Minhas queridas e meus
queridos, como vocês estão?
Outro dia, conversando com uma amiga, falei para ela que algumas vezes por semana tenho tentado (ênfase em “tentar”) não ler/ver notícias sobre a atual situação do Brasil: ler jornal, ver TV, é tudo tão sufocante, tão desesperador, que não há endorfina conseguida nos exercícios físicos que dê jeito.
Há dias em que me fecho na bolha do amor: vejo vídeos do Pingo pequenino que tenho guardado no Google Fotos, assisto a vídeos de receita no YouTube (meus favoritos são Alison Roman, Donna Hay, Jamie Oliver), ouço música. São os dias em que durmo melhor, menos ansiosa, tenho menos pesadelos (outra constante durante a pandemia).
Não posso viver na bolha do amor sempre, pois não quero me tornar uma pessoa alienada que não sabe o que se passa no país, mas algumas horas de descanso sem ouvir falar no Saco de Bosta, seus filhos, mortes, falta de vacina, gado pastando pelas ruas pedindo fechamento de Congresso e STF tem me feito bem. No dia seguinte começa tudo de novo, festival de notícias horríveis, mas pelo menos acordo mais descansada e com mais ânimo para encarar a rotina.
Há dias em que, além da bolha do amor, busco refúgio na cozinha, fazendo receitas que me dão alegria, que me trazem paz e um quentinho no coração – é uma vontade de ser abraçada por dentro. Às vezes faço waffles para acompanhar um seriadinho no sofá. Bolinho de arroz também me conforta, é comida de mãe e avó (e ainda reaproveito as sobrinhas de arroz). Um bolo de limão com uma xícara de chá quentinho torna a tarde mais gostosa, e me sinto até mais produtiva depois de tomar um café da tarde assim.
Mas a minha comfort
food favorita é arroz doce: para mim, é aconchego, é carinho de mãe, é afago.
Faço esta receita aqui, mas trocando a água por leite (sem lactose, no meu caso).
Como agora comecei a
ver morango nos supermercados, os faço assados e sirvo com o arroz doce – é uma
combinação perfeita.
Se quiser deixar os morangos assados ainda mais gostosos, é só acrescentar raspas de limão (taiti, cravo, siciliano) e ½ colher (sopa) do suco dele aos morangos e açúcar antes de assar – a leve acidez adicionada aos morangos combina demais com o arroz doce.
Espero que vocês encontrem
algo que os confortem em tempos tão sombrios: seja um vídeo, uma música, uma
atividade física, uma comidinha. xx
Nossa, compartilho de cada palavra dessa postagem, inclusive sobre o arroz doce ser minha confort food do coração. Não quero ver toda essa desgraça mas, ao mesmo tempo, não tem como ficar totalmente alheia às notícias. Me refugio na minha bolinha mas tem hora que temos que enfrentar o mundo.
ResponderExcluirUm grande abraço, mesmo que virtual. Sigamos fortes.
SABE QUE FAÇO O MESMO QUE VOCÊ!!!!! Entro na cozinha e me esqueço das coisas desagradáveis....alienação?! sim... pode ser... mas preservo minha saúde mental! Bjks Fernanda
ResponderExcluirQue arroz doce lindo! Lembrarei de fazer com morangos da próxima vez. Também é uma confort food pra mim.
ResponderExcluirE como dizia minha avó, um doce pra adoçar a vida! A melhor pedida pra esses tempos difíceis no nosso país.
Um abraço!
Tá difícil seguir nesses dias tão tenebrosos. Eu vou pra horta, lá é a tiririca e os trevos que crescem como praguinhas.
ResponderExcluirAmiga querida, essa pequena alienação é essencial mesmo pra nos mantermos vivas e com sanidade. Adorei a dica dos morangos assados acompanhando o arroz doce - como sempre, tu inspira <3 Obrigada por tanto. Um abraço afetuoso de longe!
ResponderExcluirHaja comidinhas pra acalentar tanta consciência atormentada pela realidade desse país. Dureza demais, mas bora temperar nossa vida com essas fugas produtivas e afetivas. Paz no seu coração e obg por compartilhar tanta coisa boa. Que as vibes de gratidão te confortem e alegrem. 😉😘
ResponderExcluirPatrícia, essa vontade de sumir e ao mesmo tempo não querer ser um poste de alienação... Muitas vezes saio do ar um pouco para respirar. Hoje , segundona,fui fazer malloredus e orichiette...terapia sabe? A comida com certeza traz acalento. Lembrar do colo da vó e do perfume da casa dela. Do abraço apertado da mãe...longe em isolamento também. Leio seus escritos e daqui mando abraço apertado. Precisávamos morar longe assim?
ResponderExcluirA culinária também tem sido meu refúgio diante de tanta notícia ruim.
ResponderExcluirSinta-se abraçada na companhia de uma fatia de bolo de limão e uma xícara de chá.
Querida, não tem muito jeito de ficar bem o tempo todo nesse contato, mas fico feliz que você conhece os caminhos pra se fazer bem, mesmo que por umas horas. Dormir bem é o ouro que a gente precisa preservar! Deu vontade demais de sentir o aconchego interno desse arroz doce, vou fazer e te conto! Me lembro da frase do Morozini: você é forte, só está cansado. Beijos mil!!!
ResponderExcluirAdorei a imagem. Não faço arroz doce mas pela imagem gostaria de comer uma colheradas da tua taça, parece bem cremoso.
ResponderExcluirBeijinhos,
Clarinha
http://receitasetruquesdaclarinha.blogspot.com/2021/05/lasanha-de-crepes-de-cenoura.html
Dear Pati, tenho feito o mesmo pela minha saúde mental. Tiro uns minutos pela manhã para ver as notícias, muitas vezes só as chamadas, as vezes nem clico no conteúdo. No resto do dia evito notícias e sigo com a minha rotina. Uma vez li uma matéria falando que nem mesmo durante a Segunda Guerra, quando os bombardeios no Reino Unido eram diários, a população tinha tanta informação como hoje. Um único boletim diário via rádio era tudo o que havia. Não é uma questão de alienação (pessoas informadas, educadas como você jamais serão alienadas), mas de auto preservação para seguir a diante. As vezes é necessário. E arroz doce, sempre, sempre, minha amiga.
ResponderExcluirQue delícia essa sugestão de receita. Para além da pandemia, tenho vivido uma fase pessoal de descobertas difíceis. Fazer algumas das suas receitas me ajuda a ir pra outros lugares. Hoje mesmo estou aqui porque vim procurar a receita de sopa de cenoura com grão de bico.
ResponderExcluirUm beijo pra vc e obrigada por compartilhar com a gente, há tantas anos, possibilidades de gostosura!
Patrícia,
ResponderExcluirSou leitora do blog há muitos, muitos anos! (Pelo que já li aqui, somos inclusive contemporâneas: tenho 42 anos e pego muitas das referências que você faz). Acho que nunca escrevi aqui, mas hoje faço questão de me manifestar.
O seu blog, além das receitas deliciosas e das fotos caprichadas, traz sempre um texto bem escrito, o que é um deleite para mim. Sou (somos?) da geração que leu para buscar informações, e o excesso de vídeos da internet atual me cansa demais. Detesto vídeo de receita, e abro pouquíssimas exceções para eles (Rita Lobo e Paola Carosella, por exemplo).
Super entendo seu desabafo: há semanas em que também faço um detox de noticiário, porque lidar com a crueldade vinda de Brasília é pesado demais.
Que bom que você também se indigna com isso, faz eu admirá-la ainda mais. Só apoia esse governo hoje quem é perverso ou muito mal informado.
Por fim, gostaria de deixar aqui um lembrete: não desanimemos. A vida e tudo nela é transitória, inclusive esse governo. Ele vai passar, e voltaremos a comer bolo de limão à tarde somente para comemorar dias melhores e mais democráticos. Um abraço de Juiz de Fora/MG.
Patricia, concordo com tudo que você falou, mas vou comentar no arroz doce porque me lembrou um livro ótimo. Você já leu Afrodite da Isabel Allende? É um livro de histórias e receitas afrodisíacas, mas ela fala sobre arroz doce que pra ela é A comida conforto. Acho esse livro super gostoso de ler, uma boa distração pra um desses dias em que você quiser ficar na bolha do amor. Um beijo!
ResponderExcluirPatricia, eu sofro de Síndrome do Pânico e tomo um remédio chamado Venlafaxina, não tenho psicológico para lidar com toda essa catástrofe que está acontecendo em nosso país! Eu não vejo TV aberta faz muito tempo, prefiro assistir as novelas antigas no canal VIVA, ver séries e programas de receitas. Também sou professora especializada em Autistas na rede Estadual, e mesmo com os alunos afastados me dedico a montar atividades e auxiliar a família para que não tenham muito prejuízo pedagógico. Sobre arroz doce, tenho 43 anos e minha infância nos anos 80 foi muito feliz, minha vó fazia o arroz doce para festa junina da rua, eu e meus primos e vizinhos fazíamos bandeirinhas pra enfeitar e uma fogueira no meio da rua!
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