Há algumas semanas eu estava no Twitter e uma série de tuítes da maravilhosa Aline Valek deu um nó na minha cabeça: mostro dois abaixo, mas ela postou uma sequência bem interessante. Aliás, se você não conhece o trabalho da Aline está perdendo: além de escrever e ilustrar bem à beça, a danada ainda tem um podcast ótimo chamado “Bobagens Imperdíveis” (eu não sou de podcasts e adoro o da Aline) e o curso dela no site Domestika é uma delícia:
Fui lendo o que Aline havia postado e uma ficha gigante caiu: comecei a lembrar do meu livro, quase pronto e esquecido havia muitos meses – nem a newsletter e nem no blog eu andava escrevendo mais. E aquilo começou a me incomodar muito, porque escrever é uma parte importante de quem eu sou, desde que me entendo por gente, e eu estava deixando de lado algo que me dá um imenso prazer. Pensei que eu mesma estava caindo no preconceito idiota de que escrever na Internet é algo menor, quando é exatamete o contrário: é incrível. Escrevo aqui no blog há mais de dezesseis anos, tenho leitoras e leitores veteraníssimos que me acompanham há muito tempo (alguns desde o começo!). Gente querida que faz minhas receitas, que me envia foto preparando bolos e cookies com seus filhos, que manda mensagens e emails cheios de afeto, que me acompanha nas redes sociais e compartilha comigo ideais de vida - é um blog de comida, sim, mas é muito mais do que isso.
Sou escritora. Não necessariamente preciso ter livro impresso para isso. Vou pegar o meu livro, que já está quase pronto, e lançar como e-book. Decidido.
No estalo que os
tuítes da Aline me deram, fui atrás de alguém para diagramar o meu livrinho, e
caí da cadeira quando recebi um orçamento de 15 mil reais para isso. Sim, você
leu certo: 15 MIL REAIS.
Recuperada do tombo, abri o Canva e me pus a trabalhar: vou fazer o livro eu mesma. Sempre gostei de desafios e estava na hora de encarar mais um. Tenho trabalhado no projeto no meu tempo livre e, apesar de a jornada dupla secretária executiva/escritora e designer estar me deixando exausta e com uma baita dor nas costas, o resultado me anima todos os dias. Logo, logo o livrinho estará pronto e não vejo a hora de mostrar para vocês o resultado.
Enquanto isso não
acontece, decidi movimentar um pouco as coisas: enviei newsletter semana
passada (depois de meses sem enviar) e hoje posto uma galette bem linda e
deliciosa que fiz para o livro, mas o danado está ENORME e tenho que cortar
algumas coisas. Divido com vocês aqui no blog uma receita bem gostosa enquanto
o livrinho não fica pronto.
Galette de
alho-poró, ricota e tomate
- xícara medidora de 240ml
Massa:
¾ xícara (105g)
de farinha de trigo
½ xícara (70g) de
farinha integral
1 colher (chá) de
açúcar cristal ou refinado
½ colher (chá) de
sal
1 tablete (100g)
de manteiga sem sal, gelada e em cubinhos de 1cm
1 colher (sopa)
de azeite de oliva extra-virgem
1 gema grande,
temperatura ambiente
1 ½ colheres (sopa)
de água gelada
Recheio:
2 colheres (sopa)
de manteiga sem sal
1 alho-poró
grande (100g), somente a parte mais clara, em rodelinhas
sal e pimenta do
reino moída na hora
½ colher (sopa)
de vinho branco seco
¾ xícara de
ricota, esfarelada se estiver muito firme
3 colheres (sopa)
de queijo canastra ralado grosseiramente – rale, depois meça
2 xícaras (320g)
de tomates cereja, cortados ao meio no sentido do comprimento – meça, depois
corte
5 raminhos de tomilho
Comece com a massa: no processador de alimentos, junte as farinhas, o açúcar e o sal e pulse para misturar. Junte a manteiga e o azeite e pulse algumas vezes, até obter uma farofa grossa. Em um potinho, misture bem a gema e a água gelada com um garfo, e acrescente ao processador, pulsado até que uma massa comece a se formar. Retire a massa do processador, forme um disco com ela e embrulhe em filme plástico. Leve à geladeira por 1 hora (pode ser feita de véspera se você quiser).
Enquanto isso, prepare o recheio: em uma frigideira antiaderente grande, derreta a manteiga e junte o alho-poró. Tempere com sal e pimenta do reino e refogue, mexendo algumas vezes, até o alho-poró amaciar. Junte o vinho branco, cozinhe por 1-2 minutos até evaporar, e então retire do fogo. Deixe esfriar completamente.
Pré-aqueça o
forno a 180°C. Transfira o disco de massa para um pedaço grande de papel
manteiga. Cubra com outro pedaço de papel e vá abrindo a massa com um rolo, até
obter um círculo de aproximadamente 30cm de diâmetro.
Espalhe a ricota
sobre a massa, deixando uma borda de cerca de 2cm. Sobre a ricota, espalhe o
alho-poró refogado de maneira uniforme. Cubra com o queijo canastra, e então
arrume os tomatinhos por cima.
Com cuidado, vá dobrando a massa da beirada sobre parte do recheio. Transfira a galette para uma assadeira, deslizando o papel manteiga com a torta diretamente para a assadeira.
Leve a galette à geladeira por 15 minutos. Arrume os raminhos de tomilho sobre a os tomates e leve a galette ao forno por 35-40 minutos ou até que doure bem. Sirva quente ou morna.
Rend.: 4 porções,
servidas com salada ou como entrada
9 comentários:
Tão necessário esse post! Uma sacudida! Vou amar ter seu e-book. Sou das seguidoras antigas,antigas rara mais nunca me manifestei , então,nunca e tarde pra dizer: Amo o blog as receitas e seu jeito de escrever!
Duas escritoras que eu adoro ;-) não vejo a hora de ler o seu livro! Quanto à galette, estou pensando em fazer uma versão vegana. Dou notícias! Beijos, querida!
Nossa, vou fazer: ficou com uma cara apetitosa! Quero o livro!!! :)
Adorei a novidade! E que venham muitos mais!
Estava à procura de uma massa que levasse farinha integral, já anotei para testar! Ficou lindíssima.
Preciso desse ebook! te sigo ha mais de dez anos, vc é ouro nessa internet!
Essa ideia de que a escrita fora de livros seria menor é culpa da teoria da literatura. Os acadêmicos têm um conceito (cujo nome não recordo agora) que abarca todos as manifestações culturais (escritas ou não) em torno de um livro, separando um do outro. Evidente que isso gera - mesmo que indiretamente - uma hierarquia. Essa fala da Aline Valek, por outro lado, deve ser mesmo inspirada nas artes plásticas. Afinal, faz tempo que esse pessoal incorporou o suporte (da tela a o grão de arroz) à própria obra, considerando-o um elemento de constituição tanto quanto as cores ou tipo de tinta. Está mais do que na hora de que a turma da literatura ver os outros lugares de escrita - além do livro - com o mesmo valor de um volume de papel.
Ah, por isso, querida Patrícia, continue escrevendo! Tem muita gente que valoriza tua produção. Estamos aqui!
Patrícia, será que um financiamento coletivo não seria viável? Adoraria ter um livro seu! Quanto a galette, é possível fazer a massa sem usar o processador?
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