Depois de meses de ansiedade e grande expectativa finalmente pude assistir a “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”; não queria recorrer a clichês para descrever o filme mas é impossível evitar: é uma obra-prima. Perfeito em cada detalhe, visualmente maravilhoso, com um elenco fantástico e trilha sonora idem. Sombrio como o livro e como somente Fincher – e talvez Cronenberg – poderia fazê-lo. O texto abaixo pode conter spoilers para quem ainda não viu o filme – quem quiser, pule pra receita lá embaixo.
Tentei ver outro filme ontem à noite mas simplesmente não conseguia me concentrar – começava a pensar nas cenas de “Os Homens...” a cada 5 minutos, a me lembrar dos detalhes, a ligá-los ao livro, a analisar as performances... O filme fica em você, não dá pra evitar – gruda na cabeça feito cola. Rooney Mara me atordoou – que me desculpem os puristas, mas ela apaga Noomi Rapace da memória de qualquer um. Christopher Plummer é exatamente o que eu esperava que Henrik Vanger fosse. Sou muito fã do livro mas não me importei com as mudanças no roteiro – acho que a coisa toda funcionou bem. As cenas de violência não são fáceis de ver mas não são gratuitas, elas têm um propósito – a platéia torce por Lisbeth, vibramos com sua merecida vingança. Ela não é a típica heroína e seu comportamento não tem nada a ver com os das mocinhas de contos de fada mas é exatamente isso que a torna tão especial, tão única, e acho que Mara e Fincher capturaram isso perfeitamente e trouxeram a um nível totalmente diferente – esta é a Lisbeth que eu imaginei enquanto lia o livro, esta é a garota que me fez devorar 2.000 páginas.
Fui pra casa tentando me lembrar de quando fora a última vez que um filme tivera esse efeito sobre mim e depois de horas pensando cheguei à conclusão de que havia sido “A Rede Social”. Fincher, meu herói. Não me espanta o fato de ficar com o coração quentinho toda vez que leio que ele está em um novo projeto – sei que será algo fantástico. Agora tudo o que posso fazer é cruzar os dedos e torcer para que ele dirija os dois próximos filmes da trilogia.
Nossa, que post longo. Quase me esqueço de lhes contar sobre esse espaguete: este pesto é o mais verde e o mais delicioso que já fiz ou provei. Que me perdoem os puristas, mas gostei mais da versão de pistache; pra ser sincera, o que realmente me deixou curiosa nesta receita foi o manjericão ser branqueado antes de virar pesto e esta foi a primeira vez que vi isso: no lindo livro do Jean-Georges Vongerichten – há vezes em que ser uma pessoa curiosa vale a pena. :)
Espaguete com pesto de pistache e tomates cereja assados
adaptado do lindo Home Cooking with Jean-Georges: My Favorite Simple Recipes
- xícara medidora de 240ml
Tomates assados:
400g de tomates cereja, cortados ao meio no sentido do comprimento
sal e pimenta do reino moída na hora
cerca de 1 colher (sopa) de azeite extra-virgem
1 dente de alho, bem picadinho
4-5 folhas grandes de manjericão fresco
Pesto de pistache e espaguete:
3 xícaras de folhas de manjericão fresco – aperte0as na xícara na hora de medir
1 dente de alho
raspas da casca de 2 limões sicilianos
1 xícara (240ml) de azeite extra-virgem
cerca de ½ colher (chá) de sal comum ou 1 colher (chá) de sal marinho em flocos, tipo Maldon
1 xícara (130g) de pistaches sem sal, ligeiramente tostados e frios
3 colheres (sopa) de parmesão ralado na hora
400g de espaguete
Pré-aqueça o forno a 180°C. Forre uma assadeira grande, de beiradas baixas, com papel alumínio e pincele o papel com azeite.
Arrume os tomates na assadeira preparada com o lado cortado para cima e salpique com sal e pimenta e regue com o azeite. Salpique com o alho e o manjericão e asse por 30-35 minutos ou até que os tomates estejam macios.
Enquanto isso, prepare o pesto: encha uma panelinha com água pela metade e leve ao fogo até ferver. Encha uma tigela média com água e cubos de gelo. Acrescente as folhas de manjericão à água fervente, aguarde 30 segundos e retire-as com o auxílio de uma escumadeira. Transfira para a tigela com água gelada. Assim que esfriar, remova as folhas da água e esprema bem. Coloque-as entre folhas de papel toalha e aperte-as até que estejam quase completamente secas.
Coloque o manjericão no processador de alimentos e junto o alho, as raspas de limão, o azeite e o sal. Processe até obter um purê homogêneo. Junte o pistache e pulse até moer grosseiramente (ou do jeito que preferir). Transfira para uma tigela e junte o parmesão.
Cozinhe o espaguete em uma panela grande de água fervente com sal até ficar al dente. Escorra a massa reservando um pouco da água do cozimento.
Misture o macarrão ao pesto, adicionando um pouco da água do cozimento se necessário para “soltar” um pouco o molho. Transfira para os pratos e cubra com os tomates assados. Sirva imediatamente.
Rend. 4 porções