Para mim, parte do processo de crescer foi entender que gosto não se discute: eu costumava ser bastante enfática sobre as coisas de que gosto – e às vezes ainda sou –, mas tenho tentado não ser tão chata. Até certa idade eu costumava achar que as coisas das quais eu gostava eram melhores do que as coisas das quais os outros gostavam – não mais. Pelo menos tento não ser assim (reparem que digo “tento”, não que consigo). :)
Acho que lhes contei um tempão atrás que estava adorando a banda Ra Ra Riot e recentemente descobri que eles tinham um novo álbum no Spotify (nem sei quando foi lançado, já que ultimamente venho lutando para equilibrar trabalho + projetos pessoais, não me sobra muito tempo para me atualizar sobre tanto assunto). Acabei googlando o tal álbum e descobri um texto de um cara que parece tê-lo odiado, reclamando que o som da banda parece algo saído dos anos 80 e que eles parecem possuídos pelo Journey na faixa “Call Me Out” – eu achei graça e pensei: “bem, esta é uma das razões pelas quais eu gosto da banda e ‘Call Me Out’ é a minha canção favorita deste álbum”. Realmente, gosto não de discute. :D
Talvez muitos (ou talvez apenas alguns?) de vocês não vão gostar do bolo que trago hoje porque trata-se de um bolo bem denso e úmido, e a farinha de centeio dá um retrogosto amendoado a ele – se vocês me perguntaram, eu amei o bolo justamente por causa de tudo isso. Questão de gosto, mesmo – ou vontade do momento, sei lá. Quem estiver com vontade de comer um bolo leve e fofinho, sugiro um passeio pelo índice de receitas do blog – e quem estiver a fim de um bolo mais pesadão, porém muito gostoso, sugiro um pulo ao mercadinho para comprar maçãs. ;)
Bolo de maçã com farinha de centeio
um tiquinho adaptado da Lucy Cufflin
- xícara medidora de 240ml
1/3 xícara (75g) de manteiga sem sal
¾ xícara (150g) de açúcar demerara
1/3 xícara (80ml) de leite integral
2 maçãs Granny Smith, descascadas e raladas grosseiramente
1 ovo grande
½ colher (chá) de extrato de baunilha
½ xícara (70g) de farinha de trigo
½ xícara (70g) de farinha de centeio
½ xícara (50g) de farinha de amêndoa
2 ½ colheres (chá) de fermento em pó
½ colher (chá) de canela em pó
1 pitada de sal
1 ½ colheres (sopa) de aveia em flocos, para salpicar na massa do bolo
Preaqueça o forno a 180°C. Unte com manteiga uma forma de bolo inglês com capacidade para 5 xícaras de massa, forre-a com papel manteiga e unte-o também.
Junte a manteiga, o açúcar e o leite em uma panelinha e leve ao fogo médio até o açúcar dissolver a manteiga derreter. Desligue o fogo e deixe esfriar. Em uma tigela grande, misture com um batedor de arame as farinhas, o fermento, a canela e o sal. Junte os ingredientes da panela, as maçãs, o ovo e a baunilha e misture até homogeneizar. Transfira para a forma preparada, alise a superfície e salpique com a aveia.
Leve ao forno por cerca de 40 minutos ou até que o bolo cresça e doure – faça o teste do palito. Deixe esfriar na forma sobre uma gradinha por 25 minutos, e então desenforme e transfira para a gradinha para que esfrie completamente. Retire com cuidado o papel e sirva.
Rend.: 8 porções
sábado, junho 25, 2016
Bolo de maçã com farinha de centeio e gosto não se discute
terça-feira, junho 21, 2016
Linguine com molho de tomate e chorizo
Apesar de não ter tido tempo de postar regularmente como eu gostaria, as receitas em casa andam a todo vapor – família e amigos agradecem. ;)
As comidas vão bem, mas o ritmo no trabalho está intenso e por isso ando exausta – dias atrás tive uma prova disso: estava vendo uma reprise de “Law & Order: Criminal Intent” (vocês sabem o quanto adoro esse seriado!) e levei um bom tempo (um bom tempo mesmo) para reconhecer Carrie Preston no episódio; eu tinha certeza de que a conhecia de algum lugar, mas sem o cabelo vermelhão da Arlene meu cérebro demorou bastante para processar a informação. :D
E falando sobre intensos tons de vermelho, posso lhes apresentar ao prato que fiz no final de semana passado e que fez o maior sucesso com o João? A ideia inicial era fazer o bom e velho bolonhesa, mas quando chegamos ao mercado o moedor de carne havia quebrado. Decidi, então, fazer um molho ao sugo mesmo, mas quando abri a geladeira para pegar a cebola e o alho dei de cara com um pedaço de chorizo: piquei em cubinhos e os usei para substituir a carne moída. Um tantinho de xerez para deixar as coisas mais espanholas, um punhado de manjerona – erva que adoro combinar com carne de porco, acho que vão super bem juntas – e o almoço estava servido.
Linguine com molho de tomate e chorizo
criação minha
- xícara medidora de 240ml
1 ¼ xícaras (175g) de chorizo macio do tipo espanhol*, em cubinhos pequenos – corte, depois meça
½ cebola grande, picadinha
2 dentes de alho grandes, amassados e picadinhos
2 colheres (sopa) de xerez – opcional, pode ser substituído por vinho tinto
1 ½ colheres (sopa) de extrato de tomate
1 lata de 400g de tomates pelados picados
1 colher (sopa) de açúcar
sal e pimento do reino moída na hora
2 folhas de louro
1 punhado de folhas de manjerona fresca
300g de linguine ou outra massa longa da sua preferência
parmesão ou pecorino, para servir
Aqueça uma panela media em fogo médio-alto. Junte o chorizo e vá fritando até que ele solte óleo e comece a ficar crocante. Junte a cebola e refogue até amaciar, 4-5 minutos, mexendo algumas vezes para que não grude no fundo da panela. Junte o alho e refogue até perfumar, cerca de 1 minuto.
Acrescente o xerez e cozinhe até que reduza, uns 2 minutos. Acrescente o extrato de tomate, cozinhe por 1 minuto, e então junte os tomates pelados e amasse-os com um amassador de batatas ou com as costas da colher de pau. Encha a lata pela metade com água e junte ao molho. Acrescente o açúcar, tempere com sal e pimenta – cuidado, pois o chorizo já é salgado e apimentado – e misture. Junte as folhas de louro e a manjerona e cozinhe em fogo baixo, semi-tampado, mexendo algumas vezes para que não grude no fundo da panela, por cerca de 20 minutos ou até que o molho engrosse.
Enquanto isso, cozinhe o linguine em uma panela grande de água fervente e salgada até que fique al dente, cerca de 10 minutos (confira as instruções na embalagem). Escorra o macarrão e envolva-o no molho. Sirva imediatamente polvilhado com parmesão, pecorino, ou para um toque ainda mais espanhol: manchego.
* uma ideia para quem não encontra chorizo: creio que a receita ficaria muito saborosa com linguiça defumada acrescida de páprica picante e/ou defumada
Rend. 3 porções
sexta-feira, junho 10, 2016
Cookies de paçoca e uma mente que vaga por aí
Dias atrás, enquanto eu dirigia para casa, no meio de um engarrafamento gigantesco, comecei a ouvir The Wallflowers e foi como viajar no tempo: no longínquo ano de 1996 passei meses ouvindo “Bringing Down the Horse”, um CD que comprei por ter me apaixonado por “One Headlight” logo na primeira vez em que ouvi a música.
Pois lá estava eu, dirigindo pela chuva ouvindo “6th Avenue Heartache” (minha segunda canção preferida daquele álbum) e minha mente saiu por aí, vagando, e quando me dei conta estava pensando no clipe da música, tão lindo, dirigido pelo David Fincher, um dos meus diretores mais queridos.
Uma banda, uma canção, um clipe, um diretor favorito.
Uma coisa boa levando a outra, como a compra do enorme pote de manteiga de amendoim que levou a um bando de receitas com o ingrediente, como o fudge facim, facim que postei outro dia, e hoje estes cookies deliciosos – a aveia é tostada na manteiga antes de ir para a massa e isso, combinado ao açúcar demerara que optei por usar no lugar do branco, dá um sabor caramelado muito gostoso aos biscoitos. Também juntei um pouco de farinha de trigo integral à receita, para acentuar o sabor amendoado.
Dividi os biscoitos com amigas do trabalho e o filho de uma delas, tão fofo, do alto de sua sabedoria dos sete anos de idade, batizou os cookies de “biscoitos de paçoca” – como achei a ideia do João Gabriel simplesmente perfeita, resolvi adotar o nome dado por ele. :)
Cookies de paçoca
um nadinha adaptados da sempre ótima Martha
- xícara medidora de 240ml
¾ xícara (170g) de manteiga sem sal, amolecida – uso dividido
1 xícara (90g) de aveia em flocos
1 xícara (140g) de farinha de trigo
2 colheres (sopa) de farinha de trigo integral
1 colher (chá) de bicarbonato de sódio
1 pitada de sal
1/3 xícara (67g) de açúcar demerara
½ xícara (88g) de açúcar mascavo claro – aperte-o na xícara na hora de medir
1 ovo grande
½ xícara de manteiga de amendoim
½ colher (chá) de extrato de baunilha
½ xícara (70g) de amendoins torrados e salgados, inteiros
Derreta ¼ xícara (56g) da manteiga em uma panela média em fogo médio. Junte a aveia e cozinhe, mexendo, até tostar, 5-7 minutos. Espalhe em uma assadeira forrada com papel toalha e deixe esfriar completamente. Enquanto isso, preaqueça o forno a 180°C. Forre duas assadeiras grandes e rasas com papel manteiga.
Em uma tigela media, misture com um batedor de arame a farinha, o bicarbonato de sódio e o sal. Reserve. Na tigela da batedeira, bata a ½ xícara (113g) de manteiga restante com os açúcares até obter um creme claro - raspe as laterais da tigela algumas vezes durante o preparo da receita. Junte o ovo e bata até incorporar. Junte a manteiga de amendoim e a baunilha, e então bata em velocidade média até combinar. Junte a aveia e os amendoins e misture em velocidade baixa até incorporar. Acrescente a mistura de farinha e misture apenas até incorporar.
Coloque porções de 2 colheres (sopa) niveladas de massa por biscoito nas assadeiras preparadas, deixando 5cm entre uma e outra. Asse por 12-15 minutos ou até que os biscoitos dourem bem nas extremidades. Deixe esfriar completamente nas assadeiras.
Guarde os biscoitos em um recipiente hermético em temperatura ambiente por até 5 dias.
Rend.: cerca de 28 unidades
quarta-feira, junho 01, 2016
Fudge de amendoim facílimo
Como muitos de vocês me lendo agora (tenho certeza), sou aquele tipo de pessoa que se diverte indo ao supermercado – sei que para muitos isso é um tipo de tortura bastante cruel, mas eu adoro. E ainda há aqueles mercados em que se encontram pacotes enormes de produtos – mais diversão ainda! Como diz o meu marido, sou “a louca do Sam’s Club”. :D Meu coração fica quentinho quando penso no saco de açúcar de 5kg dentro do meu armário, só esperando para virar bolo/pão/sobremesa no final de semana.
Eu acabo comprando, também, outras coisas que não uso tanto quanto açúcar, como manteiga de amendoim, por exemplo, mas como eu poderia resistir a um pote de 800g pelo preço de um de 400g? Trouxe o danado para casa e ando fazendo algumas (ou deveria dizer muitas?) receitas com o ingrediente, como este fudge facílimo que lembra o sabor de paçoca com a textura daqueles quadradinhos de doce de leite da infância (de quem é aqui de São Paulo, pelo menos). O fudge é fácil e fica pronto em poucos minutos, mas é preciso paciência para esperar que ele firme e seque e possa ser cortado em quadradinhos – pequenos, pois o doce é DOCE (em caps lock mesmo). :)
Achei que teria de distribuir os quadradinhos pela família para não ter que dar conta deles sozinha, porém o meu marido provou um e depois não deu sossego enquanto não acabou com quase tudo – o mesmo marido que “não gosta de doce”. :D
Fudge de amendoim facílimo
Um nadinha adaptado de Lucy Cufflin
- xícara medidora de 240ml
¼ xícara (56g) de manteiga sem sal
1 xícara (200g) de açúcar demerara
3 colheres (sopa) de leite integral
1/3 xícara generosa (100g) de manteiga de amendoim do tipo “creamy” ou “smooth”
1 colher (chá) de extrato de baunilha
1 pitada de sal
¾ xícara (105g) de açúcar de confeiteiro, peneirado – meça, depois peneire; talvez você não precise usar todo o açúcar
Forre com papel manteiga uma forma de bolo inglês de 20x10cm.
Em uma panela grande, leve a manteiga, o açúcar e o leite ao fogo baixo, mexendo gentilmente até que o açúcar dissolva.
Assim que o açúcar dissolver, deixe que a mistura comece a ferver e conte 3 minutos, sem mexer. Retire do fogo e junte a manteiga de amendoim, a baunilha e o sal, misturando bem. Em seguida, vá juntando o açúcar de confeiteiro aos poucos, mexendo bem com uma colher de pau – a mistura deve ficar cremosa e sedosa, não ressecada (se ressecar, pingue algumas gotinhas de água fria e bata bem com a colher).
Espalhe o fudge na forma forrada e pressione bem com uma espátula ou com as costas de uma colher para alisar a superfície e remover quaisquer bolhas de ar. Deixe esfriar sem cobrir por 4-5 horas ou de um dia para o outro.
Remova da forma com o auxílio do papel e corte em quadradinhos – o fudge pode ser guardado em um recipiente hermético em temperatura ambiente por até 15 dias.
Rend.:36 unidades