Quem me segue no Instagram deve saber que sou fã da Alison Roman: as receitas
parecem deliciosas e fáceis de fazer (como a berinjela que postei aqui no blog tempos atrás), ela é divertida, linda, gosta mesmo de comida e os vídeos dela são tão
bacanas que, sempre que estou tendo um dia meio bunda, corro para revê-los, pois
sempre me deixam mais alegrinha (é isso ou uma bebidinha, e tem dias que faço o
combo, porque né, o Brasil deixa qualquer um desgraçado da cabeça).
Reparei nos vídeos da Alison que ela sempre, ou quase sempre, usa uma
colher de pau para preparar as receitas, uma colher que parece meio velhinha
(pelo vídeo tenho a impressão de que falta um pedacinho na ponta). Ela usa a
colher para misturar um ensopado, um macarrão com couve-flor (que estou doida
pra fazer), entre outras coisas, e além disso sempre prova as receitas usando
uma colher dourada: pois bem, Alison é apegada às colherinhas dela, e eu me
identifiquei demais com isso.
Eu me apego. Eu me apego a muitas coisas. Ou “me agarro”, como diz o meu
amigo querido Fellipe.
Assim com a Alison Roman, também tenho minha colher de pau preferida,
que uso para todas as receitas salgadas (para doces, uso espátulas de silicone que
nunca uso em nada salgado). Tenho minha assadeira preferida, já toda manchada
com os efeitos do tempo, e o copo favorito que uso para tudo: vinho, água com
gás, um drinkinho. Tenho minha almofada favorita pra ver TV no sofá, e o um
cobertorzinho pequenino que comprei há anos, no qual me enrolo sempre que esfria
– quase o Lino da turma do Charlie Brown.
Eu me apego a comidas, também: não pode faltar macarrão nesta casa, sempre
tem pão no freezer, o pote de arroz nunca está vazio. Um bolinho para tomar
café da tarde, hábito que se intensificou na pandemia, e uma leva de almôndegas
no freezer que podem virar almoço ou sanduba. E crumbles: mesmo em dias
extremamente quentes já fui louca o suficiente para ligar o forno para fazer um
crumble, para depois comer suando, mas feliz. É uma sobremesa que amo, tão
caseira e simples e mesmo assim tão deliciosa, que posso fazer com uma
variedade enorme de frutas, inclusive congeladas, que é fácil de preparar e
leva ingredientes básicos que eu sempre tenho em casa: farinha, açúcar,
manteiga.
A receita de hoje foi resultado de uns pêssegos lindos que o João trouxe
do supermercado no começo de janeiro: alguns estavam maduros e doces e eu os
devorei logo de cara. Outros estavam mais sequinhos e meio sem gosto, então
foram para o forno em forma de crumble com framboesas que eu tinha no freezer, para
lembrar os sabores do Peach Melba, sobremesa inventada por Auguste Escoffier.
Testei também usar geleia de framboesa no lugar das framboesas, pois sei
que nem todo mundo encontra as frutinhas para comprar, e deu certo: não fica
exatamente a mesma coisa, mas fica bom também, desde que a geleia usada não seja
doce demais.
Vocês também se apegam?
Crumble Peach Melba com um toque de fubá
receita minha
- xícara medidora de 240ml
Cobertura:
¼ xícara (35g) de farinha de trigo comum
¼ xícara (35g) de farinha de fubá mimoso (bem fininho)
2 colheres (sopa) de açúcar demerara ou cristal
1/8 colher (chá) de fermento em pó
1 pitada de canela em pó
1 pitada de sal
3 colheres (sopa) – 42g – de manteiga sem sal, derretida e fria
¼ xícara (22g) de aveia em flocos grossos
Recheio:
6 pêssegos grandes (500g no total)
½ xícara de framboesas, frescas ou congeladas – se for usar congeladas,
não descongelar antes*
Preaqueça o forno a 180°C. Separe 4 potinhos refratários com capacidade
para 150ml cada.
Cobertura: em um tigela pequena junte a farinha de trigo, o fubá, o
açúcar, o fermento , a canela e o sal e misture com um batedor de arame.
Acrescente a manteiga e misture com um garfo até obter uma farofa grossa. Incorpore
a aveia com o garfo, e então leve a mistura ao freezer por 5 minutos enquanto
você prepara o recheio.
Corte os pêssegos ao meio e remova os caroços. Em seguida, corte-os em cubos de cerca de 1,5cm. Junte as framboesas e misture levemente – se
os pêssegos estiverem muito azedos, junte um pouquinho de açúcar e misture. Divida
as frutas entre os potinhos e cubra com a farofinha.
Leve ao forno por cerca de 30 minutos ou até que a cobertura fique bem
dourada e a fruta borbulhe.
Sirva puro, com creme de leite, chantilly ou sorvete.
* se preferir usar geleia em vez das framboesas, considere cerca de 1
colher (sopa) por potinho e distribua em pequenas porções sobre os pedaços de pêssego
Rend.: 4 porções