Domingo passado eu tinha dito para o João que não assistiria ao Oscar,
porque termina tarde demais e os resultados dos últimos anos não compensavam o
meu sono perdido. Só que no começo da noite eu caí em tentação e acabei vendo.
Foi tudo bem sem graça, como em anos anteriores, o meu favorito do coração só
levou 1 estatueta apesar das 12 indicações, mas pelo menos vi a maravilhosa
Jane Campion com o troféu nas mãos.
Will Smith ter levado o prêmio foi, para mim, uma das grandes injustiças
da história do Oscar, tendo os impecáveis Benedict Cumberbatch e Andrew Garfield
concorrendo com ele – nível Gwyneth Paltrow de injustiça. Ele como ator não
merecia, ele é caricato, o filme é ruim... Sinto sono só de escrever sobre
isso. E nada contra Will: se ele tivesse ganhado quando foi indicado com “Ali”,
eu teria aplaudido.
E falando nele, a cerimônia virou uma confusão danada por causa do tapa
bem dado na cara do Chris Rock e o barraco acabou ofuscando um pouco os
prêmios, mas sinceramente, pensando nos ganhadores, nem precisava ter tido
porrada para que isso acontecesse: alguém vai mesmo se lembrar de “No Ritmo do
Coração” daqui a dez anos? Ou cinco?
No futuro, falaremos de “Ataque dos Cães”, da beleza do filme, do
roteiro, das interpretações, da fotografia, em como foi inovador e provocador, tendo feito até o Sam Elliott ter um ataque de Maria Pelanca. Falaremos do
quanto Jane Campion é incrível e de como ela inovou não só o cinema, mas também
a TV, sendo aplaudida de pé por minutos a fio em Cannes com um seriado – quem viu
“Top of the Lake” sabe. Falaremos, no futuro, em como o filme foi preterido por
algo mais palatável, uma Sessão da Tarde fofinha.
Alguém ainda se lembra de “Crash – No Limite”, a não ser que seja para
comentar a injustiça que houve com “Brokeback Mountain”? Aliás, o único “Crash”
do qual eu sempre lembro é o do Cronenberg.
“Ataque dos Cães” se tornará um clássico, não há dúvida. E os clássicos
são eternos.
Falando neles, depois de quinze anos de blog, finalmente preparei o molho
de tomate da Marcella Hazan, a versão com tomate pelado – difícil de acreditar
que eu nunca tinha feito esta receita antes, mas sempre que eu lembrava de
prepará-la já tinha colocado azeite na panela e picado a cebola, daí deixava
para uma próxima.
O molho é incrivelmente fácil de fazer, prático e o melhor de tudo:
delicioso. A manteiga dá textura ao molho, além de sabor, deixando-o aveludado.
Fiquei apaixonada pela receita e já a repeti mais algumas vezes depois do dia
da foto. Tenho certeza de que quem ainda não provou, vai amar.
Aproveito para lhes contar que o manjericão que usei no molho estava congelado:
manjericão estraga super fácil, então congelo para usar em molhos e pizzas (antes
de assar). Não serve para fazer salada, mas para receitas em que haja algum
tipo de cozimento é uma mão na roda e evita desperdício.
Molho de tomate da Marcella Hazan
um nadinha adaptado daqui
2 latas de tomates pelados, passados pelo liquidificador ou mixer
1 lata de água fria (meça nas latas para "enxaguar" o restinho de tomate nelas)
5 colheres (sopa) – 70g – de manteiga sem sal
1 cebola média, descascada e cortada ao meio, sem separar as pétalas
1 folha de louro
sal e pimenta do reino moída na hora
folhas de manjericão fresco
Coloque os tomates batidos, a água, a cebola com a parte cortada virada para
baixo, a manteiga, o louro, o sal e a pimenta em uma panela grande (precisa ser alta, porque
o molho espirra um pouco durante o cozimento). Misture levemente para incorporar
os temperos e leve ao fogo baixo, com a panela destampada, por cerca de 40
minutos, mexendo de vez em quando para não grudar no fundo.
Desligue o fogo, remova a cebola e o louro e junte o manjericão. Sirva com o
macarrão da sua preferência.
Rend.: o suficiente para 500g de macarrão