Há coisas que sabemos sem a necessidade de muita explicação – simplesmente sentimos. Até hoje não assisti a “O Discurso do Rei” mas sei, lá no fundo, que a sua vitória como melhor filme ano passado foi algo extremamente errado. E sei disso porque assisti a cinco dos filmes que concorriam com ele – se o mundo fosse um lugar justo isso jamais teria acontecido. E não vou nem falar em Tom Hooper ter ganhado o prêmio de melhor diretor – isso foi uma heresia.
Assisti a “Precisamos Falar Sobre o Kevin” ontem à noite e saí do cinema com uma mistura de emoções difícil de descrever. Se dependesse de mim o prêmio de melhor atriz esse ano seria de Tilda e não preciso assistir às outras performances para saber disso – apenas sinto lá no fundo do coração que ninguém pode superá-la esse ano, apesar de meu amor por Close e Streep: é humanamente impossível.
*Spoilers*
Se o filme teve esse efeito em mim ele deve ser devastador para quem tem filhos. Não consigo imaginar o que é para uma mãe, ou para qualquer outra pessoa, assistir à formação de um psicopata – todos os sinais, não importando o que se faça ou diga. Parece que não há meios de impedir. Os olhos de Kevin – em todas as idades – me causaram pavor. Um ser humano sem nenhum sentimento, alguém capaz de ser tão mau. Durante aquelas duas horas me peguei segurando a respiração diversas vezes: todo aquele barulho, todo aquele vermelho te sufocam, te deixam desconfortável. Você sente o desespero e o medo da mãe e o fato de o pai ser um idiota causa raiva. No momento em que vi o tampão no olho da menina tive certeza de que o irmão tivera algo a ver com aquilo – quanto mais do menino se vê mais maldade se espera. Conforme o filme se desenrola, de maneira não-linear, os sentimentos de Eva – e é que claro que o nome dela seria Eva – se tornaram os meus sentimentos, toda a culpa que ela carrega consigo. O breve diálogo e o abraço no final são como um soco no estômago. Não gosto de lançar mão do argumento “gênero” mas neste caso acredito fortemente que o filme só é o que é por ter sido dirigido por uma mulher – estou ansiosa para ver mais do trabalho de Lynne Ramsay e acho que ela merecia a indicação mais do que Woody Allen ou Alexander Payne este ano.
Depois de assar dois bolos meu estoque de ovos havia acabado; porém, eu ainda queria fazer biscoitos – amanteigados (shortbread) pareciam a escolha perfeita. O livro da Martha só de cookies tinha justamente o que eu queria: uma receita fácil que rendeu biscoitos deliciosos.
Amanteigados com cranberries secas
adaptados do absolutamente delicioso Martha Stewart's Cookies
- xícara medidora de 240ml
1 xícara (226g) de manteiga sem sal, temperatura ambiente
¾ xícara (105g) de açúcar de confeiteiro peneirado
1 colher (chá) de extrato de baunilha
2 xícaras (280g) de farinha de trigo peneirada
¼ colher (chá) de sal
½ xícara (55g) de cranberries secas, bem picadinhas
Pré-aqueça o forno a 160°C*. Forre duas assadeiras grandes, de beiradas baixas, com papel manteiga.
Na tigela grande da batedeira coloque a manteiga, o açúcar de confeiteiro, a baunilha, a farinha e o sal e bata em velocidade baixa somente até misturar. Com o auxílio de uma colher de pau ou espátula de silicone misture as cranberries. Embrulhe a massa em filme plástico e leve à geladeira por 20 minutos.
Coloque a massa entre duas folhas de papel manteiga levemente enfarinhadas e abra com o rolo até que a massa fique com aproximadamente 3mm de espessura. Usando um cortador quadrado de 4cm, corte os biscoitos – se for necessário, apare as arestas de cranberries com uma faquinha afiada; se a massa amolecer demais coloque-a no freezer por 5 minutos. Arrume os biscoitos nas formas preparadas deixando 5cm de distância entre um e outro. Asse até que dourem levemente nas extremidades, cerca de 20 minutos.
Deixe esfriar completamente nas assadeiras sobre uma gradinha.
Os amanteigados podem ser guardados em um pote hermético em temperatura ambiente por até 5 dias.
* assei os biscoitos a 180°C por 15 minutos
Rend.: cerca de 60 biscoitos
Não assisti, mas lendo (adoro spoilers) lembrei, com o tal abraço do final, na cena também final de O Bebê de Rosemary. Quero ler o livro, vi comentários de que no filme a "maldade nata" é mais forçada - provavelmente com esses olhadores de que você fala. Pati, vou sonhar com esses biscoitinhos. E acho que você um dia vai assistir e gostar do filme do rei gago.
ResponderExcluirBOA TARDE, QUE DELICIA,OTIMO FINAL DE SEMANA, BJS.
ResponderExcluirchocolatesdocemel.blogspot.com
Pati, por favor, leia o livro. Eu li o livro e depois assisti o filme. O filme foi incrivelmente bem feito, a Tilda é um arraso e eu fiquei impressionada como conseguiram escalar atores - mirins, inclusive, que conseguiam passar tanta maldade no olhar. Mas um dos motivos do filme ser o que é é porque o livro é uma coisa de louco de bom. Eu tive que parar de ler em alguns momentos, de tão pesado. A maldade do Kevin é muito pior. A imbecilidade do pai é de corroer. E o sofrimento quase que auto-comiserativo (nem sei se existe essa palavra) da Eva é de cortar o coração em pedacinhos. Principalmente porque, no livro, é como se ela estivesse escrevendo cartas ao marido. Pense no choque quando chega a parte em que é revelada a morte dele. Sério, querida, leia.
ResponderExcluirEu nem aprecio amanteigados, mas com estas cranberries que eu adoro acho que fiquei com vontade de experimentar.
ResponderExcluirBom fim de semana!
quase chorei tudo de novo lendo seus comentários. esse era um filme que eu esperava há tempos, assim como esperei MUITO pra ler o livro.
ResponderExcluirvi o filme primeiro, domingo, e até agora me dá uma dor sem fim de lembrar tudo aquilo. Tilda é espetacular, e eu sinto o mesmo que você: cadê a indicação? (o filme não levou nenhuma, e tem muita coisa bonita nele pra nem se lembrarem).
saí do filme em prantos, chorei no banheiro, e continuei chorando enquanto comprava o livro na net, que já chegou e tá ali em cima da mesa, só esperando eu criar coragem pra começar.
acho que eu precisaria de muitas fornadas de amanteigados pra curar o buraco que esse Kevin me deixou.
lindo filme. triste, horrível, devastador mesmo. mas lindo.
<3
Hoje eu daria 10 cm de meu cabelo por uns biscoitinhos desses. Ok, 20 e não se fala mais nisso.
ResponderExcluirBeijo e bom fim de semana.
Que post mais lindo, adorei! beijos e bom fim de semana
ResponderExcluirLá vou eu para o imdb ver que filme é esse. Ainda não tinha ouvido falar dele. Quero ver quem é o actor que faz de filho dela e tem essa capacidade de encarnar um psicopata :) Gosto muito de receitas sem ovos, vivo no meio do nada e sem galinhas, estas receitas dão muito jeito quando nos faltam ovos.
ResponderExcluirOiê Patricia,
ResponderExcluirUau!!! Não resisti e vim buscar um pedacinho!!! Que DELÍCIA, heim?
Parabéns!!!
Grande beijo, IRene
Patricia e sua incrível habilidade de me fazer salivar nesse plantão interminável e são ainda 03:00 da manha e a única coisa q eu tenho pra beliscar é uma bolacha passatempo! Ai mundo cruel!!! Chega 07:00 da manha por favor!!!
ResponderExcluirE eu procurei esse filme pra ver e não achei!!! Patricia aonde vc assistiu?? Conte-me pq quero muito assistir!!
Bjuu
Patricia,
ResponderExcluirObrigada pela receita :) Uma pergunta, onde vc encontra cranberries? Bjo.
Olá Pat!!Assisti ontem o "Precisamos falar com Kevin" e realmente, me senti várias vezes sufocada com a sensação de desconforto, as manchas vermelhass que não saem... e a interpretação desconcertante da Tilda.O filme nos leva a várias indagações e reflexões, e principalmente imagino que há alguns ensinamentos ,como a compaixão e empatia, que devem ser ensinados em casa, juntamente com outros valores morais....
ResponderExcluirAh esses amanteigados estão lindos, fiz aquela receita de bolo com eggnog e cranberries e sobraram um pouco ainda...
O discurso do rei é bom, mas 'melhor filme' é exagero mesmo. Esses amanteigados estão com um lindo aspecto! Parabéns! Um beijo, Paula
ResponderExcluirHmmmm...
ResponderExcluirFiz o seu Crumble de Morango, mas acrescentei framboesas, não sei se ficou igual, mas ficou bom rsrsrs :)
beijãozão*
Tô com água na boca e interessadíssima neste filme.
ResponderExcluirBjux
Tina, tudo a ver mesmo lembrar de "O Bebê de Rosemary". Amor de mãe é isso mesmo. Ah, eu acredito em maldade nata, em alguns casos.
ResponderExcluirChu, vou ler o livro sim! Tô super interessada. Adorei o comentário, querida.
xx
Oi, Clara! Eu vi o filme na última quinta-feira, um dia antes de sair de cartaz aqui em SP. :S
Renata, comprei no Santa Luzia mas no Pão de Açúcar da Av. Ibirapuera com a República do Líbano também tem.
Paula, adorei saber do crumble, obrigada por me contar!
xx
Pat, minha massa tá na geladeira esperando para ser aberta :D
ResponderExcluirMas usei metade cereja seca e metade cranberrie. Adoro seu blog e já fiz vários bolos e cupcakes daqui! Você é muito dedicada, parabéns, sempre venho aqui ver as novidades!
Olha, para quem mora no Rio de Janeiro, ontem mesmo vi no mercado Zona Sul de Ipanema, (o que fica próximo à praça General Osório) cranberries à venda! Estão na seção de importados, junto com as frutas secas, e vêm num potinho de vidro, mas esqueci o nome da marca. Foi o único lugar em que vi. No Rio faltam mesmo esses ingredientes, sempre que alguém vai aos EUA eu peço para trazer cerejas, cranberries e sementes de papoula. Pena, né, e olha que aqui tem a maior galera que adora baking.
Um beijão! Quando os biscoitos assarem, venho te contar!
Vivi
Oi, Vivi!
ResponderExcluirQue notícia boa saber que tem cranberries por aí, obrigada por avisar os leitores!
E depois me conte dos biscoitos, sim, pois vou amar saber.
Beijão!