terça-feira, abril 28, 2020

Macarrão com brócolis e meu momento #classemédiasofre

Macarrão com brócolis

Como vocês estão, queridos?

Aqui continuamos em casa, isolamento quase que total, só saindo mesmo para o supermercado, pouquíssimas vezes (a cada dez dias, se minha memória não me prega peças) - tenho trabalhado de casa, mas mesmo tendo uma rotina até que normal de segunda à sexta às vezes me perco nos dias. Semana passada, com o feriado na terça, meu cérebro fez um bololô e na quinta eu já nem lembrava que dia era.

O fato de não poder ir ao supermercado tanto quanto gostaria e também a falta de produtos tem ditado o ritmo das comidas aqui em casa: havia anos só usava farinha de trigo orgânica em minhas receitas, tive que ceder e comprar farinha comum, de marcas de que não gosto, porque eram as únicas que pude encontrar – se João e eu ficarmos sem pizza o mau humor vai reinar aqui em casa, sem contar que ele viciou no pão sem sova do Jim Lahey e tenho feito toda semana (alô, Marcinha, minha querida!). :) Houve um dia em que precisei do delivery de um supermercado e percebi o quanto sou chata, pois os legumes e frutas que vieram eu jamais teria escolhido para comprar. Encontrei uma cesta orgânica que entrega aqui em São Caetano, está ajudando bastante e assim precisamos sair ainda menos.

Desculpem as frivolidades, mas é tanta notícia ruim, tanta merda acontecendo neste país que eu precisava desopilar um pouco e compartilhar com vocês o meu momento #classemédiasofre, dar uma reclamadinha básica – quando eu falo essas coisas para o João ele só ri. :D

Em uma das duas compras do delivery pedi brócolis, estava aguada para comer e não encontrava nem congelado, nem na cesta orgânica. Os brócolis vieram já indo pro amarelo (subi no elevador xingando muito, haha), então tive que consumir logo. Fiz um leva assada, que postei no Instagram e ficou deliciosa – recomendo muito! – e o resto virou macarrão. Eu vejo tanta gente, incluindo a Rica Wolf, comentando que o cheiro do brócolis cozinhando é ruim e tal, mas confesso que não ligo – para mim, não é um problema, pois eu simplesmente amo brócolis de tudo quanto é jeito. Só não deixei um restinho dos floretes para colocar na pizza porque ia amarelar totalmente antes disso.

Macarrão com brócolis
receita minha

- xícara medidora de 240ml

3 colheres (sopa) de azeite de oliva
½ cebola grande, picadinha
2 dentes de alho grandes, bem picadinhos
4 tomates maduros, sem pele e sem as sementes, em cubos
sal e pimenta do reino moída na hora
3 raminhos de tomilho fresco, só as folhas, ou a erva que você quiser/tiver em casa
1 maço de brócolis, só os floretes – eu gosto do ramoso, mas quem preferir o ninja pode substituir
400g de macarrão – use a massa curta da sua preferência; com orecchiette fica muito gostoso também
2 colheres (chá) de vinagre balsâmico – também fica gostoso com molho inglês
¼ xícara de parmesão ou pecorino, passados pelo ralador fininho ou triturados no processador (rale, depois meça)

Em uma panela grande, aqueça água até ferver. Acrescente sal.

Enquanto a água ferve, aqueça o azeite em uma frigideira ou panela grande em fogo médio-alto. Junte a cebola e refogue, mexendo às vezes, até murchar. Junte o alho a refogue por 1 minuto – não deixe o alho queimar para não amargar a receita.
Acrescente os tomates, tempere com sal e pimenta, e junte as folhinhas do tomilho (ou da erva que quiser). Refogue, mexendo algumas vezes, até que os tomates comecem a desmanchar e formar um molho, cerca de 5 minutos – se a mistura de tomates estiver sequinha demais, junte 1 ou 2 colheres (sopa) da água do cozimento do macarrão.

Enquanto isso, cozinhe os brócolis na água por 2 minutos – escorra os floretes, transfira para a tábua e corte grosseiramente com a faca. Ao retirar os brócolis da água, coloque o macarrão para cozinhar pelo tempo indicado na embalagem.

Transfira os brócolis picados para o molho (depois dos 5 minutos necessários para ele encorpar). Acrescente o vinagre balsâmico e cheque o tempero. Reserve ½ xícara da água do cozimento e então escorra o macarrão. Incorpore ao molho. Acrescente o queijo ralado, misturando bem – ele deve deixar o molho mais cremoso. Se estiver muito sequinho, junte um pouco da água do cozimento reservada, misturando sempre. Sirva imediatamente polvilhado com mais parmesão ou pecorino.

Rend.: 4 porções

quarta-feira, abril 15, 2020

Ensopadinho de grão-de-bico e couve e vontade de cozinhar

Ensopadinho de grão-de-bico e couve

Tenho lido nas redes sociais que as pessoas estão cozinhando mais em casa, por causa da pandemia. Aqui isso sempre foi comum, mas eu lhes contei tempos atrás que andava meio desanimada com a cozinha, fazendo comida só mesmo porque tinha que comer. Tive (e ainda tenho) muitos altos e baixos por causa da depressão. Melhorei com o tratamento, é verdade, mas a melhora veio gradualmente, e houve dias em que eu ficava angustiada só de ter que pensar em comida – sentia fome, fome física de o estômago roncar, mas não tinha vontade de colocar comida na boca. Só queria chorar nestas horas.

Não sinto falta daqueles tempos e espero que eles não voltem.

Atualmente tenho sentido vontade tanto de cozinhar quanto de comer: na maioria das vezes, comer direito. Tenho meus pecaditos, claro, e na TPM quero comer toneladas de doces, mas acabo me contentando com um chocolatinho mesmo, ou os alfajores que ganho sempre que alguém do trabalho vai para a Argentina. Vontade de fazer doces eu não sinto mais, é muito raro – eu me lembro de finais de semana em que fazia bolo, pão doce, cookies, tudo ao mesmo tempo. Sinto cansaço só de pensar. Além disso, quem me fazia companhia na hora de assar bolos está em casa, e eu morrendo de saudade dele. Ontem fiz um bolo de banana, mas só porque não queria mesmo que as bananas fossem para o lixo – estavam passadas demais para fazer smoothies. A comida do dia-a-dia, entretanto, continua me animando e a vontade de consumir alimentos bons para minha saúde, também.

Para quem estava sem ideia do que escrever este texto ficou longo até demais. :) O ensopadinho de hoje, delicioso e pronto em poucos minutos, divido com vocês com alegria: recebi a receita por e-mail ontem à noite, na newsletter enviada pela Holly e pela Natalie, e quando lembrei que tinha couve e molho de tomate pronto na geladeira (restinho da berinjela à parmegiana que fiz no final de semana e que já havia sido usado no meu ovo no purgatório) nem precisei pensar duas vezes – só não fiz logo para o jantar porque já tinha sopa fumegando no fogão.

Ensopadinho de grão-de-bico e couve
um nadinha adaptado deste blog ótimo (a receita chegou ontem no meu e-mail, na newsletter)

- xícara medidora de 240ml

1 lata (300g) de grão-de-bico, drenado e enxaguado com água corrente
1 ½ colheres (sopa) de azeite de oliva
1/4 uma de cebola, picadinha
2 dentes de alho, bem picadinhos
1 xícara de molho de tomate pronto – usei caseiro
1 xícara de água
sal e pimenta do reino moída na hora
2 colheres (chá) de páprica defumada
1 punhado de couve, sem os talos, em fatias finas – use a gosto; eu usei mais ou menos 5 folhas grandes

Em uma panela média, aqueça o azeite em fogo médio. Adicione a cebola e refogue por 2 minutos, até ficar transparente. Junte o grão-de-bico e refogue por mais 2 minutos – cuidado, porque quando esquentam demais os grãos começam a pular feito pipoca! :)
Acrescente o alho e páprica e refogue por 1 minuto – não deixe o alho queimar, ou a receita fica amarga.
Acrescente o molho de tomate, a água, tempere com sal e pimenta do reino. Abaixo o fogo e cozinhe por 10-12 minutos, até que o molho fique espesso – mexa algumas vezes para que não grude no fundo da panela. Junte a couve e misture até que ela murche levemente. Sirva.

Rend.: 3-4 porções, dependendo do apetite

terça-feira, abril 14, 2020

Bolonhesa de lentilha e vontade de melhorar

Bolonhesa de lentilha

Estava dando uma olhada em fotos antigas que fiz para o blog (ou para o livro, na época em que ainda pensava em escrevê-lo) e encontrei a foto de hoje: um bolonhesa de lentilhas que testei algumas vezes e que ficou bem saboroso. Eu gostei bastante, meu marido não muito: ele não é carnívoro e fica muito bem sem carne, mas não é nada fã de lentilha. Acabei deixando a receita pra lá, até porque o nome, “bolonhesa de lentilha”, era uma coisa que me incomodava um pouco – é um molho gostoso, nutritivo, mas não tem nada a ver com o molho feito com carne.

De lá pra cá, passou muito tempo, eu me tornei intolerante à lactose, passei a tomar leites vegetais - salvaram o meu café com leite de manhã, que adoro tanto - e percebi que precisava parar de cagar tanta regra (desculpem o meu francês). Quer chamar leite de amêndoa de leite, chama, ué. Quer chamar esse molho de lentilha de bolonhesa, vá em frente – se alguém quiser mesmo determinar como você deve ou não fazer certas coisas, ofereça os seus boletos para pagar.

Tenho tentado, ao longo dos anos, parar de ser a dona da verdade. Quem procurar post antigo aqui no blog vai me ver falando alguma bobagem sobre algum assunto, não tem jeito, mas quero melhorar. E tentando melhorar vou provando coisas novas e não ligo mais para o jeito como são chamadas.

Resolvi postar a receita hoje por achar que este molho pode servir bem aos que, como eu, estão em casa e sem carne na geladeira ou freezer para fazer o bolonhesa tradicional – eu não achei o molho tão gostoso servido com macarrão, confesso, mas com polenta ficou ótimo.

Bolonhesa de lentilha
receita minha, adaptados de várias fontes

- xícara medidora de 240ml

Lentilha:
2 xícaras de água
1 pitada de sal
½ xícara de lentilha verde seca
1 dente de alho, descascado e cortado ao meio

Molho:

1 ½ colheres (sopa) de azeite de oliva
½ cebola picadinha
2 talinhos finos de salsão picadinhos (1/4 xícara depois de picados)
2 dentes de alho grandes, bem picadinhos
2 colheres (sopa) de vinho tinto seco
1 lata de tomate pelado picado
3 galhinhos de tomilho fresco
1 folha de louro
sal e pimenta do reino moída na hora
1 punhado de manjericão fresco

Cozinhe a lentilha: aqueça a água em uma panela pequena. Quando começar a ferver, junte o sal, a lentilha e o alho e cozinhe, mexendo algumas vezes, por 15 minutos ou até que lentilha fique al dente. Escorra e passe por água fria para parar o cozimento. Descarte o alho.

Molho: aquela o azeite em uma panela média, em fogo médio-alto. Junte a cebola e o salsão e refogue, mexendo algumas vezes, até que comecem a amaciar. Junte o alho e refogue por 1 minuto apenas – não deixe queimar, para não amargar a receita. Junte o vinho e cozinhe por 2 minutos, até evaporar quase completamente. Acrescente o tomate pelado, o tomilho e o louro, tempere com sal e pimenta do reino, junte o açúcar. Quando começar a ferver, baixe o fogo e cozinhe, mexendo algumas vezes para não grudar no fundo, por 20 minutos. Acrescente a lentilha, corrija o tempero e cozinhe por 5 minutos. Retire do fogo, remova os galhinhos de tomilho e a folha de louro, acrescente o manjericão e sirva.

Rend.: 4 porções sobre polenta, 2 para macarrão

terça-feira, março 31, 2020

Sopa de legumes da quarentena

Sopa de legumes da quarentena

Como está sendo a quarentena de vocês?

Aqui em casa tenho cozinhado bastante, o que é geralmente terapêutico para mim, mas ao mesmo tempo fico fazendo contas para não desperdiçar absolutamente nada e fazer os ingredientes renderem ao máximo, para não ter que sair de casa e ir ao mercado. O que tenho sentido falta é de verduras e ervas frescas – infelizmente elas não duram tanto quanto os legumes.

O que também tenho feito é caprichar nas porções ao cozinhar, para garantir pelo menos 2 ou 3 refeições com o mesmo preparo – eu já fazia isso esporadicamente, para levar a minha comida para o trabalho, mas agora tento fazer com mais frequência. Preparei um caldeirão de sopa ontem, para que dure dois jantares – João é meio esganado, senão até daria para três dias. :D

Para (tentar) relaxar um pouco a mente, fotografei a sopa para dividir a receita com vocês – é uma variação da minha sopa de alho-poró, batata e cenoura. Espero que vocês gostem.

Sopa de legumes da quarentena
receita minha

1 ½ colheres (sopa) de azeite
½ cebola grande, picadinha
1 alho-poró, somente a parte clara, em rodelinhas
1/3 xícara de salsão em cubinhos – usei congelado, direto do freezer, dica da Rita Lobo
2 dentes de alho graúdos, amassados e picadinhos
1 tomate maduro, sem as sementes, picadinho
3 cenouras grandes, descascadas, em cubinhos
3 batatas grandes, descascadas, em cubinhos
1 abobrinha grande, em cubinhos
água fervente o suficiente para cobrir os legumes
sal e pimenta do reino moída na hora
2 folhas de louro
5 porções (montinhos) de espinafre congelado, direto do freezer

Aqueça o azeite em uma panela grande em fogo médio-alto. Acrescente a cebola e refogue, mexendo de vez em quando, por 2 minutos. Junte o alho-poró e refogue por 1 minuto. Acrescente o salsão e refogue por 2 minutos, mexendo algumas vezes – se usar salsão congelado, como eu usei, refogue por 4 minutos, pois ele vai resfriar um pouco o fundo da panela e os ingredientes que já estavam lá. Junte o alho e refogue até perfumar, rapidamente – não deixe queimar o alho, ou a receita vai amargar. Acrescente o tomate e uma pitada de sal e refogue até que comece a murchar e soltar seu suco, uns 2 minutos.

Acrescente as cenouras, as batatas e a abobrinha e misture. Cubra com água fervente e tempere com sal e pimenta. Junte o louro. Quando a sopa começar a ferver, abaixe o fogo, cubra parcialmente e cozinhe até que os legumes estejam macios, cerca de meia hora – o tempo pode variar dependendo do tamanho dos legumes; eu sempre testo com a cenoura, pois é a que mais demora para cozinhar: se estiver macia, a sopa está pronta. Verifique a sopa durante o cozimento e misture algumas vezes: se estiver secando depressa demais, junte mais água.
Desligue o fogo e, com um mixer, bata a sopa por alguns segundos – a textura tem de ficar meio cremosa, meio pedaçuda – a minha ficou bem cremosa, acho que dá para perceber na foto, mas é claro que você pode deixar do jeito que preferir. Acrescente o espinafre e vá misturando, para que ele descongele e se incorpore à sopa – é ótimo, porque ele já vai dando uma esfriadinha nela para que possamos comer. Sirva.

Rend.: 5-6 porções

quarta-feira, março 25, 2020

Empanadas de frango com massa de centeio, mas pra quê?

Empanadas de frango com massa de centeio

Oi, gente, tudo bem?
Que tempos loucos estamos vivendo, não?

Além de termos que lidar com um vírus, temos que ligar com uma desgraça na presidência do país. Milhões morrerão graças a este asno. Espero que vocês estejam em segurança.

Faz séculos que estou para publicar receita nova aqui, mas não estava tempo livre suficiente e nem vontade de ficar no computador, confesso (a mesma história de sempre, eu viro o disco, mas continuo tocando a mesma). E agora, me pergunto – pra quê? No momento precisamos improvisar na cozinha, usar o que temos em casa para minimizar as idas ao mercado, feira. Estou em isolamento completo há 8 dias, meu marido há 9. Ser a louca da cozinha que faz um monte de comida e congela, ou que tem sempre atalhos na despensa (como grão-de-bico enlatado e tomate pelado, por exemplo) está tendo serventia. Mas daqui a alguns dias terei de comprar vegetais, pois os que temos aqui estão acabando. Cozinho só para duas pessoas, fico pensando em quem tem que alimentar uma família maior, o desespero de ter que fazer render para sair menos de casa – mando meu carinho a vocês.

Depois de refletir por alguns dias, decidi postar, sim, a receita destas empanadas deliciosas que fiz há tanto tempo que nem me lembro mais, porque isso vai passar. Temos que acreditar que vai passar, para mantermos nossa saúde mental boa. E quando sairmos desta situação quem quiser fazer empanada já terá a receita em mãos.

A massa leva um tiquinho de farinha de centeio, o que a deixa com um sabor amendoado delicioso. O recheio aqui foi frango, mas você pode usar o que bem entender: carne (tem receita aqui no blog), queijo, vegetais... Fica à sua escolha. Você usará metade do frango para o recheio apenas – eu posto completa, pois acho bobagem sujar a panela de pressão (a minha é grandalhona) para cozinhar meio peito de frango, sendo que a gente pode usar metade em outras coisas e aproveitar também o caldo.

Empanadas de frango com massa de centeio
receita da massa adaptada destas empanadas, recheio receita minha

- xícara medidora de 240ml

Massa:
1 ½ xícaras (210g) de farinha de trigo
1 xícara (140g) de farinha de centeio fina
½ colher (sopa) de açúcar
1 colher (chá) de sal
½ xícara (113g) de manteiga sem sal, gelada e em cubinhos de pouco mais de 1cm
1 ovo grande
1/3 (80ml) de água gelada
1 colher (sopa) de vinagre de vinho branco

Recheio: (lembrando que só metade será usada nas empanadas; use o restante em outras receitas, ou congele para outro dia; e não se esqueça de congelar também o caldo para usar em sopas, polentas e risotos)
1 peito de frango inteiro, com o osso (aprox. 800g)
1 cebola cortada em quartos
2 dentes de alho cortados ao meio
1 cenoura grande cortada em 4 pedaços
5 grãos de pimenta do reino
2 folhas de louro
½ colher (chá) de páprica defumada
1 colher (chá) de cominho em pó
½ colher (chá) de cúrcuma em pó
½ colher (chá) de sal
5 xícaras (1,2l) de água
1 punhado de salsinha picada

Para pincelar:
1 ovo batido com 1 colher (chá) de água fria

Massa: peneire as farinhas, o açúcar e o sal em uma tigela grande e junte a manteiga, misturando com as pontas dos dedos até obter uma farofa grossa. Em um potinho, bata juntos com um garfo o ovo, a água e o vinagre. Adicione aos ingredientes secos, mexendo com um garfo, até que uma massa comece a se formar – a massa vai parecer despedaçada, mas ao sovar levemente ela se forma. Eu fiz a massa no processador de alimentos e foi fácil e rápido.

Transfira a mistura para uma superfície levemente enfarinhada e junte a massa com as mãos, sovando levemente, apenas o suficiente para que a massa se forme. Molde-a em um retângulo, embrulhe em filme plástico e leve à geladeira por pelo menos 1 hora.

Recheio: na panela de pressão, junte todos os ingredientes, com exceção da salsinha picada, e misture bem. Tampe a panela e leve ao fogo algo. Quando começar a apitar, baixe para o fogo mínimo e conte 20 minutos. Desligue a panela e aguarde a pressão sair completamente. Retire o frango do caldo e desfie com um garfo ou na batedeira planetária – lembrando que usará apenas metade. Junte a salsinha, verifique se precisa de mais tempero e ajuste. Deixe esfriar completamente antes de montar as empanadas, ou o calor do recheio derreterá a manteiga na massa.

Pré-aqueça o forno a 200°C. Forre duas assadeiras grandes e rasas com papel alumínio.
Retire a massa da geladeira e abra com um rolo até que fique com aproximadamente 6mm de espessura. Corte círculos de 10cm de diâmetro com a massa e coloque cerca de 1 colher (sopa) de recheio em cada um – o que eu faço: abro e corto todos os círculos de massa, enfileirando na bancada/pia, e então distribuo o recheio de maneira uniforme entre todos os eles – meio que linha de produção mesmo. Dobre a massa, formando uma meia-lua, e aperte bem as pontas para selar o recheio. Transfira para a assadeira preparada.
Quando terminar de formatar todas as empanadas, pincele-as com o ovo batido e leve ao forno por 25-30 minutos ou até dourarem.

Rend.: cerca de 20 unidades

sexta-feira, fevereiro 07, 2020

Biscoitinhos de queijo Canastra e páprica e um papo sobre "comida de verdade" e privilégios

Biscoitinhos de queijo Canastra e páprica

A maravilhosa Raq postou um texto muito interessante sobre comida de verdade nos stories do Instagram dias atrás e depois nós ficamos papeando via inbox sobre o assunto.

Eu já falei sobre comida de verdade tanto aqui quanto nas minhas redes sociais, já fiz militância sobre o assunto, mas de uns tempos pra cá peguei um pouco de ranço: a gente às vezes não se dá conta dos privilégios que tem e sai cagando regra para os outros.

Tenho uma rotina puxada, diferente de anos (e trabalhos) anteriores, e é difícil manter uma alimentação regrada. Muitas vezes cheguei em casa exausta, às 10 da noite, tendo saído de casa às 06:00 para ir para o trabalho (moro longe), e comi um sanduíche com qualquer coisa que havia na geladeira, para depois morrer de culpa, afinal de contas eu havia me entregado à derrota de consumir produtos ultraprocessados e não era digna o suficiente para preparar “comida de verdade” para jantar.

Além de cansaço de tanto trabalho, exaustão do trânsito, ainda tinha que ficar me corroendo por dentro e me achando um lixo por causa da comida – nem preciso dizer que a minha saúde mental, que já não andava muito boa, foi pro espaço.

O que fiz para tentar melhorar isso um pouco foi preparar uma boa quantidade de comida aos finais de semana, deixar na geladeira ou no freezer, para comer tanto de marmita no trabalho quanto no jantar à noite. Os vídeos da Marina Morais me ajudaram bastante com isso. Mas ainda assim reconheço meu lugar de privilégio, porque mesmo quando eu como um pão com maionese às 11 da noite pra deitar e dormir, eu faço isso por cansaço, e não porque não tenho outros alimentos à minha disposição. Há verduras e legumes na minha geladeira, há grãos e cereais na minha despensa, há carne no meu freezer. Eu não como pão com maionese por falta de opção, como tantos brasileiros em situação de pobreza – e isso só piorou com a eleição deste boçal que muita gente chama de presidente. Eu não vou tripudiar em cima de quem compra ultra processado para alimentar uma família imensa com um salário mísero, e ainda é chamado de vagabundo por quem dorme em cama quentinha e de bucho cheio todas as noites. Eu não vou ficar me achando superior porque tenho “comida de verdade” na minha casa.

Reconheço, sim, que minha rotina não está sadia e preciso fazer algo a respeito. Reconheço, sim, que não dá pra trabalhar 13 horas por dia (fora o tempo de deslocamento de ida e volta) e ainda assim me exercitar, comer direito, ler, etc. Mas ainda assim sei o quanto sou privilegiada e que não devo ficar esfregando esse papo de “comida de verdade” na cara dos outros (aqui entra também o ranço que eu tenho da Rita Lobo, quem me segue nas redes sociais sabe). E falando em privilégio, trago uns biscoitinhos salgados muito gostosos, feitos com queijo Canastra e páprica, para acompanhar uma cerveja ou vinho branco geladinho – receita cheia de privilégios, e que reconheço que tenho.

Biscoitinhos de queijo Canastra e páprica


Biscoitinhos de queijo Canastra e páprica
receita minha

- xícara medidora de 240ml

¾ xícara + 1 colher (sopa) - 115g - de farinha de trigo
¼ xícara (35g) de farinha integral
¼ colher (chá) de sal
1 pitada de pimenta do reino moída na hora
¼ colher (chá) de páprica defumada
150g de queijo Canastra ralado grosseiramente
¼ xícara (56g) de manteiga sem sal, gelada e em cubinhos
3 colheres (sopa) de creme de leite fresco gelado

Na tigela do processador, junte a farinha de trigo comum, a farinha integral, o sal, a pimenta e a páprica e pulse algumas vezes para misturar bem os ingredientes. Junte o queijo e pulse mais algumas vezes. Acrescente a manteiga e pulse até obter uma farofa grossa. Aos poucos, vá juntando o creme de leite e pulsando, somente até que uma massa comece a se formar.

Retire a massa do processador e divida-a em duas partes iguais. Coloque cada metade em um pedaço grande de papel manteiga; forme um cilindro de aproximadamente 3,5cm de diâmetro com a massa, fechando-a dentro do papel manteiga usando uma régua – aperte bem para compactar a massa dentro do papel. Feche as pontas e leve à geladeira até firmar bem, cerca de 4 horas ou de um dia para o outro.

Pré-aqueça o forno a 180°C; forre duas assadeiras grandes com papel manteiga. Desembrulhe um dos cilindros de massa (mantenha o outro na geladeira). Corte em fatias de 5mm e coloque-as nas assadeiras preparadas deixando um espaço de 2,5cm entre uma e outra. Asse por 12-15 minutos ou até que os biscoitos estejam bem dourados nas extremidades. Deixe esfriar nas assadeiras sobre gradinhas por 5 minutos e então deslize o papel com os biscoitos para a gradinha e deixe esfriar completamente. Repita o processo com o outro cilindro de massa.

Os biscoitos podem ser guardados em um recipiente hermético em temperatura ambiente por até 4 dias. Se não quiser assar todos os biscoitos de uma vez, embrulhe o cilindro de massa com papel alumínio e mantenha-o no freezer por até 1 mês.

Rend.: cerca de 48 unidades

quarta-feira, janeiro 15, 2020

Os Melhores Cookies com Gotas de Chocolate da Bon Appétit em pleno janeiro

Os Melhores Cookies com Gotas de Chocolate da Bon Appétit

Oi, queridos, tudo bem?

Faz tempo que não posto nenhuma receita no blog. Confesso que muitos dias deixei de escrever aqui por falta de tempo, mesmo, e outros por pura preguiça. Sei que vocês me entendem e sinto uma alegria enorme por ainda tê-los comigo mesmo postando de vez em nunca. Obrigada. <3

Janeiro geralmente a gente está naquela pegada de resoluções de Ano Novo, melhorar a alimentação, fazer atividade física regularmente... Eu estou nessa também. Mas não vou cair no clichê de começar o ano postando salada – não, mesmo! :D Trago cookies que foram um sucesso retumbante aqui no escritório antes das festas de final de ano. Mudei um tiquito a receita do Chris Morocco, porque só tinha chocolate ao leite em casa, então diminuí a quantidade de açúcar da massa. Os biscoitos ficaram deliciosos.

Não é à toa que o Chris é o guru do povo da Bon Appétit e estes cookies são chamados de “BA’s Best Chocolate Chip Cookies” – são, sim, maravilhosos. Aconselho dividir com pessoas de quem vocês gostam, porque senão fatalmente comerão tudo sozinhos. :D

Os Melhores Cookies com Gotas de Chocolate da Bon Appétit
um nadinha adaptados dos cookies do Chris Morocco

- xícara medidora de 240ml

1 ½ xícaras (200g) de farinha de trigo
½ colher (chá) de sal
¾ colher (chá) de bicarbonato de sódio
¾ xícara (170g) de manteiga sem sal, temperatura ambiente, uso dividido
150g de açúcar mascavo claro – aperte-o na xícara na hora de medir
¼ xícara (50g) de açúcar cristal
1 ovo grande, temperatura ambiente
2 gemas grandes, temperatura ambiente
2 colheres (chá) de extrato de baunilha
200g de chocolate ao leite, picado grosseiramente, ou em gotas – usei ao leite porque não tinha amargo em casa; certamente com o amargo os cookies ficariam mais gostosos

Preaqueça o forno a 190°C e forre duas assadeiras grandes e rasas com papel manteiga.

Em um tigela média, misture com o batedor de arame a farinha, o sal e o bicarbonato de sódio. Reserve.

Coloque ½ xícara (113g) da manteiga em uma panela média e leve ao fogo médio, mexendo algumas vezes com uma espátula de silicone, até que comece a espumar e a dourar – isso levará cerca de 4 minutos; é importante usar uma panela média, pois a manteiga sobe quando começa a espumar e pode derramar. Transfira para uma tigela refratária grande e deixe esfriar por 1 minuto. Junte o restante da manteiga picada à manteiga derretida – ao adicionar os pedaços de manteiga eles devem começar a derreter, mas sem espumar. Se começar a espumar, deixe esfriar um pouquinho mais antes de adicionar o restante.

Quando toda a manteiga estiver derretida, junte os açúcares e bata com um batedor de arame para dissolver quaisquer grumos de açúcar. Antes de juntar os ovos, verifique a temperatura da mistura: se estiver quente ainda, espere amornar, senão os ovos vão cozinhar. Junte o ovo e as gemas e misture bem com um batedor de arame, por 30 segundos, ou até obter uma mistura homogênea. Incorpore a baunilha. Com a espátula de silicone, incorpore os ingredientes secos completamente, e então faça o mesmo com o chocolate. A massa é molinha mesmo – se estiver com aparência oleosa demais, dê uma boa misturada com a espátula e então aguarde 5-10 minutos antes de assar, para dar tempo de a farinha hidratar mais.

Faça bolinhas usando 2 colheres (sopa) niveladas de massa por biscoito e coloque-as nas assadeiras preparadas deixando 5cm de distância entre elas. Asse por 10-12 minutos ou até que os biscoitos dourem e firmem nas extremidades. Deixe esfriar nas assadeiras por 5 minutos e então deslize o papel com os biscoitos para uma gradinha e deixe esfriar completamente.

Rend.: cerca de 22 unidades

quarta-feira, dezembro 04, 2019

Amanteigados com pedaços de chocolate da Alison Roman

Amanteigados com pedaços de chocolate da Alison Roman

Outro dia eu estava trabalhando e uma das executivas da empresa me falou que eu ficava prometendo trazer cookie e não trazia nunca – fiquei me sentindo a Monica Geller naquele episódio dos vizinhos insanos pedindo doce, quem lembra? :D

Eu disse a ela que sim, eu já tinha levado cookies e brownies, e que não tinha culpa se ela não estava na empresa bem naqueles dias. Tempos depois eu deparei com os shortbreads da Alison Roman, enquanto fuçava o Instagram dela – estou aguada para fazer o ensopado de grão-de-bico – e pensei: vou fazer os cookies, provar um (alguns?) e levar o resto pro povo do escritório, ganhar uns brownie points com a galera.

Fiz exatamente isso há algumas semanas e o pessoal pirou com os biscoitos – são mesmo deliciosos! Desmancham na boca e o chocolate dá um sabor intenso maravilhoso. Nem preciso lhes dizer que me tornei a pessoa mais popular do escritório, né? :D Se vocês estão querendo agradar alguém, esta receita é perfeita. A única coisa que não fiz foi polvilhar os cookies com sal em flocos antes de assar – achei que ficariam um pouco salgados demais, pois já estava usando manteiga com sal. Da próxima vez faço isso com alguns para provar como fica.

Amanteigados com pedaços de chocolate da Alison Roman

Amanteigados com pedaços de chocolate da Alison Roman
via NYT

250g de manteiga com sal, temperature ambiente, picada
100g de açúcar cristal
55g de açúcar mascavo claro
1 colher (chá) de extrato de baunilha
325g de farinha de trigo comum
170g de chocolate amargo ou meio-amargo, picado grosseiramente – usei um com 63% de cacau que tinha um sabor bem amargo, combinou super bem com a massa do biscoito

Para finalizar os biscoitos:
1 ovo, batido com um garfo
açúcar demerara, para polvilhar

Na tigela da batedeira, junte a manteiga, os açúcares e a baunilha e bata até obter um creme claro e fofo – raspe as laterais da tigela algumas vezes durante todo o preparo da receita. Com a batedeira na velocidade mínima, acrescente a farinha e misture até que uma massa comece a se formar. Em seguida, junte o chocolate picado – não bata demais para não desenvolver o glúten da farinha. Se for preciso, termine de misturar o chocolate à mão, usando uma espátula de silicone.

Divida a massa em duas partes iguais e coloque cada metade em um pedaço grande de papel manteiga; forme um cilindro de aproximadamente 3,5cm de diâmetro com a massa, fechando-a dentro do papel manteiga usando uma régua – como a Martha faz aqui. Feche as pontas e leve à geladeira até firmar bem, cerca de 4 horas ou de um dia para o outro – os cilindros de massa podem ser congelados por até 1 mês: apenas embrulhe-os com papel alumínio por cima do papel manteiga para proteger a massa de umidade.

Pré-aqueça o forno a 180°C; forre duas assadeiras grandes com papel manteiga. Desembrulhe um dos cilindros de massa (mantenha o outro na geladeira), pincele-o com o ovo batido e polvilhe com o açúcar demerara. Em seguida, corte em fatias de 1cm e coloque-as nas assadeiras preparadas deixando um espaço de 2cm entre uma e outra – eu geralmente corto este tipo de massa com um movimento de guilhotina da faca, mas neste caso isso não funcionou por causa dos pedaços de chocolate; acabei fazendo um movimento de serra e deu mais certo. De qualquer forma, algumas fatias se partiram por causa dos pedaços do chocolate: apenas grude-as de volta com os dedos.

Asse por 12-15 minutos ou até que os biscoitos dourem nas extremidades. Deixe esfriar nas assadeiras sobre gradinhas por 5 minutos e então deslize o papel com os biscoitos para a gradinha e deixe esfriar completamente. Repita o processo com o outro cilindro de massa.

Rend.: 45-48 unidades

quarta-feira, novembro 27, 2019

Sopa de cenoura, grão-de-bico e tahine com foto, sim, senhor

Sopa de cenoura, grão-de-bico e tahine

Tem horas em que a dinâmica de refeições aqui em casa é engraçada: eu cozinho algo novo, o João logo pergunta se eu vou fotografar para colocar no blog. Às vezes digo que não, porque não ficou tão bom assim (acontece, né? Pelo menos é raro), ou porque estou com preguiça de montar o circo todo. Se digo que sim, ele já vai no quarto da bagunça - carinhosamente apelidado assim por causa da, digamos, bagunça, mas o Pingo já andou falando pra todo mundo que o quarto é dele, então vamos ter que rever isso aí logo – e pega a minha tabuinha de fotografar e coloca na mesinha de centro, abre bem as cortinas, separa o tripé para mim... É marido & assistente de produção & cobaia. :D

Esta sopa, por exemplo, ficou uma delícia: leve, saborosa, e congela bem. Fiz em um domingo para jantar durante a semana. Estava com uma preguiça mortal de fazer foto, então falei pro João que não precisava pegar o arsenal. Só que, depois que almoçamos, fui guardar a sopa na geladeira, roubei uma colherada e... Estava gostosa demais para não dividir com vocês. “Amor, pega as tralhas aí que vai rolar foto, sim!”. :D

Pois bem, receitinha boa, fácil e vegana, cheia de sabor. Espero que vocês gostem e também a tenham no freezer para noites de preguiça – estou indo agora aquecê-la para o meu jantar. x

Sopa de cenoura, grão-de-bico e tahine
inspirada pela sopa de cenoura da Deb

- xícara medidora de 240ml

1 ½ colheres (sopa) de azeite de oliva
½ cebola grande em cubinhos
1/3 xícara de salsão em cubinhos – pique, depois meça
4 cenouras (500g), descascadas e em cubinhos – quanto menor você cortar a cenoura, menos tempo de cozimento será necessário para a sopa como um todo
1 dente de alho grande, picadinho
¼ colher (chá) de cominho em pó
¾ colher (chá) de sementes de mostarda amarela
1 litro de água fervente
1 folha de louro
1 folha de salsão – se não tiver, sem problema, use 2 de louro
4 raminhos de tomilho
sal e pimenta do reino moída na hora
1 lata (300g, 200g drenada) de grão-de-bico
2 colheres (sopa) de tahine
suco de limão taiti ou siciliano, para servir

Aqueça o azeite em uma panela média ao fogo médio-alto. Junte a cebola, o salsão e a cenoura e refogue, mexendo às vezes, por cerca de 10 minutos ou até que amaciem. Junte o alho e refogue por 1 minuto – não deixe o alho queimar ou a receita vai amargar.
Acrescente o cominho e as sementes de mostarda e misture bem. Adicione a água, a folha de louro e a folha de salsão, o tomilho, tempere com sal e pimenta do reino e, assim que ferver, abaixe o fogo e cozinhe, mexendo de vez em quando, por cerca de 25 minutos ou até a cenoura ficar bem macia. Junte o grão-de-bico, cozinhe por mais 5 minutos para aquecer.

Desligue o fogo, retire as folhas de louro e salsão, o tomilho, e então bata a sopa com um mixer até que fique cremosa – se preferir bater no liquidificador tome muito cuidado para não se queimar: remova a tampinha menor e então cubra a tampa com um pano de prato seco dobrado – desta forma o vapor tem por onde sair e a mistura não espirrará em você. Misture o tahine.

Na hora de servir, regue com um pouco de suco de limão espremido na hora – faz toda a diferença!

Rend.: 4 porções como entradinha, ou 3 mais generosas

sexta-feira, novembro 22, 2019

Bolo cítrico com casquinha de açúcar, um texto que me fez chorar e o querido Nigel

Bolo cítrico com casquinha de açúcar

Uma vez lhes contei o quanto chorei (e também ri) com o filme “Toast”, que conta a vida do maravilhoso Nigel Slater - preciso tomar vergonha e ler o livro. Nigel tem um jeito tão particular com as palavras, tão único e belo – ele se denomina um cozinheiro que escreve, mas para mim ele é um escritor que cozinha.

Hoje mais cedo li este texto incrível da revista The New Yorker e chorei, de soluçar, e fiquei tentando disfarçar as lágrimas/não borrar a maquiagem, torcendo para não dar muito vexame (tudo em vão, pois além dos olhos de panda fiquei também com o nariz do Rudolph).
O jeito como Kathleen Alcott fala de Nigel e suas receitas é tão amável, tão querido, e aquele final, meu deus, que tijolada no dedão (daí as várias lágrimas). Recomendo demais o texto da Kathleen para quem lê em inglês, mesmo que não curta cozinhar, porque Nigel Slater é tão mais do que simplesmente comida ou receitas – seus textos tocam a alma da gente.

O bolo de hoje é uma receita saborosa da Gourmet Traveller, um bolo do jeito que gosto: cítrico e encharcado. É delicioso, sim, apesar de eu ficar devendo uma casquinha de açúcar decente, porque não tive coragem de usar 100g de açúcar por cima de um bolo que já era docinho. Adaptei a receita e achei que ficou gostoso e doce o suficiente. Este bolo me lembra um dos meus favoritos de todos os tempos, o de limão siciliano e tomilho do meu querido Nigel, e eu me lembro exatamente do dia em que o vi na TV preparando a receita no extinto canal da BBC na Net, e de como corri para a cozinha para fazer o bolo assim que o programa terminou. O bolo de hoje é uma delícia e eu adoraria que vocês o provassem, mas o do Nigel tem um gostinho mais especial no meu coração.

Bolo cítrico com casquinha de açúcar

Bolo cítrico com casquinha de açúcar
adaptado da sempre lindíssima Gourmet Traveller

- xícara medidora de 240ml

Bolo:
1 ½ xícaras (210g) de farinha de trigo
1 ½ colheres (chá) de fermento em pó
¼ colher (chá) de sal
1 xícara (200g) de açúcar cristal
raspas da casca de 1 laranja e de 1 limão taiti
200g de manteiga sem sal, amolecida
3 ovos, temperatura ambiente
1 colher (chá) de extrato de baunilha

Casquinha de açúcar:
suco da laranja usada para o bolo
suco do limão usada para o bolo
3 ½ colheres (sopa) - 42g - de açúcar cristal

Preaqueça o forno a 180°C. Unte uma assadeira de bolo inglês com capacidade para 6 xícaras e massa, forre-a com papel manteiga deixando sobras em lados opostos e unte o papel.

Em uma tigela média, misture bem a farinha, o fermento e o sal usando um batedor de arame. Reserve.
Na tigela da batedeira junte o açúcar e as raspas de limão e laranja e esfregue com as pontas dos dedos até que o açúcar fique aromatizados. Junte a manteiga e bata em velocidade média-alta até obter um creme claro e fofo – raspe as laterais da tigela algumas vezes durante todo o preparo da receita.

Junte os ovos, um a um, batendo bem a cada adição. Acrescente a baunilha e bata bem. Em velocidade baixa, junte os ingredientes secos e bata somente até incorporar – não bata demais para não deixar o bolo duro ou solado. Despeje na forma e alise a superfície. Asse por 45-50 minutos ou até que o bolo cresça e doure (faça o teste do palito).
Misture os ingredientes da calda em uma tigelinha até dissolver o açúcar. Ao retirar o bolo do forno, faça furos em todo o bolo com um palito de churrasco ou faca bem fina. Despeje a calda aos poucos até que toda ela seja absorvida pelo bolo. Deixe esfriar completamente na forma sobre uma gradinha. Remova o bolo da forma usando as alças de papel e sirva.

Rend.: 8-10 fatias