Dias atrás, postei uma foto minha no Twitter e uma conversa muito importante começou com outras mulheres lá – a foto é essa aqui:
Eu, então com 15 anos, já fazia
dietas malucas, ficava dias sem comer direito. Ia para a escola de estômago vazio,
comia uma banana lá pelas 10 da manhã, e depois almoçava só um prato de rúcula
com tomate. À noite, tomava chá e comia 2-3 torradas, às vezes acompanhadas de
um Polenguinho. Nessa época eu também preparava gelatina dietética para “poder
comer um docinho”, afinal de contas eu me achava gorda. Isso mesmo, GORDA. Olho
para a foto agora, os bracinhos finos, e sinto uma tristeza imensa por ter
crescido com a autoestima toda cagada de tanto escutar comentários maldosos de parentes,
de tanto comprar Capricho aos 15-16 anos e Boa Forma dos 18 em diante achando
que ter barriga chapada era sinônimo de ser bonita. Cresci me achando gorda,
feia, desengonçada, odiando meu cabelo, que alisei durante 16 anos, tanto com
química quanto no braço mesmo, fazendo escova sozinha em casa. Só pra ajudar,
ainda tive atraso no crescimento (o médico achava que por conta do trauma de ter
perdido minha mãe tão cedo), menstruei aos 15, só fui ter peito aos 18 – me achava
um nada.
Daí é aquela coisa: se não sou
bonita, não mereço ser amada. Haja terapia na vida adulta pra lidar com isso.
Ao compartilhar a foto e comentar
sobre isso no Twitter, recebi vários comentários que contavam a mesma história,
meninas perfeitamente saudáveis e que cresceram se achando gordas, e eu fiquei
ali, vendo aquele monte de mulher maravilhosa, gente que eu admiro muito, dividindo
comigo suas histórias, tão parecidas com a minha. Mulheres incríveis que
tiveram sua autoestima destruída, que cresceram cheias de traumas e complexos,
e que hoje lutam para superar isso e também para proporcionar uma experiência
diferente para suas filhas, sobrinhas, para que elas saibam que sim, são amadas
e merecem tudo de melhor na vida, independentemente de sua aparência física.
Lembrando aqui das inúmeras vezes
que fiz bolos e doces em casa na adolescência, pois amava cozinhar, mas nem
provava por medo de engordar. Fazia tudo bem gostoso, arrumava a mesa, e comia
a gelatina diet enquanto os outros provavam meus bolos, pavês, tortas. O que me
conforta, um pouco que seja, é saber que a base vem forte e que muitas meninas
farão sim bolos gostosos e os saborearão felizes, sem traumas, sem complexos –
sugiro que comecem com mais essa variação do bolo de iogurte do Epicurious, aquele
que eu já fiz de tudo quanto foi jeito, e desta vez adicionei fubá, limão
siciliano e pedacinhos de chocolate branco.
Um beijo enorme para todas vocês que
enriquecem os meus dias com conversas e reflexões importantes – muito obrigada.
<3
Bolo de iogurte, fubá, limão
siciliano e chocolate branco
mais uma vez, adaptado do
maravilhoso bolo de iogurte do Epicurious
- xícara medidora de 240ml
1 xícara (140g) de farinha de
trigo
½ xícara (70g) de fubá mimoso
(aquele bem fininho)
2 colheres (chá) de fermento em pó
¼ colher (chá) de sal
¾ xícara + 2 colheres (sopa) -
total de 174g - de açúcar, cristal ou refinado
raspas da casca de 2 limões
sicilianos
¾ xícara (180g) de iogurte natural
integral
½ xícara (120ml) de óleo vegetal de
sabor neutro – usei de canola
2 ovos grandes, temperatura
ambiente
3 colheres (sopa) de suco de limão
siciliano
100g de chocolate branco picadinho
Preaqueça o forno a 180°C. Pincele
levemente com óleo uma forma de bolo inglês com capacidade para 6 xícaras de
massa (1 litro e meio), forre com papel manteiga deixando sobras nos dois lados
mais longos, formando “alças” que vão lhe ajudar a remover o bolo depois de
assado. Pincele o papel com óleo também.
Em uma tigela média, peneire a
farinha, o fubá, o fermento e o sal. Reserve.
Em uma tigela grande, junte o
açúcar e as raspas de limão e esfregue com as pontas dos dedos até o açúcar
ficar aromatizado. Acrescente o iogurte, o óleo, os ovos e o suco de limão e
misture usando um batedor de arame, até obter uma massa homogênea. Com uma
espátula de silicone, incorpore os ingredientes secos, deixando 1 colher (sopa)
reservada (para envolver o chocolate) – se a massa ficar muito engrumada,
misture levemente com o batedor de arame, mas não bata demais para não
desenvolver o glúten da farinha. Acrescente os pedacinhos de chocolate aos
ingredientes secos reservados, misture bem para envolvê-los, e então junte tudo
à massa e misture.
Despeje a massa na forma preparada
e alise a superfície.
Asse por 50-55 minutos ou até que
o bolo cresça e doure (faça o teste do palito). Deixe esfriar na forma sobre
uma gradinha por 15 minutos, e então remova com cuidado da forma, usando o
papel como guia. Transfira para a gradinha e deixe esfriar completamente.
O bolo pode ser guardado em um
recipiente hermético por 3-4 dias.
Rend.: 8 porções
Olá Patrícia. Me vejo nas sua história. Como é possível ficarmos tão cegas e acreditar no que dizem a nossa volta. Vejo minhas fotos antigas e enxergo o mesmo. Eu era linda!!!! Mas ainda há tempo para acreditarmos em nos. Você é sensacional!!! Abraços
ResponderExcluirOii
ResponderExcluirHoje eu estava vendo seriado quando me lembrei dos blogs que eu amava anos atrás....
E este foi um desses... que saudade!!!
E minha surpresa que está atualizado!!!
Oi, Gabi! Sigo aqui, atualizando com menos frequência do que gostaria, mas continuo. Que bom saber que você gostava do blog! Muito obrigada e um beijo!
ExcluirCapricho me dá gatilhos horríveis, aquelas meninas de barriga de fora magérrimas.
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