preserve a casca intacta para que as barquinhas não desmontem). Pincele o lado cortado com o azeite e arrume as berinjelas viradas para baixo no papel alumínio. Leve ao forno por 30 minutos.

Enquanto isso, comece a preparar o recheio: aqueça o azeite em uma frigideira grande, de preferência antiaderente, em fogo médio-alto. Junte a cebola e refogue, mexendo algumas vezes, até ficar transparente. Junte o alho e refogue por 1 minuto apenas – não deixe o alho queimar, para não amargar a receita. Acrescente o tomate, tempere com sal e pimenta e refogue, mexendo algumas vezes, até o tomate começar a desmanchar. Acrescente o orégano e cozinhe por mais 2 minutos. Acrescente o manjericão, misture e desligue.

Retire do forno (mantenha-o ligado) e, com cuidado para não se queimar, retire a polpa da berinjela usando uma colher, mas sem cavar demais para que as barquinhas não fiquem muito frágeis. Junte a polpa das berinjelas ao refogado, acrescente a mozarela – não se esqueça de reservar 3 colheres (sopa) para a cobertura – e a azeitona e misture bem. Recheie as barquinhas com a mistura e polvilhe com a mozarela reservada. Volte ao forno por mais 25 minutos.
Sirva imediatamente.

Rend.: 4 porções – aqui servi com arroz e salada de verdes, portanto 1 barquinha (1 metade de berinjela) por pessoa foi suficiente; caso queira servir como prato único, creio que 2 barquinhas (1 berinjela inteira) por pessoa sejam suficientes

segunda-feira, julho 27, 2020

Croquetes de batata, ervilha e queijo para desafogar um coração

English version

Croquetes de batata, ervilha e queijo

Comida é sinônimo de afeto, conforto em vários momentos das nossas vidas. Dias atrás eu estava pensando muito na minha avó, que agora está velhinha e doente e não se lembra mais das pessoas e das coisas. Guardei o pensamento pra mim e segui meu dia.

No dia seguinte recebi uma mensagem da minha prima dizendo que havia colocado os meus vídeos de stories do Instagram para a minha avó ver, e ela se lembrou de mim, comentando o quanto eu era parecida fisicamente com a minha mãe, mas que no fundo eu era mesmo parecida com ela (vó), e por sermos “pimentas ardidas” assim sofríamos muito na vida. Eu chorei muito neste dia, tanto por ela ter se lembrado de mim e de minha mãe, quanto por saber que sim, vó, nós somos parecidas nesse nosso jeitão, a gente se faz de durona, mas no fundo a gente sofre, sim, e se sente só, e chora.

Depois disso fui para a cozinha e fiz uma comidinha que era a cara da minha vó Iza: croquete – toda vez que tinha croquete no almoço era uma felicidade só. A vó fazia croquetes com restinhos de carne de panela ou moída, mas eu optei por uma versão vegetariana, e também decidi assar em vez de fritar. A massa é bem macia, portanto, seja cuidadoso na hora de virar os croquetinhos na assadeira – e fique à vontade para fritar se quiser uma versão mais raiz da receita.

Croquetes de batata, ervilha e queijo
receita minha

2 batatas médias (300g pesadas ainda com a casca), descascadas e cortadas em 4 partes cada
sal
1 colher (sopa) de manteiga sem sal
¼ xícara de ervilhas congeladas, já descongeladas
¾ xícara (50g) de mozarela ralada no ralador grosso – rale, depois meça
pimenta do reino moída na hora

Para empanar:
1 ovo batido com o garfo com 2 colheres (chá) de água fria – tempere com pitada de sal e de pimenta do reino
2/3 xícara de farinha de rosca ou farelo de pão – tempere com pitada de sal e de pimenta do reino

Coloque as batatas em uma panelinha, cubra com água fria e leve ao fogo alto. Quando a água começar a ferver, junte 1 pitada de sal e cozinhe até que as batatas estejam macias – é o mesmo processo para fazer purê. Quando estiverem macias, escorra bem e passe as batatas pelo espremedor. Junte a manteiga, as ervilhas e a mozarela, tempere com sal e pimenta do reino misture bem. Usando 2 colheres (sopa) niveladas de massa por vez, modele os croquetes e transfira para um prato. Leve à geladeira por 40 minutos para que firmem bem.

Enquanto isso, preaqueça o forno a 200°C e forre uma assadeira média com papel alumínio, pincelando bem com azeite – esta etapa é importante, pois quando o queijo derrete ele pode grudar um pouquinho no papel.
Passe os croquetes pelo ovo batido e em seguida pela farinha de rosca. Arrume-os na assadeira preparada deixando 3cm de distância entre um e outro. Leve ao forno por 20 minutos, e então vire os croquetes com bastante cuidado – a massa é macia e pode desmanchar. Asse por mais 20 minutos do outro lado e sirva imediatamente.

Rend. cerca de 1 dúzia de croquetes


quinta-feira, julho 23, 2020

Bolo formigueiro de banana e algo diferente aqui em casa

English version

Bolo formigueiro de banana

Vivemos tempos insanos – e, no Brasil, por mais motivos do que apenas a pandemia – e muita coisa está diferente. Entretanto, hoje falarei de algo pequeno, porém importante para mim: João descobriu a alegria que é comer uma fatia de bolo no meio da tarde, entre o almoço e o jantar. Meu marido, que nunca ligou para doces e nunca provava as minhas receitas, hoje em dia me pede para fazer um bolo ou assar biscoitos para que ele faça a sua pausa da tarde, acompanhada de uma xícara de café.

Pode parecer tolice, mas para mim foi uma surpresa muito agradável, e um afago nestes meses todos trancada em casa.

Portanto aqui em casa ando fazendo bolos uma vez por semana, ou às vezes faço biscoitos, e ele me pede, com aqueles olhos do Gato de Botas do Shrek, se pode comer uma fatia com o seu espresso. Não só pode, como enche o meu coração de alegria quando faz isso.

Um dos bolos que fiz dias desses foi o de banana que lhes trago hoje: precisei adaptar a receita, porque só tinha uma única banana madurinha em casa, e assei em uma forma de bolo inglês pequenina. Ficou úmido, macio e perfumou a casa toda quando estava no forno.

Bolo formigueiro de banana

Bolo formigueiro de banana
adaptado desta receita

- xícara medidora de 240ml

1 banana grande (150g – pesada ainda com a casca) bem madura
2 ovos, temperatura ambiente
65g de açúcar mascavo claro
100ml de óleo vegetal de sabor neutro – usei canola
1 colher (chá) de extrato de baunilha
185g de farinha de trigo
1 ¾ colheres (chá) de fermento em pó
½ colher (chá) de canela em pó
1 pitada de sal
3 colheres (sopa) de chocolate granulado

Preaqueça o forno a 180°C. Unte com óleo uma forma de bolo inglês de 22x10cm, com capacidade para 4 ½ xícaras de massa. Forre com papel manteiga, deixando sobras nos lados mais longos da forma, formando alças, e unte o papel também.

Em uma tigela média, amasse bem a banana com um garfo. Junte os ovos, o açúcar, o óleo e a baunilha e misture bem com um batedor de arame.
Acrescente a farinha, o fermento, a canela e o sal e misture com uma espátula para incorporar – não bata demais para não deixar o bolo duro. Incorpore o chocolate granulado. Despeje na forma preparada, alise a superfície e leve ao forno por aproximadamente 40 minutos, ou até que o bolo cresça e doure (faça o teste do palito).

Deixe esfriar na forma, sobre uma gradinha, por 20 minutos, e então desenforme, usando as alças de papel, e transfira para a gradinha. Deixe esfriar completamente.

Rend.: 6-7 fatias

sexta-feira, julho 17, 2020

Stir-fry de carne com cenoura e alho-poró e o freezer como aliado

Stir fry de carne com cenoura e alho-poró

Que o freezer tem sido um aliado importante nestes tempos nem preciso dizer: ele permite que as idas ao supermercado sejam bem espaçadas. Em uma das vezes em que fui ao mercado, trouxe carne em tirinhas para congelar e fazer um picadinho qualquer hora dessas – esta é a receita que uso e fica realmente deliciosa, recomendo muito a quem ainda não provou.

Mas o tempo foi passando, eu fui preparando outras refeições mais centradas em vegetais e meio que esqueci da carninha no freezer. Ao procurar o salsão congelado para fazer sopa, vi a carne no fundo do freezer e na hora já transferi para a geladeira para descongelar. Estava firme no propósito de fazer o picadinho, mas de repente senti vontade de fazer algo mais para o lado oriental, para comer com arroz – tão bom!

Uma passada de olhos por algumas receitas na internet e o almoço estava decidido: stir-fry com a carne, cenoura e alho-poró. Uma comida tão simples, que preparei em um piscar de olhos, e que ficou uma delícia.
Baby beef já é uma carne macia, mas a marinada a deixa melhor ainda, portanto não pule esta etapa.

Stir-fry de carne com cenoura e alho-poró
receita minha, marinada desta receita da Gourmet Traveller

- xícara medidora de 240ml

Carne e marinada:
400g de baby beef em tiras finas
2 ½ colheres (sopa) de shoyu
2 colheres (chá) de óleo de gergelim torrado
1 ¼ colheres (chá) de açúcar cristal ou refinado
1 ¼ colheres (chá) de amido de milho

Restante da receita:
3 cenouras pequenas ou 2 médias (total de 250g)
1 alho-poró grande ou 2 pequenos, somente a parte clara
2 ½ colheres (sopa) de óleo de canola
2 dentes de alho, bem picadinhos
1 ½ colheres (sopa) de shoyu
1 ½ colheres (chá) de óleo de gergelim torrado
1/3 xícara de castanhas de caju torradas – usei inteiras para deixar a foto mais bonita; se desejar, pique grosseiramente antes de usar

Em uma tigela média, misture o shoyu, o óleo de gergelim, o açúcar e o amido. Junte a carne e misture bem para cobrir todos os pedacinhos com a marinada. Reserve em temperatura ambiente por 15 minutos. Enquanto isso, descasque as cenouras e passe pela mandolina ou corte com a faca em fatias bem fininhas. Corte o alho-poró em fatias finas.

Aqueça uma wok ou uma frigideira antiaderente grande em fogo alto. Junte metade do óleo de canola. Quando estiver bem quente, acrescente a carne sem a marinada (reserve para depois) e deixe selar, mexendo uma vez para virar os pedacinhos – para esta quantidade de carne tive que fazer a selagem em duas etapas, portanto dividi o uso do óleo entre elas. Transfira a carne e qualquer suco que tenha se formado na wok para um prato.
Volte a panela ao fogo alto e junte o restante do óleo de canola. Quando estiver bem quente, acrescente a cenoura e refogue, mexendo algumas vezes, por 2 minutos. Junte o alho-poró e refogue por mais 2 minutos. Abra um espaço no centro da panela e junte o alho. Refogue por 1 minuto – não deixe queimar para não amargar a receita – e então misture-os aos outros vegetais. Volte a carne para a panela, acrescente a marinada reservada e misture tudo muito bem. Regue com o shoyu e o óleo de gergelim, misture bem e cozinhe por 1 minuto. Desligue o fogo, misture as castanhas e sirva imediatamente.

Rend.: 4 porções

sexta-feira, julho 10, 2020

Frango ensopado à moda indiana (butter chicken) e uma mudança de ideia

English version

Frango ensopado à moda indiana / Butter chicken

Uma vez, há muitos anos, conversando com uma amiga, contava para ela sobre as frescurites gastronômicas do João – na época eram várias, pois a conversa foi antes da viagem dele para a China. Ela me disse que eu deveria fazer as comidas que ele não come e servir mesmo assim, e ele deveria comer e pronto – era como ela fazia na casa dela. Expliquei que não faria isso de jeito nenhum, pois quando eu era pequena e vivia com meu pai e a mulher dele, ela deixava comidas prontas na geladeira por muitos dias, até a comida chegar a feder, e eu e meu irmão tínhamos que comer mesmo assim.

Eu jamais seria capaz de forçar alguém a comer algo que não quer. Eu jamais faria a alguém o que havia sido feito comigo.

João sempre odiou frango ensopado, ou “frango molhado”, como ele diz. Como eu estava doida pra fazer a receita de hoje, pois nunca havia preparado butter chicken, falei que assaria almôndegas para ele no almoço. Quando ele sentiu o cheiro do franguinho, mudou de ideia e me disse que provaria. Não só ele provou, como eu já fiz a receita mais duas vezes depois daquela, a pedido dele. Ele ficou surpreso com a maciez do frango, com o sabor e também com a textura do molho, pois não era aguado como ele imaginara: era cremoso, espesso. O poder do iogurte e das especiarias... :)

Frango ensopado à moda indiana (Butter chicken)
um tiquinho adaptado da revista Good Food

- xícara medidora de 240ml

Para marinar o frango:
½ xícara (130g) de iogurte natural integral – em uma das vezes meu iogurte era pouco, completei com buttermilk caseiro (leite + suco de limão)
suco de ½ limão taiti
1 colher (chá) de cominho em pó
1 colher (chá) de páprica doce
¼ colher (chá) de pimenta caiena em pó
sal e pimenta do reino moída na hora
350g de peito de frango, sem pele e sem osso, em pedaços de aproximadamente 3cm

Para o curry:
1 colher (sopa) de óleo vegetal – usei canola
½ cebola grande, picadinha
2 dentes de alho, amassados e picadinhos
1 colher (sopa) de gengibre fresco ralado – rale, depois meça
2 colheres (chá) de garam masala*
2 colheres (sopa) de extrato de tomate
1 xícara (240ml) de água fervente
1 folha de louro
2 colheres (sopa) de folhas de coentro, picadas – meça, depois pique
2 colheres (sopa) de amêndoas em lascas, tostadas

Em uma tigela media, misture o iogurte, o suco de limão, as especiarias, o sal e a pimenta. Junte o frango e misture bem para cobrir todos os pedacinhos com a marinada. Cubra e leve à geladeira por 1 hora, ou de um dia para o outro – das duas vezes em que fiz a receita, marinei o frango por 3 horas.

Aqueça o óleo em uma panela média, em fogo médio-alto. Junte a cebola, o alho e o gengibre e refogue, mexendo algumas vezes, por 5-6 minutos ou até os ingredientes amaciarem. Acrescente as especiarias e o extrato de tomate, refogue por mais 2 minutos, e então acrescente a água, o louro e o frango, junto com a marinada. Misture bem e cozinhe em fogo baixo por 15-20 minutos, mexendo de vez em quando para não grudar no fundo da panela, até o frango estiver cozido e o molho estiver encorpado e cremoso. Junte o coentro e misture.
Sirva em seguida salpicado com as amêndoas.

* em vez de garam masala, usei uma mistura de especiarias chamada “vindaloo” que contém canela, cardamomo, sementes de coentro, cominho, cravo, cúrcuma, feno-grego, gengibre em pó, sementes de mostarda amarela, pimenta do reino e pimenta calabresa. Se quiser seguir a receita original, use 1 colher (chá) de garam masala + 1 colher (chá) de feno-grego em pó

Rend.: 2 porções

terça-feira, julho 07, 2020

Torta de liquidificador com sardinha e legumes para uma viagem no tempo

Torta de liquidificador com sardinha e legumes

Dias atrás andávamos meio nostálgicos aqui em casa, e João lembrou da torta de sardinha que sua mãe preparava quando ele era pequeno. Minha mãe também fazia muito aquelas tortas de liquidificador em que quase qualquer coisa pode ser usada como recheio: eu levava os quadradinhos na lancheira para a escola, meu pai os levava na marmita para o trabalho.

Quando o João me mediu para fazer a tal torta, pensando em sua mãe (ela faleceu em 2011), corri para a cozinha para ter certeza de que havia uma lata de sardinha na despensa: quando a encontrei no fundo do armário o almoço do sábado estava decidido. Uma saladinha de verdes para acompanhar e a comida alimentou o corpo e a alma.

Esta receita é super versátil e você pode usar atum, frango desfiado... Ou só vegetais cozidos para uma versão vegetariana. Colocar palmito fica uma delícia também. Na receita de hoje, achei que os tomates deixaram a torta um pouco úmida demais para o meu gosto, portanto, da próxima vez, trocarei por outro vegetal.

Uma dica: não façam como eu e esperem a torta esfriar alguns minutos antes de cortar, para que ela fique mais firme. Aqui a fome estava gigante e a pressa maior ainda. :D

Torta de liquidificador com sardinha e legumes
adaptada de uma torta de palmito da Claudia Cozinha

- xícara medidora de 240ml

Recheio:
1 cenoura média (140g), descascada e em cubinhos de pouco mais de 0,5cm
1 ½ colheres (sopa) de azeite
½ cebola média picadinha
2 tomates maduros, sem as sementes, em cubinhos
sal e pimenta do reino moída na hora
3 colheres (sopa) de azeitona verde picada – pique, depois meça
2 colheres (sopa) de folhas de salsinha picada – pique, depois meça
1/3 xícara de ervilhas congeladas, descongeladas – para fazer isso rapidamente, passe por água quente e escorra bem
1 lata de sardinha (125g) – escorra, retire a espinha central dos peixinhos e desmanche-os em lascas pequenas

Massa:
2 ovos, temperatura ambiente
3 colheres (sopa) de azeite
1 xícara (240ml) de leite
2/3 xícara (93g) de farinha de trigo
3 colheres (sopa) de amido de milho
2 ½ colheres (chá) de fermento em pó
¼ colher (chá) de sal
1 pitada de pimenta do reino moída na hora
1 xícara (75g) de parmesão passado no ralador grosso – rale, depois meça

Para polvilhar:
1 ½ colheres (sopa) de parmesão ralado

Comece pelo recheio: coloque a cenoura em uma panelinha, cubra com água fria, tempere com 1 pitada de sal e leve ao fogo alto. Quando começar a ferver, cozinhe por 12 minutos. Escorra bem e reserve.
Enquanto isso, em uma frigideira média, aqueça o azeite e refogue a cebola, mexendo algumas vezes, até murchar. Junte o tomate, tempere com sal e pimenta e refogue por 5 minutos, mexendo algumas vezes, até o tomate começar a desmanchar. Desligue o fogo e deixe esfriar.

Massa: preaqueça o forno a 180°C. Unte com óleo uma forma quadrada de 20cm – não use forma com fundo removível, pois a massa é bem líquida e pode vazar.
Junte os ovos, o azeite e o leite no liquidificador e bata bem. Acrescente a farinha, o amido de milho, o fermento, o sal e a pimenta e bata novamente. Junte o parmesão e bata uma última vez – a massa é bem líquida mesmo.

Espalhe metade da massa na forma preparada. Vá distribuindo os recheios sobre a massa, um a um, espalhando de maneira uniforme. Cubra com a massa restante. Polvilhe com o parmesão e asse por 35-40 minutos ou até dourar. Deixe esfriar por cinco minutos e corte em quadrados.

Rend.: 16 quadradinhos

sábado, julho 04, 2020

Bolo de iogurte, limão e semente de papoula e 14 anos de TK!

Bolo de iogurte, limão e semente de papoula

Hoje é um dia especial: meu blog completa 14 anos! É muito tempo, gente! Quando comecei a escrever aqui jamais pensei que duraria tanto, e muito menos que haveria tanta gente me seguindo, fazendo as receitas... É uma alegria enorme receber os comentários, mensagens e fotos de vocês me contando das receitas – fico com o coração quentinho!

Para comemorar, fiz um bolinho bem simples, porém delicioso, novamente a receita da Epicurious que já fiz mármore e com laranja, desta vez adaptada com limão taiti e sementes de papoula. Antes que me perguntem, vocês encontram as sementes no site da Bombay Temperos (não é publi), mas se vocês não tiverem em casa façam o bolo mesmo sem as sementes: ele fica macio e delicioso, perfumado de limão.

Que venham mais muitos anos de TK! Obrigada por me fazerem companhia por todo esse tempo, me inundando de carinho. <3


Bolo de iogurte, limão e semente de papoula
um nadinha adaptado do Epicurious, de novo!

- xícara medidora de 240ml

1 ½ xícaras (210g) de farinha de trigo
2 colheres (chá) de fermento em pó
¼ colher (chá) de sal
1 xícara (200g) de açúcar, cristal ou refinado
raspas da casca de 2 limões taitis pequenos
¾ xícara (180g) de iogurte natural integral – usei de ovelha, por causa da lactose
½ xícara (120ml) de óleo vegetal – usei de canola
2 ovos grandes, temperatura ambiente
1 colher (chá) extrato de baunilha
1 colher (sopa) de sementes de papoula

Preaqueça o forno a 180°C. Pincele levemente com óleo uma forma de bolo inglês com capacidade para 6 xícaras de massa (1 litro e meio), forre com papel manteiga deixando sobras nos dois lados mais longos, formando “alças” que vão lhe ajudar a remover o bolo depois de assado. Pincele o papel com óleo também.
Em uma tigela média, peneire a farinha, o fermento e o sal. Reserve.

Em uma tigela grande, junte o açúcar e as raspas de limão e esfregue com as pontas dos dedos até o açúcar ficar aromatizado. Acrescente o iogurte, o óleo, os ovos e a baunilha misture usando um batedor de arame, até obter uma massa homogênea. Com uma espátula de silicone, incorpore os ingredientes secos – se a massa ficar muito engrumada, misture levemente com o batedor de arame, mas não bata demais para não desenvolver o glúten da farinha. Acrescente as sementes de papoula e misture.

Despeje a massa na forma preparada e alise a superfície.
Asse por 50-55 minutos ou até que o bolo cresça e doure (faça o teste do palito). Deixe esfriar na forma sobre uma gradinha por 15 minutos, e então remova com cuidado da forma, usando o papel como guia. Transfira para a gradinha e deixe esfriar completamente.

O bolo pode ser guardado em um recipiente hermético por até 3 dias.

Rend.: 8 porções